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Aramis

Com o seu som brasileiro Bamerindus faz seu brinde

Quinta-feira falamos em brindes fora de série - livros e discos, em edições especiais, que grandes grupos empresariais estão adotando para presentear amigos, clientes e fornecedores. Deixamos, naquele registro, de falar num trabalho especial - e que merece um destaque à parte: o disco-álbum que a Umuarama Publicidade, a house-agency do Bamerindus, começou a distribuir apenas nesta semana - e que está valendo ao publicitário Eloy Zanetti inúmeros cumprimentos - e desde já candidato forte ao troféu Colunistas, edição 1981/82. xxx A história deste disco-brinde é longa e merece ser recordada. Há mais de 5 anos, numa das mais felizes (e premiadas) campanhas institucionais, a Umuarama - então ainda dirigida por Sérgio Reis (hoje diretor de marketing do Bamerindus) aprovou a idéia de Teresa Souza, do Nosso Estúdio, para levar mensagens locais a todas as cidades onde o "Banco da Nossa Terra" tem agências. Falando de Bairros, personagens e coisas de cada cidade onde já chegou o Bamerindus, com uma narração emoldurada por uma trilha sonora emocionante, criada pelo violonista e compositor Walter Santos, a campanha do Bamerindus conquistou brasileiros de todos os quadrantes e foi uma das muitas boas obras que ajudaram o Nosso Estúdio, de Walter e Teresa, a ser considerado "o estúdio da década", pelos colunistas de propaganda. A campanha institucional alongou-se por mais de 4 anos, sempre chegando a novas comunidades - valorizadas, assim, em músicas e textos. Em 1977, quando Sérgio Mercer substituiu a Reis na direção da Umuarama, houve a idéia de reunir os temas musicais da campanha, bem como outro jingles marcantes e produzir um álbum-brinde. Até então, o Bamerindus vinha financiando, anualmente, o disco-documento com a narração dos fatos mais importantes de cada ano, nos noticiários da rádio "Jornal do Brasil". O disco começou a ser planejado: Walter Santos fez os arranjos. Teresa convocou os melhores músicos para a nova roupagem dos jingles e Poty Lazarotto foi escolhido para fazer a arte da capa do disco. Dois jornalistas ligados [à] comunicação - José Eduardo Homem de Mello, o Zuza, d'"O Estado de São Paulo" e da Jovem Pan e Paulo Maia, crítico de TV do JB, foram contratados para fazerem textos. Entretanto, embora pronto, o disco não saiu. Em 1979, Sérgio Mercer deixou a direção da Umuarama para assumir a presidência da Fundação Cultural de Curitiba e passou o cargo para seu amigo Eloy Zanetti. Este entusiasmado com o projeto do disco do "Som Brasileiro do Bamerindus", o imaginou como brinde ideal, mas durante dois anos, por várias razões, não pôde finalizá-lo. Este ano, finalmente, num investimento dos mais felizes, o álbum foi concluído e agora chega às mãos de algumas milhares de pessoas. xxx O Clube de Criação do Rio de Janeiro, com ajuda de Paulo Tapajós - presidente da Associação de Pesquisadores da MPB, e que por durante 40 anos esteve ligado [à] Rádio Nacional, trabalha num projeto magnífico: um álbum duplo com a história do jingle no Brasil. Enquanto este projeto não é concretizado, o Bamerindus faz um lançamento que se destina [à] história de nossa discografia: um disco onde ao invés das canções populares que foram aproveitadas em jingles, em arranjos dos mais encorpados são agora apresentados como num suíte, em louvor às duas grandes metas do banco, o binômio homem-terra. Como diz Zuza, logo a primeira música é interpretada por um caboclo que tem a foz de terra, da mesma terra que ele cultiva no Nordeste e com a qual convive intimamente nas suas escapadas da vida artística: Luiz Gonzaga, acompanhado por seu conterrâneo, o acordeonista Dominguinhos. O tema seguinte, exposto inicialmente pelo misterioso oboé, seguido por flauta cordas e trompa, tem o clima plácito da soberania acolhedora da árvore, produto da terra. Tanto este, quanto o primeiro são orquestrados por Luiz Roberto. O orquestrador do 3º tema - NATAL - é um dos mestres brasileiros, o admirável Luiz Arruda Paes, que reafirma seu conhecimento de instrumentação, ao designar para a sua exposição o sax-soprano, um instrumento que em determinada região assume uma sonoridade profunda e romântica. É justamente a que é aproveitada no solo por Balão. Todas as composições são de Walter Santos, baiano de Juazeiro - mesma (boa) terra de Mieccio Caffe e João Gilberto, seus amigos de infância. Nelson Ayres, pianista e maestro - fez nesse arranjo um bonito entrelaçamento de linhas melódicas entre piston (Buda), sax-alto (Costita) e trombone (Biu), lembrando por vezes o conjunto de jazz de New Orleans. A flauta chorada prenuncia "Vinte e Cinco Anos", um delicioso choro que se desenrola no jogo entre o bandolim de Evandro e a flauta de Carlos Poyares. A primeira parte em modo menor, abre alas para a segunda. O lado B abre-se com "Um Grande Abraço", provavelmente o mais conhecido jingle do banco. A seguir, "Amanhã, com certeza", um tratamento de dança do século passado, que termina num tom marcial, quase guerreiro. A trompa e as cordas, preparam a alegre exposição do tema pelas flautas em "Viver a Vida", mais um arranjo de Luiz Arruda Paes, que se derrama depois por entre cordas. Outro choro e novamente Luis Gonzaga em "Erosão", encerram o disco. Na mensagem do meio do baião uma lembrança sobre o perigo que deve ser combatido para o triunfo do homem da terra sobre a terra do homem. xxx O álbum "O som brasileiro do Bamerindus" é perfeito. Um documento sonoro gravado com os melhores músicos, temas que adquirem uma nova dimensão nos arranjos e cuja arte-capa foi criada por Mirandinha. Os desenhos em preto-e-branco originais de Poty - também belos - foram abandonados, pois Zanetti preferiu cores mais fortes para esta mensagem sonora de fim de ano.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
7
27/12/1981

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