Ednardo, Belchior & Fagner
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 25 de julho de 1976
São diversos e estimulantes os caminhos de nossa emepebe. Com surpresas inesperadas, a exigirem interpretações mais sociológicas e de técnicos de marketing do que simples análises do ponto de vista musicais. Provando de que as técnicas de comunicação/imposição de massa é que influem mesmo sobre o comportamento do público e, em especial, conduzem a vontade de imensas faixas de público, especialmente os jovens, que representam ponderável parcela entre os consumidores de discos.
Exemplo recente e maior é a explosão nacional dos cearenses Ednardo (José Ednardo Soares Costa Souza, 29 anos) e Antonio Carlos Gomes) BELCHIOR (Fontenelle Fernandes), também de 29 anos que após quatro anos de insistência no mercado do Sul, conseguem, afinal, reconhecimento aos seus talentos fortes e vigorosos, de poesias e harmonias que surpreendentemente obtém uma aceitação junto a uma geração acostumada apenas no som superfluo, que, nas formas mais indicentes, invade os veículos de divulos de divulgação deste País Tropical, Ednardo, é bem verdade, há dois anos, com o seu "Romance do Pavão Mysterioso" (RCA Victor, 1974) esteve em várias listas dos melhores, conforme publicamos em O ESTADO, mas só agora, com a inclusão desta música na trilha de Saramandaia", foi "descoberto" pelo grande público e chega as paradas. Coincidentemente a explosão de "O Pavão" - que continua em catálogo, sai pela RCA Victor o seu segundo elepê-solo, ao longo do qual Ednardo comprova, como se preciso fosse, que o seu talento não é bissexto. Suas músicas são trabalhadas inteligentemente, com muito balanço - e sabendo somar as influências: assim em "Do boi só se perde o berro" (RCA, 103.0163, abril/76), temos onze faixas que mostram um letrista que sabe, cuidadosamente, fundir uma harmonia perfeita e letras buriladas: "Berro", "Artigo 26", "Franciscana", "Passeio Público", "Longarinas", "Abertura", "Vaila", "Classificaram", "Padaria Espiritual", "Sonidos" e Estaca Zero".
Consumido nacionalmente após Elis Regina ter incluído duas de suas composições no lp-show "Falso Brilhante" - "Velha Roupa Colorida" e "Como Nossos Pais", Belchior, um compacto simples em 1973 ("A Palo Seco" e "Sorry, Baby"), um restante ilegível.
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