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Aramis

A difícil escolha entre tantas e boas estréias

Se há alguma razão de queixa dos cinéfilos em face da programação, nesta semana deve ser o inverso do que acontece normalmente: o excesso de filmes indispensáveis de serem vistos ou, no mínimo, verificados. A justa premiação de "Kramer x Kramer" com 5 Oscars, na noite de segunda-feira, 14 - filme, diretor-roteiro adaptador (Robert Benton), ator (Dustin Hoffman) e atriz (Meryl Streep), fez com que as filas do Astor aumentassem, exigindo de Osvaldo Scaramela, um dos mais simpáticos e eficientes gerentes de cinemas do País, faz esforços imensos para evitar atritos, tal o interesse do público em conhecer este filme denso, inteligente, que trata de um drama atual: a luta de um casal separado pela posse do filho. Indicado a 9 Oscar, "Apocalypse Now" mesmo ficando somente com os prêmios de melhor fotografia e som, voltou, terça-feira, no Cinema 1. É uma possibilidade de (8re)apreciar o vigoroso filme de Francis Ford Coppola, 3 anos em realização e que no Festival de Cannes-79, dividiu com "O Tambor", de Volker Schlondrff, a Palma de Ouro. Cuidadosamente, o filme alemão, concorrendo agora ao [Oscar] de melhor filme estrangeiro, foi o vencedor. O que deve ter deixado Coppola irritado. "Z", de Costa Gravas, deve prosseguir até domingo no Plaza, numa possibilidade de que se veja ainda este filme politicamente tão importante, realizado em 1968 e que até há poucas semanas estava proibido no Brasil. Um roteiro preciso de Jorge Semprun, inspirado no romance de Vassili Vasilijos, música de Mikis Theodorakis, fotografia de Raoul Coutard. Enfim, uma obra que mereceria permanecer mais tempo em exibição, mas como há muitas fitas importantes na fila de espera, na segunda-feira, ali já estréia "Os Meninos do Brasil" (The Boys From Brazil), realizado há quase 2 anos, por Franklin J. Schaffner, com base no romance de Ira Levin (o mesmo autor de "O Bebê de Rosemery"), tem um tema que interessa muito de perto: o renascimento do nazismo no Paraguai para o mundo. Com Gregory Peck, [Laurence] Olivier, James Mason e Lili Palmer na frente do elenco, música do excelente Jerry Goldsmith - indicado ao Oscar pelo seu trabalho em "Jornada nas Estrelas - O [Filme]", de Robert Wise (que ontem deixou o Condor) - é uma produção de Sir Lew Grade, que há muito tempo já deveria ter sido lançada em Curitiba. Duas estréias, inesperadas, mas importantes quem aprecia os musicais: "O Mágico Inesquecível" (The Wiz), EUA, 77, de Sidney Lumet, adaptado do musical de Quincy Jones e Charlie Smalls, que por mais de 3 anos fez sucesso na Broadway. Do livro de Franck L.Baum, que, há 41 anos, motivou a Victor Fleming (1883-1949) a realização de "O Mágico de Oz", que consagraria Judy Garland, foi feita uma adaptação exclusivamente com intérpretes negros e novas canções. Levado ao cinema, com Diana Ross como uma "Dorothy" mais adulta do que a vivida por Judy, em 1939, e Michael Jackson (Espantalho), Nipsey Russel (Homem de Lata) e Ted Ross (Leão Covarde), o filme traz ainda a excelente cantora Lena Horne, como Glinda, a boa fada. Lena foi uma atriz e cantora famosa nos anos 50, que teve um disco incluído na recente coleção "Os Mitos", lançada pela Bandeirantes. Pela magia e encantamento, "O Mágico Inesquecível" - que concorreu a alguns Oscars em 79 - está entre os filmes indispensáveis de serem vistos, (Condor, sessões ás 14, 16, 20 e 22 horas). Já "E A Festa Acabou..." foi o título que a Universal deu para "More American Graffiti", continuação que B.W.L. Norton fez de "American Grafitti/Loucuras de Verão", produzida por George Lucas, que, em 1973, dirigiu aquela nostálgica fita sobre os jovens de início dos anos 60, numa pequena cidade americana. A trilha sonora de "American Grafitti", com rock'roll vendeu tanto que motivou uma série e a trilha deste "More American Grafitti..." também já saiu no Brasil, lançado pela Polygram. O filme está no Lido e mesmo tendo [possibilidades] de atrair bom público, dificilmente ficará mais do que uma semana em cartaz. Junto com "Kramer x Kramer", o melhor filme em exibição nesta semana é "Sonata de Outono" (Autumm Sonata), 78, de Ingmar Bergman, com Ingrd Bergman, Liv Ullman, Lena Numan, Halvar Bjork, George Lokkeberg e Gunnar Bjornstrandt. Fotografia, como sempre perfeita, de Sven Nykvist e na trilha sonora, peças de Kabi Laretei, Claude Genetai, Frans Bruggen, Gustav Leonhardt, Chopin e Handel. De todos os filmes de Bergman, talvez seja este o mais subjetivo e profundo em termos de colocar em cheque o reencontro de mãe e filha, que não se viam há 7 anos: uma obra dolorosa, profunda, que exige um público adulto para entendê-la em toda sua beleza. Em exibição, desde ontem, no Rivoli, onde substituiu a "Bye Bye Brasil", de Cacá Diégues. Hoje, a meia noite, no Astor, finalmente, a oportunidade de muitos conhecerem um dos 10 melhores filmes de 78 (e também exibido uma única noite, no mesmo horário: "Ana e os Lobos", que Carlos Saurra (cujo "Mamães Completa 100 anos" faz sucesso nos EUA e concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro) realizou em 72, com Geraldine Chaplin, sua esposa e obviamente, atriz favorita. Um filme sobre o qual não nos cansamos de falar e para o qual chamamos a atenção do público. Hoje, uma produção comercial de Lewis Gilbert, mas sempre agradável aos adolescentes: "Amigos e Amantes" (Frieds), 71, com Sean Bury e Anicée Alvina, que teve na trilha sonora de Elton John, sem excessos pop, um dos pontos altos. Três anos depois, Gilbert tentou uma medíocre continuação "Paul e Michele", com os mesmos intérpretes, mas que fracassou.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Cinema
13
18/04/1980

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