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Aramis

As cobras de Zé do Caixão.

São muitas as estórias que enriquecem o folclore do mefistofélico José Mojica Marins, ou seja o incrível Zé do Caixão. Homem de origens humildes, tendo apenas concluído o curso primário, autodidata e intuitivo em suas bolações de terror tupiniquim, tem enfrentado períodos de vacas magríssimas para realizar suas fitas, pois embora algumas tenham tido sucesso de público, os lucros foram sempre parar nas mãos dos produtores e distribuidores, pouco restando para si. Leitor de historias-em-quadrinhos, já tendo inclusive editado uma publicação com terríveis histórias do sobrenatural com o seu personagem Zé do Caixão - e que parou no 10o número devido a intervenção da Censura, Mojica Marins sempre teve obsessão por cobras, aranhas caranguejeiras e outros répteis peçonhentos - sendo inclusive um de seus projetos criar um grande ofidiário ao lado de seu estúdio, na Moca, em São Paulo - para o que recolherá espécimes de todo o País, inclusive, naturalmente, de Curitiba. São famosos os testes que José Mojica Marins submete aos garbosos jovens e esperançosas moçoilas, alunos de sua Academia de Arte Dramática, ou autodidatas, que pretendem um lugar ao Sol em seu cinema. Ao invés da simples leitura ou interpretação de um texto, os candidatos a aparecerem nas suas fitas de horror, tem que ter extraordinária coragem e muito sangue frio, pois entre outras provas, está a das moças permanecerem despidas - ou apenas de biquíni, entre cobras e aranhas. O cineasta justifica tais exigências: em "Esta Noite Encarnei Em Teu Cadáver" teve grandes prejuízos, quando a atriz principal abandonou as filmagens, por não querer dividir a interpretação de uma importante seqüência com 300 aranhas caranguejeiras. Assim, hoje, Mojica Marins não inicia um filme sem antes saber que seu elenco está disposto a enfrentar qualquer réptil. Conta ele que, em seus quase 20 anos de carreira, houve apenas um acidente: na filmagem de "O Estranho Mundo de Zé do Caixão", uma atriz caia num poço com 180 cobras e uma jibóia a estrangulava. Do alto do poço, a equipe se entusiasmava com a interpretação corajosa da jovem interprete, quando o próprio Mojica começou a preocupar-se com o excessivo realismo não teve dúvidas: pulou no poço e libertou a jovem, que estava, na verdade sendo estrangulada pela gigantesca jibóia. Explicação de Mojica, quando lhe perguntaram se não temia ser mordido pelas outras cobras que estavam no poço. - Não há risco: elas sempre trabalham com bocas fechadas com durex...
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
4
08/01/1975

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