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Emir, o polêmico, quer ser vereador

Foi dada a partida e até 15 de novembro há múltiplos aspectos que fazem da política ser notícia - em seus vários ângulos e cuja cobertura não se restringe as colunas editoriais especializadas. Definidos os candidatos a prefeito e vice, oficializadas as listas dos milhares de candidatos as Câmaras, há farto material para informar aos eleitores aspectos de cada candidato - ou ao menos de alguns que, do folclórico ao valor individual, mereçam registros. Das centenas de candidatos que buscam uma das vagas da Câmara de Curitiba, poucos são mais polêmicos do que o ex-padre Emir Calluf, hoje próspero psicólogo e que após ter mantido um discreto namoro com o PMDB, acabou aceitando o convite do Partido Liberal para iniciar sua carreira polítca. Ex-jesuíta, hoje casado com a sra. Munira, dois filhos - Emir Jr, 8 anos; Amanda, 6 - dono de um respeitabilíssimo patrimônio (seu pai, grande comerciante libanês, deixou imensa fortuna) Calluf é há mais de duas décadas um homem que provoca acirradas discussões. Odiado por muitos, mas também com seus admiradores, reconhecidamente um homem decidido. Fez cursos de oratória que o tornaram de fala fácil e comunicativa, estudou em universidades americanas e com o programa "Um lugar ao sol", desde os primeiros tempos da TV-Paraná, fez uma audiência que, tentaria, posteriormente, passar para outros veículos - inclusive programas de rádio. Paralelamente ao seu afastamento da Igreja - que hoje o tem como um inimigo satânico, desagregador e perigoso - Emir vem publicando livros e artigos, cada vez mais agressivos (ou corajosos, dependendo da ótica com que se encare), mas que, para sua frustração, não tem merecido respostas, evitando assim a Arquidiocese (por certo, obedecendo instruções superiores) alimentar fogueiras da polêmica - que, para Emir, representariam bons dividendos, mas que enfraqueceriam seus oponentes - já que em sua metralhadora giratória tem uma liberdade de ataque bem mais ampla e audaciosa. Para se dedicar apenas a campanha política, Emir já começou a desativar sua clínica de orientação psicológica, num dos imóveis que possui na Rua Jaimes Reis, ali instalado o seu principal comitê eleitoral - ironicamente há poucos metros da Arquidiocese. Homem de sólidas posses e com amigos poderosos, Emir Calluf sabe que entre (muitas) acusações está a de ser cabeça-de-ponte, em termos locais, do poderoso Reverendo Moon, líder de uma das mais poderosas organizações pró-direita, com tentáculos internacionais. A convite das organizações do reverendo Moon, Calluf esteve em várias convenções internacionais - embora afirme que viajou sempre "sem compromissos maiores", apenas como observador liberal do que acontece no mundo. Chegou a escrever artigos a respeito, pois, mesmo seus mais fidigais inimigos, não escodem que Calluf sempre colocou suas idéias abertamente - o que lhe tem custado não só hostilidades, mas mesmo ameaças. Desde a chocante adjetivação que fez de prostituta a atriz Leila Diniz, quando todo o Brasil chorava sua trágica morte - as análises críticas a Igreja, Calluf acostumou-se a provocar hostilidade, ataques e mesmo ameaças físicas. Afirma que jamais andou armado, mas seus amigos mais íntimos garantem que, embora quase sexagenário, conserva a mesma rigidez física de seus tempos de infância - e que até conhece golpes mortais de karatê, para defesa pessoal. Até hoje, ao que se saiba, entretanto, não sofreu nenhum ataque físico. xxx Quem convive com Emir Calluf espanta-se com a tranqüilidade com que vê sua campanha, confiante em seu carisma e identificação com segmentos conservadores que o desejam como representante na Câmara - primeiro passo para uma carreira mais ambiciosa. Uma preocupação existe entre as muitas forças que dele discordam: inteligente, bom orador, se eleito, terá um natural destaque na Câmara - ao menos se repetir-se a lamentável bancada que, nestes últimos anos, fez da Câmara de Curitiba, se pautar por brigas, escândalos e acusações - com raros dos eleitos dignificando o mandato. E, infelizmente, a maioria dos vereadores pretende a reeleição.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
11/08/1988

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