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Engano na construção da Igreja provocará debate

A confirmação que a professora Cecília Maira Westphalen, diretora em exercício do Departamento de História da Universidade Federal do Paraná - e uma das mais respeitadas mestres brasileiras - fez ao gravar seu depoimento para o Projeto Memória Histórica do Paraná, no engano de nada menos que 70 anos na edificação da Igreja de N.S. do Rosário, em Paranaguá, começa a provocar, naturalmente, discussões. Pela seriedade com que a professora Cecília sempre cercou seu trabalho, ao longo de 38 anos de magistério e mais de 150 publicações, 15 viagens ao exterior, sempre fazendo cursos e participando de seminários, congressos e reuniões científicas, evidentemente que sua palavra tem um peso grande. Assim, será muito difícil contestar suas pesquisas - completadas há pouco mais de um mês, quando de sua última passagem por Paris, junto a Biblioteca Nacional - em relação ao engano de quase um século na data atribuída à construção da primeira Igreja no Paraná - 1578 - e quando realmente teria sido edificada, ou seja, em 1648. xxx Extra-oficialmente, sabe-se já que o prefessor Hugo Pereira Correa, historiador parnanguara e presidente do Instituto Histórico-Geográfico do Paraná, leu com atenção a notícia que aqui publicamos no domingo, na qual a profesora Cecília levantou sua tese: especialista em História Antiga, achava estranha que já sete anos após o Papa Pio V ( cujo episcopado estendeu-se entre 1566 e 1572) ter determinado o culto de N.S. do Rosário, como gratidão a vitória dos cristãos contra os turcos, já ter sido erigida uma igreja numa pequena povoação do Sul do Brasil, descoberta 78 anos antes pelos portugueses. As comunicações na época eram demoradíssimas e mesmo com todo o poder da Igreja e fé dos lusitanos, a construção da mesma não podeira ter ocorrido tão rapidamente. O fato é que uma explicação mais lógica e concreta, baseada em documentos agora localizados pela professora Cecília nos arquivos da Biblioteca Nacional, em Paris, confirmam outros fatos. Em 1646, o Marques de Cascaes foi designado pelo Rei de Portugal para viajar a Paris e apresentar a rainha-viúva de Luiz XIII, as condolências por sua morte. A viagem, por mar, foi difícil devido a perigosas tempestades e, numa delas, quando a embarcação em que viajava o Marquês ameaçava submergir, ele apelou a N.S. do Rosário, protetora dos cirstãos no mar. O navio resistiu e o Marquês dedicou o resto de sua vida a cultuar a Virgem do Rosário. Homem poderoso e riquíssimo, com imensas posses no Brasil, determinou que a Igreja em Paranaguá fosse eregida em louvor a N.S. do Rosário. Estas determinações, segundo a professora Cecília, constam de relatórios que ela folheou em Paris, confirmando, assim questões que há anos a intrigavam. xxx Vieira dos Santos, primeiro historiador paranaense, foi quem registrou a data de 1578 como a da construção da Igreja de N.S. do Rosário, em Paranaguá. Aceita como verdade histórica, nunca foi questionada sua exatidão - o que pela primeira vez é levantado pela professora Cecília Maria Westphalen. Natural, portanto, que os que se dedicam a nossa história- especialmente os parnanguaras - agora se manifestem - seja para concordar com a nossa grande mestre universitária ou, então, discordarem. Mas que, neste caso, tenham argumentos e documentos sólidos.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
29/07/1988

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