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Aramis

Crescimento da imprensa especializada no Paraná

Nos anos 60 havia a imprensa alternativa - contestatória e undigrudi, na época do flor & amor - sem compromissos com o êxito comercial. Hoje, há uma imprensa que deseja substituir a conotação hippie pela otimização do yuppie - buscando segmentos especiais de público, geralmente com iniciativa de jornalísticas que tentam passar a editores, as publicações vem se multiplicando. Em Curitiba, vários exemplos tem acontecido. Argentino Garcia, 30 anos, paranaense de Quarto Centenário, depois de ter passado por quase todas as redações da cidade, criou "Meio de Comunicação - o jornal de fonte segura", que com excelente apresentação, cobrindo várias capitais quer disputar, "uma pequena fatia" do mercado que a "Meio & Mensagem" e, especialmente a revista "Imprensa" vem abrindo com sucesso. Com apoio executivo de Neide S. Palmero e Airton Vivian na redação, representativos em várias capitais, "Meio de Comunicação" tem uma pauta nacional aberta a todos os segmentos da comunicação. O número 4 circulou há duas semanas. xxx Com a experiência de ex-chefe de Gabinete do Tribunal da Alçada na administração do (ex)juiz Luís Gastão Franco de Carvalho (agora secretário da Administração) o jornalista Luiz Gonzaga Mattos, 38 anos, 17 de imprensa, ex-"Gazeta do Povo", lança pela Ponte de Comunicação Empresarial um veículo com amplas possibilidades de sucesso: "Judicialis". Com circulação dirigida de 10 mil exemplares atingindo magistrados, serventuários da Justiça, delegados de Polícia, procuradores, prefeituras e, naturalmente advogados. Em formato tablóide, 16 páginas, excelente bom tratamento redacional (o primeiro número aborda os 100 anos do Tribunal da Justiça) e a retomada das obras do Fórum de Curitiba, iniciadas em 1982 e paralisadas desde 1988), "Judicialis" pode emplacar como um bom veículo de circulação para uma faixa muito especial de leitores. xxx "Expressão da Cidade" já circulando há vários meses, com a experiência de quatro jornalistas vindos de órgãos importantes - Hélio Teixeira (ex-"Veja"), Ruth Bologne (ex-"Jornal do Brasil"), Ivan Bueno (fotógrafo de belo curriculum) e Pedro Franco (também ex-"Veja", ex-"Estado de São Paulo") tem uma mídia boa e circulação crescente - distribuído nos ônibus expressos. A intenção dos editores é consolidar esta primeira edição - "Expresso Sul" - e ampliar para outras zonas da cidade, sempre com um tratamento popular de fatos de interesses das classes mais humildes. Por enquanto, seus editores ainda não se animaram a criar um novo jornal - já sugerido - com o nome de "Ligeirinho". xxx Já Ernesto Dias dos Reis Filho preferiu abranger um circuito mais amplo e assim vem editando "A Voz da Vizinhança". Aliás, no setor de jornais de bairros - que em São Paulo deram certo mas por aqui não emplacaram - o vereador Jair Cezar do PDT, vem conseguindo manter com regularidade o tablóide "Nossa Folha", destinado à comunidade do Grande Bairro Alto (Conjunto Colina Verde, Higienópolis, Sacre Coeur, Paraíso e Tarumã) que com tiragem de 20 mil exemplares, tem na sua auditoria a jornalista Thaisa Marques Teixeira. Para um segmento especial, o veterano jornalista, Dias Leite, já conseguiu chegar ao sexto número do mensário "Todos os Esportes". Dias Lopes tenta, com apoio de Ary Teodoro Correia e Rodrigo Desconsin, reviver o espírito de cobertura esportiva que, nos anos 40/50 chegou a ter um diário marcante - o "Paraná Esportivo" de Muggiatti Filho. xxx Em áreas de serviços, publicações de retorno certo parecem também ter emplacado: "Sua Chance-Empregos", editada por Nadia Schiavinatto e "Alô Negócios" com marketing muito próprio - e uma faixa de consumo imediatista aos interesses dos seus leitores. Voltada apenas ao mercado feminino, de consumismo na faixa dos shoppings e boutiques, Danilo D'Avila, publicitário com passagens em várias promoções, criou "Mulher Weekends News", que além da distribuição dirigida está sendo também vendida (Cr$ 250,00) nas bancas. Entre house-organs, são dezenas as publicações, com maior ou menor irregularidade, mantém categorias informadas de suas áreas. Uma das mais constantes é o "AERP Informa", boletim da Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná, que há 83 meses tem uma circulação ampliada, com produção, composição e comercialização de Gilberto Camuro, 50 anos, radialista desde os anos 50 e que sempre diversificou suas atividades entre o microfone - dono de bela voz - com iniciativas publicitárias. xxx Já tendo recebido os principais prêmios nacionais em sua categoria - informação rural - o "Jornal de Serviço COCAMAR" editado pela Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas de Maringá, é hoje um jornal consolidado. Em formato standard, 12 páginas, circulação ampla, direção de Rogério Rocco, que comanda uma equipe de seis profissionais. xxx Entre os jornais editados em Curitiba em língua estrangeira - e que até antes da II Guerra Mundial eram inúmeros, especialmente atingindo a comunidade alemã - sobreviveram publicações destinadas as colônias ucraniana e polonesa. Para esta o "Lud-O Povo", fundado há 71 anos - chega, aos seus assinantes há 4.211 números. Recentemente foi reestruturado, com novo formato e com sua editoração dividida entre o padre Jorge Morkis (em língua polonesa) e Miescieslau Surek (português). xxx Publicações culturais alternativas merecem um comentário a parte - tantas e diversificadas são. A última experiência de concorrer na área foi feita por Thomé Sabbag Filho e Felix Rego Neto, que lançaram "Enigma", voltado especialmente a temas esotéricos e fantásticos (o material principal, no primeiro número é sobre "Satã está de volta!"). Falando, aliás, em jornalismo cultural um registro que se faz necessário. Vladimir Araújo, que em sua juventude foi diretor da então ativíssima Sucursal do Paraná da "Última Hora", é hoje o editor do excelente "D. O. Leitura", produzido pela Imprensa Oficial de São Paulo, uma das melhores publicações culturais do país. Em Porto Alegre, dois jornais que estão conseguindo sobreviver bem, voltados também à área cultural: o "Jornal do Nativismo", dirigido por Paulo de Freitas Mendonça e Salete Maria Mattie e o "Jornal da Noite", de Danilo Uchoa - uma das melhores cabeças do jornalismo gaúcho, também editor especial da "Zero Hora". xxx Apesar do título - "Rodo News", não se trata de um órgão rodoviário. É, isto sim, o "Jornal da Cidade Sorriso", editado há dois anos, semanalmente, com 16 páginas, formato tablóide e recheado de anúncios. Com circulação dirigida - distribuído no Mercadão do Automóvel, Shopping Mueller, Parque Barigui e Centro - tem direção de Luiz Fabrício e como editor responsável o jornalista Luiz Augusto Juk. xxx Por último: circulou o número zero de "Jornal de Domingo", da Editora Jornal da Indústria & Comércio, que tem como redatora-chefe a jornalista Cecília de Cristo Garçoni. Em formato standard, 46 páginas, vai concorrer na faixa de leitura dominical - que, na área, só conta com o "Curitiba Shopping", fundado por Bayard Osna há 15 anos e hoje editado por Edson Soares. Segundo Odone Fortes, dono da editora, o "Jornal de Domingo", adquirirá regularidade dentro de 90 dias.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
20
22/08/1991

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