Em vídeo, os filmes sobre o apocalipse
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 01 de dezembro de 1990
Uma filmografia sobre a contaminação nuclear alcançaria, facilmente, uma centena de títulos, incluindo desde produções do tipo "B" até filmes recentes. O cinema japonês refletindo o trauma daquele país ter sofrido dois bombardeios de bombas atômicas (Hiroshima e Nagasaki, agosto de 1945), tem se voltado a esta temática, desde science fictions sobre mutações genéticas provocadas em animais até dramas reflexivos. Os americanos também têm se mostrado sensíveis - e de science fictions com transformações de insetos em monstros ("Tarântula"; as formigas de "O Mundo em Perigo"), chegando a dramas que funcionam até como documentários de antecipação, como "A Síndrome da China" (1979, de James Bridges), que denunciando a falta de segurança de uma usina nuclear estreou exatamente três semanas antes do acidente de Three Miles Island. A tragédia de Chernobyll já rendeu meia dúzia de filmes russos - que têm tocado o dedo na ferida.
Em 1959, um dos filmes de maior impacto foi a superprodução "A Hora Final" (On the Beach), de Stanley Kramer baseado em romance de Nevil Shute, com um elenco liderado por Gregory Peck, Fred Astaire e Ava Gardner.
Entre os filmes abordando a temática há dois recentíssimos lançamentos da Transvídeo, já a disposição na Disc Tape e Master Vídeo: "Síndrome Nuclear" e "Os Senhores do Holocausto".
Dirigido por Peter Markle, "Síndrome Nuclear" examina as conseqüências do treinamento do exército americano para que os soldados se habituassem em 1956 - no auge da guerra fria - a combater sobre efeitos de radiações nucleares, no chamado Projeto Nigthbreaker. Trinta anos depois, um neurologista, Alexandre Brown, que participou do projeto, ao receber uma medalha por suas pesquisas, reencontra os homens que participaram do projeto, todos sofrendo de seqüelas psíquicas ou físicas geradas pela exposição à radiação. Brown conscientiza-se, então, da necessidade de denunciar os riscos da corrida nuclear. Com duração de 98 minutos, "Síndrome Nuclear" reúne em seu elenco intérpretes revelados nos últimos anos: Martin Sheen, Emílio Esteves, Lea Thompson, Melinda Dillow e Joe Pantolian.
Já "Os Senhores do Holocausto", de Joseph Sargent, é outro filme notável, também chegando em vídeo, pela CIC: "O Começo do Fim" (The Shadow Makers), 1988, de Roland Joffe.
Ambos têm como personagem central o cientista Robert J. Oppenheimer (1904-1967), coordenador do projeto Manhattan, desenvolvido em Los Alamos, no Novo México, entre 1942/45 e que resultou na bomba atômica - lançada por determinação do presidente Harry S. Trumann (1884-1972) sobre o Japão, para colocar fim a II Guerra Mundial. É interessante conhecer as duas versões de como transcorreu o projeto Manhattan - desenvolvido pelo Exército (num investimento na época de US$ 2 bilhões), reunindo os maiores cientistas que os Estados Unidos puderam abrigar, vindo de vários países e confinados durante meses numa operação militar para produzir os artefatos apocalípticos que mudaram a história da humanidade. Produção de 1989, reúne Brian Denneby (de "Coccon" e "Rambo"), Hal Holbrook (de "Magnun 44") e David Strathairn, que atuou em outro filme notável: "Silkwood - A História de uma Coragem" 1983, de Mike Nichols, baseado em fatos reais sobre a contaminação numa usina, denunciada por uma funcionária que acaba sendo misteriosamente assassinada.
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