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Aramis

As danças de Granados e "Zarathustra" na íntegra

O catálogo de música erudita da Polygram é enriquecido a cada mês com novas edições importantíssimas. Dois exemplos: "Granados/ Danzas Espanholas" com Alicia [De] Larrocha (London/Decca Record) e "Also Sprach Zarathustra", com a Orquestra Sinfônica de Boston, sob a regência de Seizji Ozawa, tendo Joseph Silvestein como solista no violino (Philips/ Polygram). Nos ensina o bom amigo e erudito Carlos Vergueiro, de "O Estado de São Paulo" e Rádio Eldorado, que Enrique Granados Y Campiña nasceu em Lerida, em 1867, e morreu vítima de naufrágio, com sua mulher, quando o navio Sussex, foi torpedeado por um submarino alemão, na travessia do Canal da Mancha. O casal Granados Y Campiña voltava dos EUA, onde foi encenada no Metropolitan, em 1916, uma ópera baseada em "Goyescas", obra de 1911, na qual Granados se inspirou em quadros de Goya. Granados pode ser considerado, com Albeniz, criador de uma escola espanhola moderna. Granados, diz Vergueiro, exprime-se com tal vocabulário e uma tal sintaxe, desenvolvendo uma invenção harmônica de grande refinamento, fundada num sentimento de grande generosidade e poder emocional. ["]Graças a ele, a música espanhola atinge pontos altos, projetando-se no cenário internacional ao lado de obras-primas nacionalistas". Suas "Danças Espanholas" são obras compostas entre 1892 e 1900, pertencendo, portanto, ao grupo composições mais antigas do autor. Neste disco agora editado no Brasil temos 12 "Danças Espanholas" que, completas, formam quatro cadernos. Alicia De Larrocha, importante pianista da atualidade e que já havia gravado as "Goyescas" - originalmente editada no Brasil pela Odeon (quando esta representava a Decca inglesa) e, recentemente, reeditada pela Polygram, é a intérprete ideal para as composições de Granados. Com sensibilidade rara e grande senso de musicalidade, Alícia possui técnica dominadora, fraseado inteligente e nunca deixa de lado o salero das danças espanholas ou a melancolia e a saudade que sentimos, não se sabe de que, quando ouvimos certas melodias de influência oriental que possui a música da Espanha. Um disco magnífico - que, como disse o especialista Vergueiro, encontra-se entre os melhores lançamentos eruditos deste ano. "Also sprach Zarathustra" foi o quinto dos nove, poemas sinfônicos que Richard Strauss (1864-1949) compôs em 1896, entre fevereiro e agosto. Strauss indicou cuidadosamente, em um subtítulo, que era apenas "livremente baseado em Nietzsche". Para o grande público, "Also sprach [Zarathustra]" em sua monumental abertura, ficaria ligada às imagens fantásticas que Stanley Kubrick imaginou, há 15 anos passados, na abertura de sua obra-prima "2001 - Uma Odisséia no Espaço". A população que a trilha sonora de "2001" obteve, na utilização que Walter (hoje Wendy) Carlos fez, mesclando os sons dos sintetizadores (moog) ao "poema sinfônico" de Strauss, provocou que "Assim Falou Zarathustra" acabasse até tendo um arranjo pop, que enriqueceu o brasileiro Eumir Deodato nos EUA (onde vive há mais de 16 anos), mas que acabou lhe custando um processo dos herdeiros de Strauss. Agora, quem desejar conhecer essa obra completa de Strauss, na interpretação de uma das melhores orquestra do mundo - a Sinfônica de Boston e tendo como regente o japonês Ozawa, 48 anos, há esta preciosa gravação digital, que a Polygram edita no Brasil.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Música
29
26/06/1985

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