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Aramis

Dinheiro italiano para autonomia da "Gráfica"

Miran (Oswaldo Miranda Jr.), nome maior do designer no Paraná - e hoje com projeção internacional - está se dando a um prazer que buscava há 6 anos: dedicar-se "full time" a sua maior criação, a Revista "Gráfica". Este sonho que teve início no segundo semestre de 1983, quando apresentou o primeiro número da mais sofisticada publicação já produzida no Paraná, tornou-se possível com o ingresso em sua empresa - Casa de Idéias - Editora de Vídeo e Gráfica Ltda. (Rua Dom Alberto Gonçalves, 47, Curitiba) de um grupo empresarial italiano (que por razões de estratégia de mercado, exigiu permanecer temporariamente no anonimato), cujos executivos ficaram entusiasmados com o altíssimo nível que Mirandinha vem dando, em 24 edições, a sua revista. O contrato pelo qual os sócios italianos assumiram 49% da empresa foi assinado há três semanas. "Num valor que não podemos revelar, mas que foi o suficiente para equilibrar as finanças - tanto da Casa de Idéias como de seus associados", explica Orestes Woestehoff, 40 anos, que ao lado de Carlos Ferreira da Costa, 35, há quase dois anos deixou a área de atendimento da J. J. Comunicação para dar a "Gráfica" a organização empresarial que faltava para uma ampliação de circulação e, principalmente, autonomia financeira. xxx Parnanguara, 41 anos, 27 de atuação na área do designer - junto a agências ou, ultimamente, como free-lancer, Miran colecionou as mais importantes premiações. Apaixonado pelo designer gráfico, estabelecendo relacionamento internacional - sedimentadas em algumas viagens feitas a Nova Iorque e, há alguns meses, a Europa - encorajou-se a fazer uma publicação do mesmo nível das internacionais "Graphis" (Suíça); "Novum" (República Federal da Alemanha) e "Printed" (EUA), três entre as mais sofisticadas publicações especializadas no mundo. Hoje, há quem acredite que a "Gráfica", em certo sentido, superou estas publicações, abrindo-se assim, um mercado internacional. Apesar de uma primeira experiência européia frustrada (com um prejuízo de US$ 10 mil), o esquema internacional foi reciclado - e agora solidificado com a associação ao grupo italiano. xxx Não tem sido fácil, evidentemente, fazer uma revista do padrão da "Gráfica". Apesar dos elogios e cumprimentos, na hora de pagar as contas, Mirandinha e seus associados tem suado a camisa, pois a cada edição triplicam os custos de produção. O último número ficou ao redor de NCz$ 100 mil mas as perspectivas para uma cobertura das despesas com publicidades especiais (NCz$ 10 mil a página) - e do Paraná, os dois únicos anunciantes foram a Prefeitura de Curitiba e o Bamerindus (o Boticário participará a partir do próximo número) "estão animadoras", diz Orestes, que vindo da área de criação publicitária, passou para o atendimento e hoje divide com Carlos Costa a administração da empresa. Até a etapa de arte final, a produção é desenvolvida em Curitiba (Kingraf / Digital), passando a fotolitagem e impressão para as Gráficas Burti, cujo presidente, Luís Carlos Burti, também associou-se a empresa. Nos primeiros tempos, a impressão também era feita na Kingraf, mas devido a razões operacionais, foi para São Paulo. xxx A Casa de Idéias embora tenha na "Gráfica" a sua principal atividade - a tiragem está subindo de 7 para 10 mil exemplares, assinaturas a NCz$ 160,00 e venda avulsa a NCz$ 39,00 (somente em pontos selecionados), há todo um projeto editorial em desenvolvimento. Um dos primeiros trabalhos de padrão internacional ali produzidos foi entregue na semana passada ao Banco Bamerindus, patrocinador do volume de fotografias (com textos de 5 professores na Universidade Federal do Paraná) sobre Foz do Iguaçu, abrindo a coleção "Nossa Terra". Maria Christina de Andrade Vieira, responsável pelo projeto como executiva do Bamerindus, sintetiza numa frase sua importância: "É a obra mais completa editada sobre Foz do Iguaçu". A primeira edição, bilíngüe, formato de 30 x 30 cm e 150 páginas (selecionadas entre mais de 3 mil que Orlando Azevedo fez na região nos últimos 25 meses), deverá ser disputada a tapa, tal a beleza da obra. Além de, naturalmente, estarem habilitados a cuidarem da produção editorial de novos volumes da coleção, Mirandinha e sua equipe já tem outros projetos. Entre eles, um luxuoso volume sobre a obra de Guido Viaro, com textos dos jornalistas José Benedito Pieres e Walmir Ayala; outro sobre o escultor Ceschiatt (autor de grandes obras, principalmente em Brasília), e um terceiro sobre o Carnaval, com fotos da americana Maureen Bisiliat e textos do jornalista João Máximo. Existe ainda um projeto para um livro sobre "O Negro Brasileiro", mas ainda sem maiores definições de quem elaborará os textos e as imagens. - "Serão todas produções da maior qualidade, que dependerão, obviamente, de grandes patrocínios", explica Orestes. A admiração que Mirandinha tinha pelo designer e cineasta Saul Bass, 69 anos, foi recíproca. Conhecendo os trabalhos de Miran, o artista americano que revolucionou a arte da titulagem (créditos) no cinema ("Carmen Jones", "O Homem do Braço de Ouro", "Anatomia de um Crime", de Prminger, "Um Corpo que Cai", de Alfred Hitchcook, só para citar alguns exemplos) enviou há quase dois anos um material esplêndido sobre sua carreira, que após ter uma via crucis para ser liberado na alfândega, permanece guardado a sete chaves na mansão de Miran, a espera do momento de ser exibida numa exposição importantíssima. O que poderá acontecer em breve, no Solar do Barão, para o qual está previsto também uma mostra de posters produzidos por mestres e alunos formados pela Universidade do Colorado, considerado o maior centro de formação de designers nos Estados Unidos. Selecionadas pelo professor Phil Risbeck, outro amigo de Miran, este material pode estimular um novo evento regular, no Solar do Barão, dentro de um projeto que entusiasmou o prefeito Jaime Lerner: uma bienal internacional do designer gráfico.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
30/07/1989

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