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Aramis

Com Martin, os engenheiros querem reforma na política

As previsões (otimistas) indicam que haverá de 600 a 900 candidatos sonhando com uma vaga na Assembléia na próxima legislatura - não apenas por idealismo, mas considerando que a remuneração, em 1991, já terá passado dos Ncz$ 500 mil - a não ser que os sonhos coloridos de conter a inflação se transformem em realidade. Pessimistas dizem que os candidatos passarão da casa dos mil - só no âmbito do Legislativo estadual - e uma campanha ficará na casa dos muitos dígitos. Assim, é mais do que natural que, tanto os felizes ocupantes das vagas em nosso Legislativo que pretendem ali continuar - não se sabe como - quanto os que desejam aproveitar os prováveis ventos renovadores para ascender ao poder Legislativo, estejam em campanha. Ostensivas, em alguns casos, discretas em outros. Como os chamados homens da latinha - designação que revela um certo preconceito aos radialistas que, nos últimos anos, vêm se mostrando bons de voto - têm um marketing relativamente econômico, mesmo os que não são do ramo estão buscando espaços radiofônicos. É o que fez o próspero empresário e corretor de imóveis Nelson Justus, de Ponta Grossa. Nas últimas eleições já havia tentado uma vaga na Assembléia mas ficou em longíqua suplência - mesmo com um pesado investimento de campanha. Agora está investindo num programa radiofôncio, que vem apresentando diariamente. Naturalmente, num espaço autopatrocinado na Difusora 590 (ex-Ouro Verde), que tem aberto sua programação para produções políticas. xxx Preocupados em terem um representante na Assembléia, com sólida formação técnica, desligado de grupos ou de vícios do velho partidarismo, os engenheiros rodoviários estão apoiando o nome de seu colega Martin Roeder, 48 anos, atual diretor do Decom - Departamento Estadual de Construção de Obras e Manutençaão, da Secretaria da Administração. Engenheiro da turma de 1966 da Universidade Federal do Paraná, duas décadas de trabalhos no Departamento de Estradas e Rodagem - período em que ocupou diversas funções, Martin Roeder adquiriu prestígio do bom tocador de obras, que o levou a ocupar cargos de importância dentro da Secretaria dos Transportes e, na atual administração, no Decom. Um dos méritos que o credenciou a ser lançado como candidato à Assembléia Legislativa é justamente a sua preocupação de que os políticos tenham sua influência nas indicações técnicas devidamente contidas. Ou seja, mesmo respeitando a importância da classe política, a administração técnica não pode ficar sujeita aos humores e apadrinhamentos de deputados & correlatos que, muitas vezes, visando apenas interesses pessoais procuram influir na escolha (e substituições) de ocupantes de cargos técnicos, especialmente, nas chefias de escritórios de fiscalização, residências e outras unidades administrativas de várias pastas - e mesmo órgãos federais - em municípios no quais os parlamentares, sem perceberem que os tempos mudaram, pretendem exercer o coronelismo do chamado comando político. Nos três anos em que se encontra na direção do Decom - órgão que executa obras em vários pontos do Estado, Martin procurou, resitindo a pressões de várias origens, dar aos engenheiros de sua confiança, condições de desenvolverem trabalhos seguros, sem o temor da perda dos cargos por influências de políticos eventualmente contrariados. Tanto é que as chefias do Decom só são ocupadas por engenheiros da casa, com o mínimo de dois anos de experiência - e que tenham provado competência técnico-administrativa - somado, é claro, a uma diplomacia e jogo-de-cintura que possibilite-os conviver no pantanoso campo da administração. xxx Por ser um profissional de origens rodoviárias - com uma boa folha de trabalhos prestados ao longo destes anos em que atuou no Departamento de Estradas de Rodagem, Roeder foi indicado pela Associação dos Engenheiros do DER como candidato à Assembléia - devendo integrar a chapa do PSDB. Agora vem acelerando um processo de aproximação com lideranças nas áreas de engenharia de outros órgãos - inclusive federal, aqui atuantes, para costurar apoios que o levem a ter apoio mínimo de 20% do pessoal que atua na área da construção e manutenção rodoviária - calculado hoje em termos de 120 mil pessoas - suficiente para eleger, teoricamente, mais do que dois deputados. Além de buscar o Instituto de Engenharia do Paraná - que, naturalmente, procura-se manter distante de um apoiamento oficial, já que vários de seus associados estarão apresentando-se como candidatos, Martin Roeder também tem se aproximado da poderosa categoria dos empreiteiros de obras públicas. Numa reunião com os mais poderosos da área, num ambiente infomal, fez até um consideração bem humorada: - "Se vocês me apoiarem, como engenheiro rodoviário que sou, torna-se inclusive mais econômico: afinal, normalmente, são dezenas de candidatos que buscam recursos junto aos empreiteros para suas campanhas - e raros aqueles que sabem de fato dos problemas rodoviários do Estado".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
19/01/1990

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