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Aramis

As divertidas estórias de Marcos vasconcellos

O arquiteto Marcos Vasconcellos é um renomeado contador de estórias bem humoradas. Tão boas que, por insistência de seus amigos de Ipanema e adjacência, decidiu publicar algumas no << Pasquim >>, dentro de uma série intitulada << Pequenas Vergonhas >>. Mas há tantas estórias, que Marcos acabou selecionando 300 delas para um livro que o L&PM, de Porto alegre, lançou há poucas semanas, com grande sucesso. Destas, algumas irresistíveis de serem transcritas. << Nossos cineastas Fernando Amaral chegando a Los Angeles para um a permanência de poucos dias, telefonou para o escritório do colega Stanley Kubrick (Dr, Fantástico, Odisséia no espaço, spartacus, Lolita, etc). Queria conhecer o famoso diretor e conversar coisas de cinema. esbarrou num fechadíssimo sistema de proteção à privacidade de Kubrik, A audiência teria que ser marcada com semanas de antecedência, quem era, o que queria, de onde vinha qual o assunto. Está viajando, só daqui a dois meses. Em suma, maior dificuldade. Fernando, com a clareza dos puros, pega a lista telefônica da cidade e procura lá: Kramer, Kojak, Kubitschek, Kubrak, Lubrik stanley. Telefonou, atendeu, voz de homem. Fernando arrisca: _ Queria falar com - mr. Kubrik. Aqui é um cineasta brasileiro. A voz: - Sou eu mesmo. Aqueles caras do escritório são uns chatos. Venha cá. São amigos até hoje >> << Duas senhoras, daquelas de olhar sempre maravilhado, aproximaram-se do paisagista Roberto Burle Marx, meio aos intróitos de um banquete. Por intrometimento, certas pessoas, arrogando-se intimidade, tratam personalidades pelos menos conhecido, ignorando a parte mais forte, Antônio Galloty é Tony, Oscar Niemeyer é Oscar, o embaixador Nascimento Silva é Gonzaga, Antônio Carlos de Almeida Braga é Braguinha, Ziraldo é Nega Zira, por aí. Uma das referidas madames, com gestos langorosos, voz anasalada, com uma afetação melosa, esticando as vogais, disse a Burle Marx: - Roberto, você sabe que minhas plantas adoram ópera? Mas preferem a << Flauta Mágica >>, não se dão bem, com as italianas. Crescem que é uma coisa... - Pois as minhas preferem Brahms - disse a outra com o mesmo tom e feito - principalmente o ciclo Magelone. e as suas, Roberto? Burle Marx: - As minhas preferem bosta. Estya Paulo Mendes Campos nos havia contado num jantar no Humel-Humel, depois de sua participação nas << Parcerias >>. Mas aqui vai, na descrição feita por Marcos Vasconcellos: << O avião faz um pouso técnico em Lisboa que duraria umas três horas. Dois passageiros do vôo, Millôr Fernandes e Paulinho Mendes campos, resolveram aproveitar o tempo para dar uma volta pela cidade e para isso perguntaram a um polícial qual o procedimento legal. - Há duas maneiras - respondeu o gajo. A primeira, os senhores entram naquela bicha (fila), carimbam os passaportes, assinam uns papéis e, na volta, mais um carimbo, mais uns papéis. - e a segunda. Saiam e retornem por aquele portão. >> << Outra de nosso avozinho d`além-mar: no noticiário de um canal de TV portuguesa, espécie de Jornal Nacional da Globo, um locutor seríssimo entrevistava um cidadão igualmente seríssimo: - O senhor viu o acidente? - Não, senhor. Soube dele através de terceiros. - O senhor estava no local do acidente? - Não, senhor. Eu me encontrava em outro sítio. - O senhor conhecia as vítimas? - Não, senhor. Jamais as tinhas visto. Dando-se por satisfeito, o entrevistador voltou-se para o público espectador e afiançou gravemente: - A testemunha ocular do fato não presenciou o fato >>.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
26/10/1983

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