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Aramis

Em União da Vitória a última sessão do "Luz"

Mais uma última sessão de cinema numa cidade do Interior: o "Luz", de União da Vitória, cerrou suas portas exibindo para um pequeno número de espectadores a pornoprodução "O Sexo Nosso de Cada Dia", que mesmo com seqüências de sexo explícito não conseguiu renda sequer razoável. O cinema está fechado e só não será transformado em mais um supermercado se a Prefeitura conseguir viabilizar um projeto de fazer do mesmo um centro cultural. Há boa vontade, ao que consta, por parte do prefeito, mas faltam recursos. xxx Registrar melancólicas últimas sessões de cinema tornou-se rotina nos últimos 15 anos, período em que fecharam mais de 2 mil casas exibidoras no Brasil. As rendas cada vez menores, dificuldades dos exibidores conseguirem filmes (a CIC, por exemplo, não aluga suas fitas para cidades em que não haja um rendimento básico mínimo) e, principalmente, a concorrência da televisão e, a partir de 1982, do vídeo, fez com que as salas se fossem esvaziando. Prédios centrais, ocupando bons pontos comerciais, ocorre o óbvio: as empresas exibidoras acabam aceitando as melhores ofertas e os antigos "palácios de ilusões", em cujas telas iluminadas projetavam-se imagens que faziam o encanto de gerações até os anos 60, transformam-se em lojas de departamentos, supermercados, agências bancárias etc. xxx O Cine Luz pertencia à empresa Cine Diversões Ltda., cujos sócios eram os Srs. João Schumak (já falecido), Ludovico Blinder e Adelardo Jansen. Foi inaugurado em 6 de outubro de 1951 com uma superprodução da 20th Century Fox: "A Rosa Negra" (The Black Fox), 1950, de Henry Hathaway (1898-1985), com Tyrone Power (1914-1958), Orson Welles (1915-1985) e Jack Hawkins (1910-1978) - um capa-e-espada ambientado na Inglaterra. Dois dias após a inauguração, ali estreava o musical "Nasci para Bailar" (Born to Dance), 1936, de Roy Del Ruth, com Elanor Powell, James Stewart e Una Merkel, embalados por canções de Cole Porter (1891-1964). xxx Com o fechamento do cine Luz, União da Vitória não tem mais nenhuma sala de exibição. O mesmo grupo de proprietários ainda mantém (até quando?) o cine Ópera, na cidade-irmã, em Porto União, Santa Catarina.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
08/10/1989

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