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Aramis

Emoção do real em "Feliz Ano Velho"

A emoção que "Feliz Ano Velho" (auditório Bento Munhoz da Rocha Neto, até domingo, 21 horas) passa ao espectador é imensa. O fato de ser uma honesta recriação do depoimento de um jovem de 20 anos que, há 6 anos passados, ficou paralítico - e ser, filho de um deputado cassado e morto pela repressão (Rubens Paiva) - dá a esta montagem teatral maior carga humana. No comentário que aqui publicamos na terça-feira, devido a erros de impressão, houve algumas trocas de nomes. Entre elas a do adaptador do livro de Marcelo Rubens Paiva. Foi Alcides Nogueira quem trabalhou no texto (um bet-seller, aproximando-se da 40ª edição, já com mais de 200 mil exemplares vendidos), num tratamento que enriqueceu a narrativa. Assim, cenas de namoro entre Eunice e Rubens Paiva, discursos deste último na Câmara dos Deputados e citações de nomes conhecidos - como o diretor Flávio Rangel e o ex-ministro e atual secretário do governo paulista Almino Affonso, criaram uma atmosfera de maior empatia - como tão bem observou João Cândido Galvão. O diretor da montagem é Paulo Betti, que anteriormente já havia trabalhado sobre outro texto não-ficção e produzido um brasileiríssimo espetáculo: do ensaio "Os Parceiros do Rio Bonito" de Antônio Cândido realizou "Na Carreira do Divino", espetáculo que consagrou o grupo Pessoal do Vitor. Sendo uma peça extremamente atual e brasileira, "Feliz Ano Velho" é um espetáculo universal ao narrar - numa linguagem moderna, com o uso de flash-back (recurso pouco usual no teatro) a esperança de um jovem que perdendo os movimentos devido a um acidente aprende a redescobrir a vida - num exemplo que de Helen Keller (1888-1968), ao paulista João Carlos Pecci (o irmão de Toquinho, paralítico devido um acidente de automóvel aos 28 anos) tem estimulado humanos testemunhos trazendo esperanças a milhões de outras pessoas que sofrem deficiências físicas. "Feliz Ano Velho" é um espetáculo de imensa beleza, de visão obrigatória por todos que se interessam não só por teatro mas tem sensibilidade de entender ao próximo. Um espetáculo que em texto, montagem e, especialmente, interpretações, gratifica o espectador. A montagem já obteve 14 prêmios (Moliére, Mambembe, Apetesp, Apca, Inacem) e tem pontos altos como Denise Del Vecchio, com um trabalho excepcional. Mariangela Alves de Lima d'"O Estado de São Paulo", registrou a propósito de sua interpretação: "A intensidade das emoções no rosto e na voz da atriz são mais do que vividas, são verdadeiramente recriadas por uma intérprete que tem maturidade artística para compor os mínimos detalhes sem parecer artificiosa. É uma qualidade preciosa dentro de uma vida teatral, onde é tão difícil crescer". LEGENDA FOTO - Denise: interpretação verdadeira.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
11
14/03/1985

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