Login do usuário

Aramis

De Bonna ganha o álbum que sua arte merecia

Se a vida editorial no Paraná continua ainda fraca, longe da pujança de um Rio Grande do Sul, por exemplo - algumas luzes se acenderam no túnel cultural. Por exemplo, a editora Scientia et Labor, da Universidade Federal do Paraná, transformou-se de sonho em realidade - conforme registramos em outro texto desta mesma coluna. E na área de livros de arte, temos algumas publicações dignificantes, sem contar que desde que a Casa de Idéias encontre apoio, o talento do Mirandinha ajudará a fazer com que publicações do mais alto nível ganhem forma neste ano. Após os belíssimos álbuns sobre Foz do Iguaçu (edição Bamerindus), a Ilha do Mel (fotos de Helmuth Wagner, ainda não lançado oficialmente), temos agora mais duas importantes obras da melhor qualidade: "Do Colecionismo Gráphica", com gravuras de Orlando Da Silva (edição da Secretaria da Cultura do Paraná, lançamento no próximo dia 28 de março no Museu de Arte Contemporânea) e "De Bonna - um exercício de Criação" (69 páginas, edição encadernada, Scientia et Labor - Editora da Universidade Federal do Paraná, lançamento no dia 13, no hall da Secretaria da Cultura). Enquanto o prometido livro-álbum em homenagem a Guido Viaro não é concluído (Miran trabalha no projeto editorial), sobre esta obra que, felizmente, Theodoro De Bonna (Morretes, 11 de junho de 1904), apesar de gravemente doente, tem oportunidade de ver em vida, se constitui - e é impossível evitar o chavão - num dos mais bem acabados projetos editoriais desenvolvidos não apenas em termos regionais, mas com cacife internacional. Infelizmente, ao contrário do que foi feito com os livros-álbuns de Foz do Iguaçu (fotos de Orlando Azevedo) e Ilha do Mel, os textos não foram vertidos para o inglês, o que dificultará, sem dúvida, o entendimento da importância de Theodoro De Bonna para os estrangeiros, aos quais esta obra venha a ser oferecida. Isto, absolutamente, não reduz a importância de "Um Exercício de Criação", que entre dezenas de ilustrações a cores - documentando a trajetória da obra do pintor paranaense ao longo de mais de cinco décadas, oferece desde visões críticas - como o da professora Maria José Justino, até um amoroso depoimento pessoal do ex-discípulo e amigo do mestre do Nhundiaquara, João Ozorio Brzezinski (atualmente em férias na Europa), no qual, num estilo gostoso, mostra que não apenas sabe lidar com as cores e pincéis, mas também domina bem as letras. Como esta cara edição - cuja produção durou mais de dois anos - representa uma parceria Universidade/Secretaria da Cultura, o reitor Riad Salamuni e o secretário René Dotti assinam os textos de introdução. Extraídos de artigos e depoimentos, textos de artistas, críticos e jornalistas que convivem com De Bonna também, foram aproveitados: Ario Taborda Dergint, Ennio Marques Ferreira, Fernando Boni, Fernando Calderari, Menotti del Picchia, Otávio de Sá Barreto, Raul Rodrigues Gomes, Erasmo Piloto, Adalice Araújo, Alcídio Mafra de Souza, Eddy Franciosi, Nelson Luz, Flávio de Aquino e Ives Fontoura. De um longo depoimento do pintor De Bonna ao Museu da Imagem e do Som, em 27 de julho de 1970, foram extraídos trechos biográficos, mostrando sua carreira iniciada em Curitiba, sua vivência na Itália a partir de 1927, com saborosas intervenções sobre contemporâneos, muitos deles nomes famosos. O autor de "Curitiba, Pequena Montparnasse", também há este lado do artista ligado às letras. Tratando-se de um livro-de-arte, as ilustrações são o fundamento - e para isto graças ao apoio do Banestado, e a competência técnica da Digitus (composição), Estúdio Gráfico Fotolito e Pancron (impressão) - o resultado foi perfeito... Ennio Marques Ferreira, Airton Gonçalves Júnior (projeto gráfico, supervisão e arte final) e a artista plástica Estela Sandrini, ajudaram a realizar o belíssimo trabalho. Nomes que não podem ser esquecidos: Teresa Cristina Montecelli e Marco Guedes, fizeram a produção e houve aproveitamento de cromos de Helmuth Erich Wagner, enquanto as fotos são de Carlos Roberto Zanello Aguiar e do arquivo da família. LEGENDA FOTO - Theodoro de Bonna, 86 anos, merece um álbum-de-arte mostrando a sua grande obra.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
03/03/1990

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br