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Aramis

Eis o elogio do crítico do "The New York Times"

Ganhar um elogio da crítica teatral do "The New York Times" é o que qualquer artista, por mais famoso que seja, sonha. E a iratiense Denise Stocklos ganhou rasgados elogios do normalmente rigoroso D.J.R. Bruckner, numa crítica de 82 linhas, publicada na edição de terça-feira, 24 de fevereiro último. Em quase 400 palavras, Bruckner sintetizou em um texto intitulado "Off With Her Head" ("Cortem a sua Cabeça"), a visão que Denise Stocklos deu ao texto de Dacia Maraini, encenado no La Mamma E.T.C. (74 East Street, Nova Iorque), justamente no mês em que há 4 séculos a rainha Elisabeth I, da Inglaterra, mandou decapitar a sua prima, Maria, Rainha da Escócia, depois de mantê-la na prisão por um certo período. Logo no início de seu artigo, Bruckner diz que "a atriz brasileira Denise Stocklos, em "Mary Stuart", um espetáculo one-woman, une-se a séculos de atores e escritores que tem achado a história destas duas mulheres (Mary Stuart e Elisabeth I) irresistível. A evocação de Denise das duas rainhas - enriquecida com a música (gravada) de compositores que vão de Milton Nascimento a Villa-Lobos, Brahms a Donizetti - é assombrante, divertida e perplexa". O crítico do "The New York Times" destaca que o objetivo primordial de Denise e da autora do texto, a italiana Dacia Maraini, foi desenvolver a percepção do espectador em relação as duas rainhas, estimulando-o a perceber as múltiplas interpretações dadas por diferentes autores (e compositores) a duas personagens tão fortes dentro da história universal. O espetáculo dura uma hora mantendo o público tão integrado à ação que nem chega a respirar, conforme a descrição do crítico Bruckner. Já na primeira cena, Denise interpreta Mary Stuart na prisão e, com as suas mãos - usando seus riquíssimos recursos de mímica - faz o espectador imaginar todo um cenário que, na verdade, inexiste - "mas que a concepção e a força de Denise fazem parecer real". A concepção desta peça - originalmente escrita para quatro atrizes tem nesta estréia mundial a utilização de elementos bem humorados e modernos, como a interpretação mímica que Denise faz da canção "Superman", da performática Laurie Anderson (que Denise conheceu em São Paulo, em novembro último) e também um hilariante diálogo entre Elisabeth e Mary Stuart ao telefone. Em outro trecho da crítica do "The New York Times", Bruckner lembra que "a gama de imagens provocada pelo monólogo e as letras das músicas utilizadas é imensa, mas não ultrapassam a força das imagens visuais criadas por Denise, em seu rosto e seus movimentos: ela é uma mímica maravilhosa". Usando trajes de extrema simplicidade - um colant de lycra e uma jaqueta - Denise consegue recriar todo um imaginário guarda-roupa de época. Ao final do espetáculo, um inteligente jogo de iluminação ofusca o rosto de Denise, quando Mary Stuart é decapitada. A este propósito, Bruckner diz: "A luz morre mas a imagem da mulher permanece: na luta pela maestria e ilusão, Denise Stocklos vence brilhantemente".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
17
10/03/1987

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