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Aramis

Decibéis ensurdecedores neste pacote de rock/pop

Jovens, preparem seus ouvidos! O novo pacote de rock-pop e correlatos da EMI/Odeon é para ensurdecer mesmo os mais fanáticos curtidores do som que atinge decibéis máximos. Aos com mais de 30 anos, recomenda-se prudência e mesmo distância deste som para uma faixa especial de consumidores, daquelas que animam noite de danceterias como as Aeroantas da vida. Dos novos grupos que chegam, o Maggie's Dream vai ganhar uma promoção especial: afinal já está no Brasil, abrindo os shows do Faith No More, que estrearam dia 10 em Fortaleza e depois de passarem por Recife, Brasília, Belo Horizonte, São Paulo e Rio, devem chegar a Curitiba no próximo dia 24. Formado por Danny Palomo na guitarra rítmica, Ralf (guitarra principal), Lonnis Hillyer (baixo), Tony James (bateria) e Rob Rosa (vocais) este grupo foi buscar num livro de James P. Lomer ("Maggie's American Dream") o seu nome e em suas músicas incorporam desde elementos atemporais ("Between Fear & Desire", "Love & Tears") até as batalhas atuais contra o racismo ("Human"), "Aids" ("One in Six") e o uso de drogas ("I Can Take You", mas está só na versão em CD). Tudo dentro da maior gritaria e barulheira, difícil de entender mesmo para a rapaziada que pensa dominar o idioma de Shakespeare (sic). Sem piada, o grupo Saxon era originalmente conhecido como "Son of a Bitch". E realmente, para quem não se ligar ao som ensurdecedor desta linha a expressão que corresponde em português ao nosso conhecido "filho da p..." pode até ser utilizada para o conjunto que segundo o departamento de imprensa da EMI/Odeon "tem muito a ver com a denominada New Wave of British Heavy Metal". O grupo é veterano: começou em Bernsley, há 14 anos e em maio de 1990 já escalavam paradas de sucesso com "Wheels of Steel", que trazia ao lado de faixas barulhentas a épica "747" (Stranger in the Night, não confundir com o clássico de Bert Kaempfert, imortalizado por Sinatra) que tornou-se uma espécie de hino da banda. Talvez o mais barulhento de todos os lançamentos do ano seja o grupo Jesus Jones ("Doubt"), formado há três anos por cinco skatistas de Londres que misturam pop/rock/house/trash. O grupo já emplacou vários sucessos e é apresentado como "extremamente excitante, envolvente, marcante, dançante..." (sic). Do Canadá vem o grupo Glass Tiger que aparece num elepê com um título sugerindo humildade: "Simple Mission". O vocalista e líder Alan Frew justifica que "a missão da banda era recuperar a veia rock'n roll". Já com cinco anos de estrada, a banda começou com fúria selvagem ("Animal Heart") e hoje desloca-se numa sonoridade seca e agressiva, "despejando no mercado um álbum dotado de intensidade e da convicção esperadas de uma banda ávida por injetar rock'n roll nas veias do seu público" (sic). Na mesma proposta de oferecer um som seco vem o School Fish, cuja capa sugere toda a agressividade do som: uma criança batendo no chão uma guitarra. O grupo é formado por Josh Clayton, Michael Ward e Dominic Nardine - os dois primeiros nas guitarras e vocais, o último na bateria, também compositores das dez faixas deste álbum. Quem preferir uma seleção dos sucessos em rap tem uma opção na montagem da SBK: "Hearts of Gold - The Rap Collection", que reúne os sucessos de maior destaque nos últimos meses de grupos como Vanilla Ice (este também com um novo disco lançado agora, "Extremely", registrado ao vivo, entre apresentações feitas em diferentes cidades americanas de janeiro a março deste ano). Ao lado do Vanilla, desfilam nesta "The Rap Collection", o Run DMC, MC Hammer, Queen Latifah, D-Nive, A trible Called Quest, Slick Rick Too Shor, De La Soul e outros. xxx Ao lado dos conjuntos, eis um solista que chega também ultra-eletrificado: Lenny Kravitz, que está na estrada há apenas dois anos (começou em 1989, com "Let Love Rule"), que com o elepê "Mama Said" para tentar provar porque a imprensa de rock o indicou como a revelação masculina de 1990. Naturalmente embalado nas imagens da MTV e promovido com muitas excursões - abrindo shows de gente famosa como Bob Dylan, Tom Petty e The Heart Breakers e David Bowie. Parece exagero, mas há quem lembre Lennon, Marley e Jimmy Hendrix para enaltecer os méritos deste nova-iorquino, que, diz a gravadora, "beneficiou-se da atmosfera fértil, cercada de arte, música e preocupações sociais" de seu universo familiar. Autodidata, aprendeu piano e guitarra, depois a bateria e o baixo. E tem mais: durante três anos chegou a integrar o coro do Metropolitan Opera, cantando sob a regência dos maestros Zubin Metha, Eric Leinsdorf, Michael Tilson Thomas e David Wilcoz. Só que acabou no rock in roll, bem distante da suavidade e dimensão de uma música menos elétrica - e a prova está na estridência das faixas neste seu "Mamma Said". LEGENDA FOTO - Glass Tiger: rock da pesada.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
4
15/09/1991

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