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Aramis

Diana, como escolher o melhor repertório

Em 1978, aos 20 anos, Diana Pequeno, baiana de Salvador, ex-estudante de engenharia e de sociologia, estreava num elepê que, de imediato, chamou a atenção da crítica. Bonita mulher, uma voz personalíssima, Diana já dirigia sua obra buscando apresentar um trabalho que reunia três ingredientes que ela, conscientemente, considerava fundamentais - poesia de alto nível, música expressiva e interpretação. E por isto mesmo naquele primeiro lp (RCA, 103.0265, novembro/1978), gravava desde Bob Dylan ("Blowin In The Wind") até Elomar Figueira de Mello ("Acalanto"), demorando-se nos autores cubanos ("Los Caminos", de Pablo Milanez), uruguaios (Daniel Viglieti, com "Milonga de Andar Lejos"), sem deixar de incluir autores da maior importância (embora até hoje ainda pouco conhecidos) como Carlos Pita, Dércio Marques e outros. Sete anos depois e chegando agora ao seu quinto elepê ("O Mistério das Estrelas", RCA, fevereiro/95) Diana continua com a mesma coerência profissional e artística. Uma obra pessoal íntegra e vigorosamente criativa. Só o fato de não se preocupar em fazer um elepê anual e cair no consumismo que acaba destruindo com tantas carreiras. Produzida agora por Guti - substituindo a Dércio Marques, que em dois outros elepês havia ajudado Diana Pequeno na coordenação artística; "O Mistério das Estrelas" traz algumas novidades em relação aos discos anteriores. De princípio a (lamentável) ausência de Elomar Figueira de Mello, compositor de Vitória da Conquista que sempre teve em Diana uma de suas melhores intérpretes. Também a linha latinista parece ter sido abandonada, substituída por autores mais jovens - embora igualmente conscientes como Lô Borges/Mário Borges ("Um Girassol da Cor do seu Cabelo"), e Flávio Venturini ("Canção de Acordar"). As versões continuam a acontecer com bom gosto: desta vez, "Ami Oh", de Mousache/Nelle Eyom e a atualíssima "You've Got a Friend" de Carole King, que na tradução de Ronaldo Bastos se chama "Serei Teu Bem". Destaque também a compositores novos, como Missinho ("O Mistério das Estralas") e Gerônimo ("Mensageiro D'Alegria"). Fausto Nilo associando-se a Robson Jorge/Lincoln Olivetti valorizando "Um Rosto Original" que, surpreendentemente, mostra qualidade meio rara na obra desta dupla das mais comerciais. Aliás, o mesmo Fausto Nilo é também letrista de "Esquina do Pecado", parceria com Moraes Moreira - num arranjo de Zé Américo - um dos muitos arranjadores requisitados para esta produção (outros: Rique Pantoja, Jorginho Gomes, Flávio Venturini, Eduardo Souto Neto e Lincoln Olivetti).
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
31
31/03/1985

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