Com o projeto Afro a volta do Reggae
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 14 de junho de 1987
Mais rapidamente do que se poderia imaginar, o Projeto Afro deslancha. Nem bem chegaram nas lojas os primeiros discos de instrumentais, compositores e intérpretes da África, lançados através da RCA e, especialmente pela WEA, esta segunda já traz um segundo pacote - desta vez incluindo também Bob Marley and the Wailers, já que sua proposta é mais abrangente, sem limitações continentais.
Maurício Valadares, convidado a escrever o release de apresentação dos três novos lançamentos - Marley, Linton Kwesi Johnson e Ini Kamoze - principia por lembrar que nenhum outro rítmo influenciou tanto como o reggae. Da Jamaica nos anos 60 ele espalhou-se internacionalmente - através de estrelas como Jimmy Cliff, U. Roy, The Wailers, grupos Heptones, Upsetters e outros. Enquanto o empresário Chris Blackwell, da gravadora Island, sabia, astutamente, comercializar o novo filão, no Brasil, Gil em 1979 gravava o seu hoje clássico "No Woman, No Cry", fazendo com que Marley se tornasse popular em nosso país - enquanto os discos de reggae eram lançados às mãos cheias. Cliff fez uma tournée com Gil e, em março de 1980, Marley (que morreria logo depois), também veio ao Brasil.
O reggae entrou posteriormente num período de esfriamento. Agora, seis anos após a morte de Bob Marley, dentro do projeto Afro, com edições da Island, chegaram três lançamentos "para oferecer o que há de melhor na música jamaicana".
Linton Kwesi Johnson (Reggae Greats) - mostra seu estilo como poeta. Jamaicano radicado na Inglaterra desde os 11 anos, engajado nos movimentos políticos das minorias raciais. Há 10 anos gravou seu primeiro LP ( "Dread, Beat and Blood") e, em 1979, fazia "Forces of Victory", aos quais se seguiram "Bass Culture" (1980) e "Making History" (1984). Destes três elepês foram extraídas as faixas para este elepê de Linton, que busca unir o tradicional do reggae através de arranjos aos estilos mais modernos de cantar quase falado dos novos intépretes jamaicanos.
Ini Kamoze - é identificado segundo Valadares, como o que há de mais moderno no reggae atual. Em "Pirate", Kamoze, acompanhado da dupla Sly Dumbar (bateria) e Robbie Shakespeare (baixo) se utilizando de avançada tecnologia para apresentar um som dançante.
Finalmente, temos a coletânea "Rebel Music" com Bob Marley And The Wailers. Em dez faixas estão condensados seus pensamentos vitais sobre a opressão imposta aos negros e a necessidade de retorno a África. Um disco de preocupações políticas, acompanhado de um texto de Neil Spencer sobre Marley.
LEGENDA FOTO 1 - Bob Marley: antologia.
LEGENDA FOTO 2 - Linton: reggae social.
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