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Aramis

Desenhos de Poty para os meninos de Antônio

Quando o editor Alfredo Machado convidou o artista Poty Lazarotto para fazer as ilustrações do novo livro de João Antônio, "Meninão do Caixote" (Record, 110 páginas, Cr$ 1.500,00), imaginava que o consagrado desenhista, responsável pela arte de valorização visual de tantos livros notáveis, se restringiria apenas a poucos desenhos. Entretanto Poty se entusiasmou tanto com os contos deste surpreendente João Antônio, escrevendo para jovens, que acabou fazendo oito ilustrações para quatro contos: "Frio", "Lambões de Caçarola" (Trabalhadores do Brasil), "Bolo na Garganta" e "meninão do Caixote". Consagrado há 21 anos pelo seu primeiro livro - "Malagueta, Perus e Bacanaço", João Antônio é hoje um dos mais admirados escritores brasileiros. Dedicado a Lima Barreto - um dos autores que mais aprecia - "Meninão do Caixote" é definido por Fausto Cunha, na introdução, como uma obra prima do conto brasileiro. Herói infantil nun jogo de homens, o Meninão do Caixote é quase o oposto do garoto pobre de "Frio", que sai em meio da noite para cumprir a missão que ele mal compreende. No mundo duríssimo da criança abandonada à própria miséria, há lugar para a amizade, a lealdade. Os quatros contos deste novo livro de João Antônio traem a sinceridade, à visão sem retoques do mundo cruel que ele conhece - e que com tanta arte coloca em sua obra. xxx Falando em bons lançamentos, "Cheiro de Goaiaba" (Record, 156 páginas, Cr$ 2.390,00) é um livro aos que se interessam em conhecer melhor a personalidade de Gabriel Garcia Marquez, Prêmio Nobel de Literatura 82. São deliciosas conversas de Gabo com o escritor e jornalista colombiano Apuleyo Mendonza, seu amigo desde a juventude. Nessas conversas fala de suas origens , como e porque começou a escrever os livros que influenciaram sua formação literária, o que pensa da política, do poder, das mulheres. Descobre suas superstições, manias e gostos, diz como é sua vida hoje, como celebridade mundial, tão diferente da vida boêmia que levava quando jovem, quando o nascer do sol tanto podia surpreendê-lo numa redação de jornal, como num bar ou num quarto qualquer. xxx Registramos hoje bons livros que aparecem - ou reaparecem - mais duas anotações, Depois de ter lançado "Absalão, absalão". "Luz em agosto" e "Uma fábula" a Nova Fronteira traz agora "O Som e a Fúria", publicado em 1929 e considerado pela crítica como uma obra central da ficção contemporânea. William Faulkner (1897 1962), escreveu-a ao mesmo tempo de "Sartois". Ele é o seu quarto romance, aquele no qual colocou "o seu íntimo". A história principal contada em "O Som e a Fúria" - é a da decadência de uma família, na qual houve generais, um governador e fazendeiros ricos. O romance cobre um período que vai de 2 de julho de 1910 a 8 de abril de 1928 e narra o que aconteceu à última geração dos Compsons. xxx Nenhum autor de romance policiais conseguiu tanta popularidade, e, ao mesmo tempo, respeito para um gênero trato com preconceito, como Georges Simenon. Ao lado de Agatha Christie, é o autor que mais tem sido editado no Brasil pela Nova Fronteira, que agora traz "O Enforcado", escrito por Simenon em 1930, a bordo de "Ostrogoth", um dos muitos barcos que o autor já possui. Nas 138 páginas do romance, Simenon desenvolve alguns dos temas mais empolgantes de sua obra. Por exemplo, o conceito do que é culpável e não culpável. Preocupação constante do autor de quase duas centenas de títulos de qualidade indiscutível. Além disso, "O Enforcado" encerra uma reflexão a cerca do dinheiro em nossa sociedade. Em suas páginas, ele se constituiu numa das motivações dos criminosos. E o criador do Inspector Maigret se posicionou desde cedo em relação a isso: "As primeiras palavras que ouvi desde criança foram dinheiro, dinheiro e dinheiro. Mas o dinheiro não foi feito para bancos. Foi feito para se gastar. Representam tantas horas na vida de um homem! Quem tem o direito de contabilizar a vida de outrem? Não, o dinheiro foi feito para a gente se livrar dele".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
10/01/1984

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