Login do usuário

Aramis

A Cocaco sua época & sua gente

Para esclarecimento aos navegantes: a bela exposição "20 anos depois...", inaugurada há uma semana, na galeria de arte Cocaco (Rua Comendador Araújo, 777) é alusiva às duas décadas em que a pioneira galeria de arte pertence à sra. Eugênia Kuratcz Petrius, pois, na verdade, como uma pequena galeria e loja de moldiras ela foi inaugurada em 1957 na Rua Ébano Pereira, 52, por iniciativa do então recém-formado engenheiro agrônomo Ennio Marques Ferreira, associado a um colega de repartição em que trabalhava, hoje extinta Fundação Paranaense de Colonização e Imigração. Alberto Nunes de Mattos. Mais tarde, Manoel Furtado - catarinense, e Loio Pérsio se associariam ao empreendimento, que era curtido de encontro de pintores escultores - como Paulo Gneco (hoje médico, radicado em São Paulo), Alcy Xavier, jornalistas como Sebastião França. Wilson Galvão do Rio Appa ( que depois se fixaria apenas na literatura e numa vida errante e distante das grandes cidades), e outras pessoas interessadas em cultura - como os advogados. Enquanto Rocha Virmond e Athos Abilhoa: Armando Ribeiro Pinto - um dos primeiros críticos regulares de cinema do Paraná, hoje aposentado do INPS. Dos pintores, ainda em exercício, dois dos mais fieis freqüentadores do núcleo original eram Fernando Velloso e Paul Garfunkel. Naturalmente, pouco a pouco, os grupos foram se sucedendo - e dezenas de nomes poderiam ser lembrados. Em termos históricos, a sala de exposições da Cocaco foi inaugurada a 7 de novembro de 1957, com "pinturas de Loio Pérsio de diferentes períodos e uma série de desenhos". O programa era de extremo bom gosto: desdobrado em 3 partes, trazia um desenho de Loio e um entusiasmado texto de Eduardo Rocha Virmond - por sinal dos retratados nos 12 óleos expostos, que mostravam também a esposa do diplomata Orlando Soares Carbonar, o advogado Athos Abilhoa e dois Ennio. Fernando Pessoal Ferreira, pernambucano de Recife, que havia chegado a Curitiba na metade dos anos 50, brilhado na imprensa por seus textos ferinos e inteligentes - inclusive a coluna "Venenoteca", na "Panorama" ( então em pleno apogeu editorial), poeta já com um livro publicado ("Os Instrumentos do Tempo"), dedicava um poema a Loio Pérsio, onde dizia: "Para compor o estranho, grave, breve. E aflito itinerário de um menino, tomou do azul a sua parte leve e às mãos soprou um mundo desatino. Uma fome de vespa" inquieto gume. Os olhos fez calados, sem surpresa. Que nada sabe a flor de seu perfume. Mas acendeu na boca mais tristeza. E pôs no rosto tão antiga dor, que, ao vê-lo, esqueceremos o franzino. Olhar a infância, o brinquedo. Acrescentou, enfim tragédia à cor. Aprisionado a saga de um menino. Suas roupas de sal, penumbra e medo". Fernando Pessoa Ferreira posteriormente se integraria ao staff de Ney Braga, candidado ao governo, e não só seria nomeado superintendente do Teatro Guaíra como indicaria seu amigo Ennio para a Diretoria de Assuntos Culturais, onde permaneceu por 8 anos, Fernando, em compensação, em 1963, após iniciar a movimentação do Guaíra - inclusive criando o curso permanente de teatro e o TCP - iria para São Paulo, onde hoje é editor-chefe da revista "Playboy" (ex-Homem), da Editora Abril. Ennio, após deixar o DAC, voltou à Secretária da Agricultura, onde dirigiu o setor de cooperativismo e posteriormente substituiu a Alfred Willer na presidência da Fundação Cultural até março último. Agora, é um dos principais executivos na Coordenadoria de Arte e Patrimônio Histórico da Secretária da Cultura e Esporte.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
07/06/1979

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br