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Aramis

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Na primeira metade dos anos 60, os grupos instrumentais-vocais se multiplicaram de uma forma impressionante. Mas a quantidade resultou em qualidade que, infelizmente não teve continuidade. O Zimbo Trio, exclusivamente instrumental, só se manteve unido devido a ligação empresarial, na CLAM - Centro Livre de Aprendizagem Musical, hoje com uma etiqueta alternativa destinada a produzir elepes de músicos de valor (Sebastião Tapajós, Maurício Einhorn, etc.). O Tamba Trio, pela terceira vez reunido, tenta fazer um elepe alternativo, mas sem pressa. Entretanto, a formação de grupos de músicos e vocalistas continua a ser tentada. Quatro discos dão exemplos diversos. Em primeiro lugar A cor do Som, escolhido com 1.778 votos pêlos leitores da "Playboy" (outubro/80) como o melhor grupo vocal/instrumental é um exemplo de fusão do tradicional as influencias do choro e do trio elétrico, familiarmente presente no grupo, com o rock. "Transe Total" (WEA) é o melhor momento deste grupo que já participou do festival de Montreaux é integrado por Armandinho (guitarra/baiana), Um (teclados), Gustavo (bateria), Dadi (baixo) Ary (triângulo) - e mais a participação especial do acordeonista Oswaldinho, vive hoje um excelente momento. "Danças das Fadas" e "Bruno e Daniel", composições de M u -também solista, estão entre as faixas mais marcantes, momentos da confirmação do talento deste conjunto que merece o êxito que vem obtendo. Ligados ao grupo mineiro, mas cada um com sua própria cabeça, o 14 Bis já impressionava em seu LP anterior, reforçando agora os créditos em " 14 Bis II"(Odeon). Só o apoio de Milton Nascimento na faixa de abertura -a explendida "Bola de Meia/ Bola de Gude"(letra de Fernando Brandt), torna recomendável sua audição. Flavio (Vermelho, Magrão, Hely, Cláudio e Tavito, integrantes do 14 Bis se ajustam perfeitamente nesta canção, de uma letra nostálgica, lírica - e com a harmonia que só Nascimento sabe dar. Mas os próprios integrantes do grupo são compositores de força, ("Bis", instrumental, "Nova Maranhão", parcerias com Vermelho/Yavinho Moura); "Pra Te Namorar", "Carrossel", "Esquina de tantas Ruas", "Pedras Rolantes"), fazendo as faixas passarem agradavelmente, com um ajuste que nos leve a destacar, o 14 Bis como uma das grandes confirmações de talento neste ano. Agradabilíssimo também o som do Acordel (RCA), primeira concretização real, no disco, de trabalhos musicais surgidos na periferia de São Paulo há seis anos. Formado por 7 jovens - Hilton Accioly, Claudir Franciatto, Stefan Mantu, Teco Fuchs, Júlio Moschen, Cida de Souza e Sandra Marina, o Acordel se identificam como "artistas que procuraram bairros distantes para desenvolver um trabalho quando a censura era mais rigorosa". Acioly, ex-parceiro de Vandré, é compositor e o nome faixas mais marcantes, mais conhecido do grupo, momentos da confirmação transmitindo fortes traços do talento deste conjunto políticos em algumas faixas que merece o êxito que vem como "Amanhecerá" (parceria com Stefan/Claudir), muito cantada em movimentos pela Anistia, ou ainda "Brasileira", homenagem à Flávia Schlling, brasileira que ficou anos presa em cárceres uruguaios. Mas o Acordel" não fica na demagogia política: é competente vocal e instrumental neste e nas 11 faixas deste elepe chegam a lembrar os melhores momentos da musica com ideais. Mas só que feita com competência e honestidade. Sem a profundidade social do Acordel, Flor de Cactus (RCA) também busca uma linha brasileira, gravando por exemplo Dominguinhos/Climerio ("Aridez"), Geraldo Azevedo/Carlos Fernando ("Espiral do Tempo), e até retornando ao hoje desaparecido Guttemberg Guarabyra ("Ribeirão"). Mas a maioria das faixas é da dupla Babal/Enoch, identificada ao grupo, formado por Etel, Chico, Chagas, Neguinho, Mingo e Nando.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Jornal da Música
26
26/10/1980

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