Dusek, algo mais que só irreverência
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 25 de maio de 1986
Inicialmente, Eduardo Dusek encontrou seu espaço devido à ironia, o humor, seu estilo irreverente. Entretanto, só isto não bastaria para mantê-lo num mercado competitivo e que, a partir da proliferação de grupos que buscam o humor musical - desde os mais inspirados paulistas (Premeditando o Breque, Língua de Trapo, entre outros) até os roqueiros que, na falta de humor mais inteligente, apelam mesmo para a grosseria. Assim, Dusek aprofundou seu trabalho de compositor, trabalhando com bons parceiros - especialmente Luiz Carlos Góes - em canções nas quais sem abandonar a verve criativa também deu um salto qualitativo em termos sonoros.
Pode-se sentir isto ouvindo-se, atentamente, as faixas de "Dusek na Sua" (Polygram/Polydor, abril/86), construído basicamente com excelentes arranjos de Cleberso Horsth, também pianista presente em quase todas as faixas. Horsth, que revela ser um arranjador de boas idéias, trabalhou com efeitos corais (como em "Aventura" e "Valdirene, a Paranormal"), outras vezes com metais ("Lincharam o Viajante Espacial"), e obtendo sempre bom rendimento do instrumental eletrônico. A irreverência de Dusek percorre vários caminhos - a começar por uma música que lembra tematicamente "O Dia em que a Terra Parou", 51, de Robert Wise - "Lincharam o Viajante Espacial" até uma sátira à comida italiana ("Rango"), mas encontrando na guarânia-pop "A Índia e o Traficante" o momento de criação mais interessante - quase uma proposta de roteiro cinematográfico pela força das imagens.
LEGENDA FOTO - Dusek: além do simples humor.
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