Compositores
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 11 de julho de 1976
Quando apareceu o primeiro elepê de Marku, há 3 ou 4 anos, muita gente pensou que se tratasse de um artista estrangeiro: alto, preto, cantando num estilo afro, houve pouca repercussão de seu trabalho. É bem verdade que o próprio Marku não se interessou muito em catituar o disco, pois logo depois retornava a viajar pelas Antilhas e África. Agora, a mesma Copacabana, através de seu selo Underground, lança um novo disco de Marku, acrescentando no encarte que acompanha o lançamento o sobrenome do artista um brasileiríssimo Ribas.
Marku é um percussionista, compositor e cantor com um balanço que lembra Jorge Ben. Tudo bem, isso já é suficiente para em termos comerciais, animar a Copacabana a investir em seu talento. Investimento traduzindo inclusive nas excelentes condições que Marku teve de gravação, com a participação de instrumentista como (João) Donato, Paschoel (bateria) Hermes (tumba), Copinha, Jorginho, Jaime e Oberdan na flauta; Ed Maciel, Gesse e Manoel Araujo no trombone, Macaé, Zé Budega e Luizinho no sax-tenor, Aurino no sabarítono. Gravado de 9 de outubro a 15 de janeiro de 76 no Level Cine Studio (inaugurando este novo estúdio) Marku teve ainda a participação do conjunto Nosso Samba, e, nas vozes a colaboração de Miucha. A produção (que ele também assina) foi bastante esclarecedor, pois trabalhando com influências folclóricas e preocupando-se principalmente com o som, Marku alcança resultados curiosos - pouco poéticos mas de muito balanço em algumas de suas músicas, numa das quais teve inclusive a colaboração deste extraordinário instrumentista que é Donato ("Kaçuada"). E muitas faixas, ouve-se ao piano Tenório Junior, músico, brasileiro, desaparecido em março último, quando se encontrava em Buenos Aires, acompanhando Vinícius e Toquinho. Este Lp de Marku é no mínimo curioso. E, desta vez esperamos que Marku resolva viajar pelo Brasil esclarecendo melhor o seu trabalho.
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