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Edson visita Frida mas quer "Espírito" no palco

Apesar de todo entusiasmo da simpática professora Birgit Muhlhaus, que após sete anos de Buenos Aires, assumiu a direção do Instituto Cultural Brasileiro/Germânico / Goethe Institut, em Curitiba, não foi possível viabilizar a vinda do dramaturgo Martin Walser ao Brasil neste ano, o que daria maior dimensão a estréia de sua peça "Uma Visita para Frida". Entretanto, são grandes as possibilidades de Walser vir em abril, o que justificará uma remontagem de "Uma Visita para Frida", que o Grupo Delírio de Teatro está apresentando no Auditório Salvador de Ferrante (até amanhã, 21 horas), e que, posteriormente, será levado às várias cidades do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul - além de São Paulo e Rio de Janeiro, afora Belo Horizonte. Paralelamente a mais esta montagem que dirige com seu grupo, Edson Bueno começa a mergulhar numa "trip" teatral bem mais ambiciosa: trazer para o palco as aventuras do "Spirit", a obra prima dos quadrinhos criado pelo norte-americano Will Wisner. O arquiteto (e professor) Key Imaguire Jr., um dos maiores quadrinhólogos do Brasil, conheceu Eisner há quase dois anos, quando juntos integraram um júri no salão internacional de cartuns em Montreal. Eisner ficou impressionado com o conhecimento de Imaguire em torno de sua obra e a amizade tem sido cultivada através de ilustradas cartas que eles vêm trocando em torno da paixão comum: os "comics". Leitor de quadrinhos e, especialmente, admirador de "O Espírito" - cujas melhores estórias estão sendo editadas agora no Brasil, em álbuns de luxo - Edson está entusiasmado com a idéia de adaptar ao teatro o personagem, especialmente agora com o boom das histórias em quadrinhos - e que em termos de público ganha o maior marketing com a superpromoção feita em torno de outro personagem das trevas - o Batman, de Bob Kane - em sua transposição para a tela, que após já ter faturado mais de US$ 200 milhões nos Estados Unidos e Canadá, chega ao Brasil dentro de poucas semanas. Por enquanto, não há ainda nada definitivo em torno de "Spirit" chegar ao palco, mas quem conhece o capricho oriental de Key Imaguire sabe que ele só colocará seu lápis nas tiras desta aventura cênica se conseguir o máximo resultado positivo. Afinal, não será fácil transpor todo o universo mágico e sombrio do mais profundo dos personagens em quadrinhos americanos para uma encenação nos palcos. xxx Enquanto a adaptação de "Spirit" aos palcos fica como um grande projeto para 1990, Edson Bueno não esconde seu entusiasmo pelo público que está conseguindo levar ao Guaíra há uma semana. Apesar de "Uma Visita para Frida" ser um texto inédito, de um autor alemão até agora desconhecido no Brasil, o grupo Delírio já conseguiu faturar NCz$ 34 mil - exatamente o que havia investido na produção. Como a equipe trabalha no sistema cooperativado - a exemplo das produções anteriores - só a partir de agora é que haverá remuneração a cada um. xxx Falando sobre a encenação, Edson diz que o original de Martin Walser tinha 48 páginas "e era um blá-blá-blá sem fim". - "Transformei-o, adaptei-o para um texto de 18 páginas e inventei ações sem fim, para dar dinâmica e ritmo ao espetáculo. Eram praticamente 4 atores dando longos "bifes" (monólogos) no palco. Criei assim, situações de violência e humor negro". A história de "Uma Visita para Frida" é simples: um empresário (Hubert Maackel), quando numa visita de negócios de Hamburgo para Munique resolve desviar-se da estrada para passar uma noite com sua ex-amante, agora mulher de um modesto maquinista de trem (Erik). Este encontro inesperado transforma-se numa longa noite de loucura, medo, hipocrisia e violência. Basicamente, Edson trabalhou com o elenco que forma o grupo Delírio desde o início: Eliane Karas (premiada como coadjuvante por "Um Rato em Família", de sua autoria), Paulo Martins e Aldice Lopes (também premiados por aquela peça, que teve nada menos que 12 diferentes temporadas em várias cidades). O próprio Edson também acabou como ator. Explica: - "Eu convidei o Mário Schoemberg, mas ele preferiu os louros e o dinheiro do "Galileu" no TCP. Depois seria o Luís Mello, que viria de São Paulo, mas acabou preferindo também os louros do TCP e iria trabalhar com o Ademar Guerra. Só que como integra o elenco do Antunes Filho, acabou não podendo vir. Na falta de um ator melhor, com as características físicas (gordo e entroncado) para fazer o Erik, acabei encarando a parada. O que representou também uma economia e, sem falsa modéstia, o meu trabalho mais significativo". Edson Bueno também está entusiasmado com o trabalho desenvolvido por Sandra Zugman, na expressão corporal: - "A Sandra fez um trabalho excepcional, especialmente comigo. Despertou o que faltava em mim para desempenhar o trabalho de ator. É uma mulher que sabe muito e não está sendo devidamente reconhecida. Só o Marcelo (Marchioro, atualmente dirigindo a ópera "Fosca") sacou o seu talento. LEGENDA FOTO - Eliane Karas, Paulo Martins e Edson Bueno em "Uma Visita para Frida": últimas apresentações no Guaíra. (Foto Chico Nogueira).
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
30/09/1989

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