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Aramis

Disco-brinde

A Federação Nacional das Associações Atléticas do Banco do Brasil lançou no ano passado o "Sarau Brasileiro", uma produção tão bem cuidada e de méritos musicais que acabou seno reeditada comercialmente pelo Estúdio Eldorado. O mesmo produtor daquele álbum, José Silas Xavier, assessor da Fenab em Brasília, apresenta agora uma nova produção, inicialmente distribuída pelas AABB, mas que, espera-se, tenha também um lançamento comercial: "Momentos Musicais - De Carlos Gomes a Nazareth", com o pianista Joel Bello Soares. Alagoano, radicado em Brasília, Bello Soares tem uma longa carreira como pianista, inclusive apresentações no Exterior. Radicado em Brasília, foi convidado por Silas Xavier para executar um programa de músicas praticamente inéditas de compositores consagrados ou menos famosos. Para a escolha do repertório, Silas teve apoio de Claver Filho, autor da premiada monografia sobre Waldemar Henrique, editada pela Funarte, além de outros pesquisadores dos mais respeitáveis: Jairo Severiano, Juvenal Fernandes, Mercedes dos Reis Pequeno, Moacir Sant'Ana, Vicente de Paulo Machado de Souza e Vicente Salles. O trabalho de verdadeira arqueologia musical que este grupo de estudiosos empreendeu, possibilitou a reunião de temas tão belos quanto desconhecidos, valendo assim a edição que a Fenab faz como verdadeira peça documental para a melhor compreensão de nossa música erudita. De Carlos Gomes (1836-1896) foram gravados a valsa "Uma paixão amorosa" - e a dança de negros "A Cayumba". Se Gomes é um compositor conhecido, poucos sabem quem foi o paraense Clemente Ferreira Júnior (1864-1917), que foi aliás amigo e compadre do compositor campineiro, quando este residiu em Belém, ali dirigindo o Conservatório de Música. E de Clemente são a polca-maxixe "Mais Tarde", e o tango "Garradice". Um nome que permaneceu esquecido durante muito tempo é o de Misael Domingues (1857-1932) alagoano, nascido em Marechal Deodoro, "1897" e "Vaporosa", valsas incluídas no lado A do disco, revelam este autor. No lado 2, temos "Noêmia" de Ernesto Nazareth (1863-1934), seguido de "Baise Suprème", de Mário Penaforte (1876-1928), considerado uma das figuras mais representativas da belle époque brasileira, nascido em Minas. Entre os músicos brasileiros sem biografia, está um pianista da passagem do século, Azevedo Lemos (1860? - 1920?), talvez nascido e falecido no Rio. A carência de dados biográficos não empana sua fama de ter sido também um notável compositor de xótis, valsas, polcas e quadrilhas, ao gosto da época. E o xótis "Tormentos D'Alma", é revivido no registro de Bello Soares. Já "Valse Noble", valsa de João José da Costa Júnior (1868-1917), revela de certa forma, este compositor pródigo em obras, mas esquecido. "Yara", xótis de Anacleto de Medeiros (1866-1907) e "Pierrot", tango de Nazareth, complementam estes "Momentos Musicais", mais uma demonstração de como entidade pode utilizar bem seus recursos. Se outras federações imitassem o exemplo da Fenab, a vida [cultural] brasileira teria muito a ganhar.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
9
11/10/1978

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