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Com espetáculo-solo, Denise faz sucesso em Nova Iorque

A imprensa nacional, incluindo a televisão, abriu o justo espaço para registrar o sucesso internacional de Denise Stocklos. Em Nova Iorque, fazendo a estréia mundial de "Mary Stuart", da italiana Dacia Maraini (roteirista de filmes de Passolini e Marco Ferrari), dia 19 de fevereiro último no La Mamma E.T.C., em Greenwich Village, a temporada alcançou tamanho êxito que prevista para encerrar dia 1º de março último foi estendida. Êxito de público e crítica, ganhando elogios do "The New York Times", "Mary Stuart" é a peça que Denise sonha(va) em montar há quatro anos, desde que conheceu Dacia Maraini em Roma. Há quase dois anos, em Curitiba, Denise chegou a apresentar um projeto para tentar conseguir patrocínio do governo que permitisse a encenação do espetáculo (possivelmente com Fernanda Montenegro), mas o então secretário da Cultura, é claro, ignorou totalmente a solicitação, descartando qualquer possibilidade e Denise desistiu do projeto. Hoje, consagrada como não só a melhor mímica do Brasil - mas uma das melhores profissionais do mundo - ela se encontra em Nova Iorque, numa temporada em que reduziu os 4 papéis do texto original para apenas a sua interpretação, numa versão que mereceu entusiásticos aplausos a começar da própria autora, Dacia Maraini, que voôu aos EUA para assistir a estréia mundial. O texto foi traduzido para o inglês por Maurice McClelland, dramaturgo e diretor bastante conhecido na Europa e Estados Unidos, e Isla Jay, também responsável pela iluminação, fotografias e assistência de direção. Nascida no Recife, Isla Jay vive há 9 anos em Nova Iorque e já havia colaborado com Denise nas temporadas de "Um Orgasmo Adulto Escapa do Zoológico", de Franca Rame/Dario Fo e "Elis Regina", que ela trouxe a Curitiba no último dia 11 de novembro de 1986. Naquela ocasião, registrando o espetáculo nesta coluna ("Denise/Elis, o canto do gesto"), afirmamos que "após assistir 'Elis Regina' fica uma válida hipótese: se algum diretor de mínima visão e sensibilidade assistir algumas das apresentações que Denise estará fazendo no Teatro La Mamma, no Greenwich Village, em Nova Iorque, em breve, não se surpreendam se a carreira desta artista paranaense passar a ter os Estados Unidos como eixo. Afinal, hoje Denise é uma artista completa, dominando uma técnica dificílima e que com a sua experiência de atriz vinda dos tempos do grupo Escala, em Curitiba, a fazem uma performer-woman capaz de vencer frente a qualquer platéia do mundo". Menos de cinco meses depois, nossa previsão começa a se concretizar: o elogio da crítica (especialmente de D. J. R. Bruckner, do "The New York Times") vale como um passaporte para o êxito da Broadway, onde Denise pode chegar antes do que ela mesmo esperava. xxx Denise fez a adaptação para espetáculo-solo, criação e direção de "Mary Stuart", em cuja trilha sonora incluiu, nacionalisticamente, "Aquarela do Brasil" (Ary Barroso), "Maria Maria" (Milton Nascimento), "Bachianas nº 5" (Villa Lobos), ao lado de "Superman" (Laurie Anderson) e três temas clássicos: "Letter to Elisabeth" (Robert Schumann, sobre palavras de Mary Stuart), "Anna Bolena" (Donizetti) e "Germain Requiem" (Brahms). xxx O La Mamma E.T.C., localizado na Rua 74, está comemorando seus 25 anos de existência, com a programação que inclui a apresentação de vários espetáculos de vanguarda, como "Circus" de Huck Snyder, "Black Maria" de John Jesurun e "Sleepless City" de Françoise Kourisky em abril próximo (agora em março, ali se realiza o Twitas Festival). Nesses 25 anos, o La Mamma, dirigido por Wickham Boyle, produziu 1.392 shows, projetou "19 milhas" de filmes (sic), com textos de 690 autores e um total de 14.025 artistas passando por seus palcos - e mais 816 dançarinos. Aberto a shows e peças de todo o mundo, funcionando com 255 noites de shows por ano em 4 diferentes espaços, recebeu neste período 114 companhias internacionais. Funciona com um terço de recursos próprios (venda de ingressos), um terço de subvenções oficiais e o restante mantido por patrocinadores da iniciativa privada.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
17
10/03/1987

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