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Aramis

Em todas as rotações ...

1 - Os inimigos musicais dos baianos Antonio Carlos (Pinto) e Jocafi (José Carlos Figueiredo), costumam dizer que basta se ouvir um disco da dupla para se "ouvir" todos. Outros os acusam de serem excelentes jinglistas e encontram refrões que garantem os sucesso de suas músicas. Na verdade, a integração entre os dois é tão grande que Jatobá não poderia ser mais feliz ao conceber a capa do último lp da dupla ("Eles & Elas", RCA, 103.0261, setembro/78): a metade do rosto de cada um integrando-se numa face comum. Musicalmente, Antonio Carlos & Jocafi tem colecionado sucessos facilmente assimiláveis mas é justo que reconheça também alguns momentos de alta inspiração, como o recente "Meia Noite"2 - que teve na doce Maria Creusa - sra. Antonio Carlos Pinto - uma interpretação magnífica. Agora, a dupla mostra um trabalho mais recente, com admissão de um novo parceiro, Paulo Brito, com quem dividiram quatro faixas deste novo lp: "Muxoxo","Pé de Bode", "Engane Que Eu Gosto" e "Princesa do Noite". Pelo menos duas faixas justificam especial audição: "Contos da Carochinha" (Elas por elas) e, especialmente, "João Brasileiro da Silva", que apesar de uma buarquiana influência, tem pela construção. "Por Maria Creuza" é um belo tema instrumental. Participação de bons músicos valorizam a gravação. 2 - Um dos eventos musicais de 78 é, sem dúvida, a feliz idéia de Marcus Pereira em produzir através da Copacabana três séries do maior significado: "A Grande Música do Brasil", coleção de discos com interpretação sinfônica de música popular: "Grandes Autores", Grandes Intérpretes", "Três Séculos de Música Brasileira". Amparada em grande esquema promocional - out-doors, anúncios em revistas e jornais - e contando para a comercialização com novos pontos de vendas, através de todos os revendedores da Volkswagen, as séries deverão alcançarem grande sucesso - com novos títulos a cada dois meses. Os primeiros volumes são dedicados "A Grande Música de Chico Buarque", com arranjos sinfônicos do maestro Guerra Peixe para [as] mais conhecidas composições de FBH (provando assim que ele não é apenas um grande letrista, nas que suas músicas resistem a uma apreciação mais exigente): na série "Grandes Autores, Grandes Intérpretes", produção do maestro Marcus Vinícius. José Tobias interpreta uma seleção do melhor da obra de Joubert de Carvalho e "Três Séculos de Música Brasileira", coordenado por Régis e Rogério Duprat, pretende mostrar todo o acervo esquecido de nossa música. E para abrir a série, o disco reúne "Valsas e Polcas". Todos os discos tem produção cuidadosa, acompanhados de didáticos textos. 3 - Particularmente, achamos importante as edições de discos com as músicas finalistas de todos os festivais que se realizam no Brasil, pois geralmente nestas promoções aparecem novos talentos para a MPB e com as gravações das músicas finalistas se tem verdadeiros documentos sonoros. Por isso, louve-se a Sigla em editar o lp com as 12 finalistas da 1ª Cantoria da Música Nordestina (Teatro do Parque, Recife, 28 a 30 de abril/78). Tanto os compositores como os intérpretes são ainda desconhecidos - mas por certo deverão aparecer em breve, já que depois do ciclo baiano, temos agora a vez e hora do pessoal de Pernambuco. Na contracapa do disco, o bom amigo Leonardo Dantas Silva, diretor de cultura de Pernambuco, fala sobre o significado da I Cantoria de Música Nordestina, promoção aberta e que deu a hora e vez para novos intérpretes e grupos - como o Concerto Viola, Babuska Valença, Toinho Machado, Marilia Serra, etc., mostrarem a música que estão fazendo. 4 - Reestruturada artisticamente e procurando atingir todas as faixas do mercado, a CBS está dando especial atenção para o público jovem. E neste ponto de vendas tem duas cantoras adolescentes que vem merecendo especial atenção: Cláudia Telles, a encantadora filha de Silvinha Telles (1939-1966), faz agora o seu segundo elepe, enquanto a cearense Miss Lene, lançada há poucos meses, com grade carga promocional, ganha o seu primeiro longa duração. Cláudia e Miss Lene são garotas alegres, descompromissadas, que estão sendo "trabalhadas" pelos produtores da CBS de acordo com as regras do mercado: músicas [balançantes], bailáveis (especialmente miss Lene, na linha discotheque), lembrando quase o trabalho que há 188 anos, a Odeon fez com Cely Campelo, com versões de ingênuos rock. Mas Cláudia Telles, fazendo juz a inesquecível mãe, gravou em seu lp "Primavera" (Lyra/Vinicius), com um arranjo especialíssimo. As outras música não se destacam, mas também não comprometem: afinal quando se tem 18 anos e se inicia uma carreira, é tempo de descomprometimento e alegria. E Cláudia e Miss Lene estão curtindo esta fase. 5 - Vigoroso em relação aos trabalhos anteriores, polêmico como sempre (aparece despido na foto interna do álbum, o que provocou problemas com a Censura), o ex-Secos & Molhados, Ney Matogrosso (Ney de Sousa Pereira, Bela Vista, MG, 1941) é o único do grupo que existiu entre 1971/74, a se manter como grande sucesso. Deixando a Continental, onde, fez dois bons elepes, Ney estréia agora na WEA/Elektra, com "Feitiço", um elepe bem produzido, alternando músicas inéditas - "Bandolero" & Lucinha/Luli), "Mal Necessário" (Mauro Kwiko), "Fé Menino" (Gilberto Gil), "Rejeição" (Ricardo Pavão), com regravações criativas: "Dos Cruces" (Carmelo Larrea), "Não Existe Pecado ao Sul do Equador" (Chico/Ruy Guerra), "Angra" (João Bosco/Aldir Blanc) e "O Tic Tac Do Meu Coração" (Alcyr Pires Vermelho/Walfrido Silva). 6 - O Disco Mix é um novo processo de gravação em que se utilizando uma rotação mais rápida, uma única faixa ocupa todo lado de um lp de tamanho normal. O resultado é um som mais puro e limpo, ideal para quem exige qualidade. Só que até agora, as gravações neste processo estão se restringindo ao gênero discotheque. A Top Tap está lançando sete discos mix, com registros na linha discotheque, que merecem ser ouvidos como mostra da alta qualidade técnica do som. Os discos são com Ronnie Jones ("Soul Sister" / "Under My Thumb" / "It's The Same Old Soing Song"), Madleen Kane ("Rough Diamong /Fever"), Cláudia Barry ("Why Must A Gird Like Me/Dance, Dance, Dance"), Sylvester ("You Make Me Feel"/Disco heat), e mais os conjuntos Metropolis ("I Love Ney York/ The Sal-soul Orchestra (um arranjo discotheque de "West Side Story"), El Coco ("Love In Your Life/Dancing In Paradise"), e American Eagles (K."Kokka"). 7 - Na linha discotheque, de consumo imediato, outros lançamentos: "Placar do Sucesso" (Bandeirantes/WEA), com Robert Kelly, Blood, Sweat & Tears, Debb Boone, The Silver Convention, etc. Happy Days, também da Bandeirantes / WEA, soma cantoras como Denise La Salle e grupos como The Tramps, Sounds, etc. Finalmente, o volume 7 da série "Excelsior / A Máquina do Som", também na montagem de fonogramas de diferentes fábricas, Michael Johnson, Kate Bush, Malcoln Forest, Cláudia Barry, etc.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Música
44
08/10/1978

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