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Aramis

As drogas no cinema

Da chocante imagem do crupiê Frankie Machine (Frank Sinatra) drogando-se em "O Homem do Braço de Ouro" (The Man of The Golden Arm), há 32 anos, quando o inquieto austríaco-americano Otto Preminger (1906-1986) acorajou-se a levar, sem meias tintas, o drama dos tóxicos para a tela, até toda uma recente safra de filmes que têm abordado esta temática, as drogas no cinema continuam a provocar diferentes reações junto ao público. O caráter epidêmico das drogas, hoje uma das indústrias mais fortalecidas no mundo do crime organizado, provocou que os enfoques cinematográficos tenham mudado. O fato de uma história real ter se transformado num cult-movie alemão, de produção modesta - "Eu Christiane F...", é uma prova inquestionável de como as drogas agiram também em termos de (re)visão nas imagens - embora, quase sempre, com uma necessária visão crítica. O rigor da Censura em relação às imagens que mostram pessoas se drogando - seja na refilmagem de "Scarface" (1983, de Brian de Palma), ou no ainda inédito "Cidade Oculta", não tornam menos polêmica - e perigosa - a questão de se discutir este problema, quando levada as imagens a público jovem e, teoricamente, mais propenso a sua utilização. Tratada com maior ou menor realismo em filmes como "Cárcere Sem Grades", que Fred Zinnemann adaptou há 30 anos de uma famosa peça de M. Gazzo, visto em imagens oníricas no "Viagem ao Mundo da Alucinação" (The Trip, 67, de Roger Corman) ou na intelectualização hermética do italiano Bernardo Bertolucci no complexo "La Luna" (Itália, 1979), as drogas no cinema comportam todo um amplo ensaio - inexistente, cremos, apesar da rica bibliografia sobre temas & telas crescer cada vez mais (isto sem contar nos filmes que tratam puramente do lado policial, com centenas de títulos, incluindo obras premiadas como "Operação França", 71, de William Friedkim). Assim, "Camorra", sem se pretender definitivo ou antológico sobre a questão, é uma obra corajosa, oportuna e necessária - um verdadeiro filme de utilidade pública. Só isto já justifica sua realização e exibição.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
2
18/01/1987

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