Login do usuário

Aramis

Esta gente afinada que fez o bom som de 1985

Sem ordem de importância, classificação ou grandeza - e sujeito a naturais falhas e omissões - alguns nomes ligados à música brasileira - e paranaense - que, no decorrer de 1985, pelo seu trabalho e talento, merecem ser lembrados em qualquer revisão do que de importante aconteceu neste ano. ANTONIO ADOLFO (MAURITY SABÓIA), 38 anos, pianista, compositor e produtor musical - pioneiro da produção independente há 10 anos passados ("Feito em Casa") e que chegou a 1985 com mais um precioso resgate do melhor da MPB. Depois de Ernesto Nazareth ("Os Pianeiros ", 1981) e jão Pernambuco (lp dividido com o conjunto Dando Nó em Pingo D'Água ), Antonio Adolfo revela preciosas músicas de Chiquinho Gonzaga (1847-1935), incluindo um tema - "A Côrto da Roça" [A Côrte da Roça] , que tranquilamente figura hoje, como um dos mais belos do ano - exatamente um século depois de ter sido composta para uma opereta estreada a 17-01-1885, no Rio de Janeiro. EÇA ,LUIZ - Ao chegar aos 50 anos - completados em 3 de abril - Luizinho Eça, fundador do Tamba Trio , está em sua melhor forma: dedicando-se mais ao magistério do que à noite, fez dois marcantes lps: um com os seus companheiros Luiz Avellar e robertinho Silva ("Triangulo") e outro, extremamente romântico, com o cantor Pery ribeiro - na base do piano e voz (edição Continental0, mostrando todo seu virtuosismo. GISMONTI , EGBERTO - Consagrado Internacionalmente com mais de 30 lps gravados (12 dos quais já em ediÇão laser, na europa, Estados Unidos ), com 15 lps, lanÇados pela Carmo, sua própria etiqueta, mergulhou nas raizes do nacionalismo e terminou o ano com um álbum ("Trenzinho Caipira", Odeon), redescobrindo/ revalorizando a obra de nosso maior autor, Villa Lobos (1887-1959). CARRILHO, MAURICIO, violinista e arranjador do ano. Ex-integrante do ( excelente ) grupo Camerata Carioca, mergulha na produção musical e realizou, com estimulo de Hermínio Bello de Carvalho, dois elepes maravilhosos: Orquestra de Cordas Dedilhadas e o lp do violinista Jacaré, de Recife. LEÃO, NARA - ao chegar aos 40 anos, Nara Leão continua, artística e pessoalmente a mesma de há mais de duas décadas, desde os tempos de Musa da Bossa-Nova: a mais conciente/coerente cantora brasileira. Tranquila, com sua voz especial, fez mais um disco antológico - desta vez apenas com o violão de seu amigo e produtor Roberto Menescal ("Um Cantinho, Um Violão", Polygram), repetindo depois, no Japão, o mesmo esquema para uma gravação em laser , a sair agora no mercado internacional. LIDIO ROBERTO - Compositor e intérprete paranaense, vencedor de inúmeros festivais regionais, finalmente chegou ao seu primeiro lp. Um disco produzido com ajuda de amigos - especialmente ne [de] Mara Fontoura, líder d'As Nymphas (grupo que apesar das dificuldades, continua a sobreviver), com canções bonitas. Não teve, entretanto, a repercussão merecida. HOMERO REBOLLI - Outro compositor curitiba que chegou ao disco em 1985. Autor de vários sambas de enredo (sempre em parceria com Cláudi Ribeiro), gravou um compacto duplo, harmonioso e agradável. Também não encontrou a repercusão merecida mas vale pelo esforço . SERGIO RICARDO - Há anos sem gravar, dedicando-se mais ao cinema de curta-metragem (enquanto sonha com um longa: "Zelão"), Sergio finalmente levou ao disco, com magníficos arranjos de Radamés Gnatalli, a musicalização que fez para "João/Joana", cordel de Carlos Drummond de Andrade, transformando em espetáculo de balé. Produção independente, um dos melhores discos do ano. TEREZA SOUZA, compositora e, especialmente produtora cultural, ao lado do marido, também compositor WALTER SANTOS, viu a sua etiqueta - O Som da Gente - chegar ao 3º ano de atividades, com catálogo dos mais respeitados. Encerrando o ano, lanÇou dois dos melhores discos de 85: do pianista Cido (ex-Jongo Trio) e do violinista Almir Sater . TAVINHO MOURA, mineiro, ganhou todos os prêmios possiveis entre 84/85 pela maravilhosa trilha que fez do filme "Noites do Sertão", de Carlos Alberto Prates Correa, da novela de Guimrães Rosa. Uma trilha perfeita perpetuada num lp independente (Quilombo, Rua Timbiras, 301, Belo Horizonte) que é, sem favor, o melhor disco de 85. Trazendo, entre outras obras-primas, a música -título que também está no lp de Milton Nascimento ("Encontros e despedidas", Barclay). MARLOS NOBRE, 46 anos, compositor contemporâneo hoje reconhecido internacionalmente, requisitado para criar obras especiais em vários paises, foi eleito presidente do conselho Internacional de Música, órgãol ligado à Unesco. Marlos, que foi o implantador e primeiro diretor do INM/Funarte ; passa, assim, a ter uma agenda inaternacional de compromissos ainda mais apertada. CARLOS DE FREITAS - Baterista durante anos Sam-Jazz, o estimado Carlinhos deixou o grupo mas merece destaque na produção musical do Paraná. Depois de ter sido o grande braço direito de Percy Tamplim na implantação do Sir, passou para um novo estúdio (Multimix) , onde ficou poucos messes: Já voltou à casa antiga e graças ao seu talento como engenheiro de som - reconhecidamente, um dos mais capases do País- valorizou: todos os discos prduzidos: o da Camerata Antiqua (executando autores brasileiros),o do ,Studium Musicae (``As Cruzadas``) e neste final do ano, o belo disco de cítara com sra. Inge Bruns, que com vocais de sua filha, Cora e um repertório interessantes, se constituiu num dos elepes mais interessantes produzidos entre nós. NORTON MOROZOWICZ,, flautista e regente- há 4 anos no comando da Orquestra de Câmera de Blumenau, fez 60 consertos em 1985. Apresentou-se em quase todas as capitais- duos, trios, com a OCB ou com a Sinfônica Brasileira (da qual é primeiro flautista).Foi ainda quem ainda articulou o novo disco da Orquestr ade Câmera de Blumenau, patrocinado pela Basf, com obras de Nepomuceno. Para 1986, entre outros projetos, um novo álbum, desta vez com peÇas de Waldemar Henrique e Radamés Gnatalli. ALUISIO FALCÃO, diretor do Estúdio Eldorado, manteve a excelente linha de produções voltada à música brasileira - tanto na á area popular como erudita. Com edições selecionadas, dentro de uma faixa própria, o Eldorado está entre as etiquetas que realiza o melhor e mais sério trabalho cultural no Brasil. MAURÍCIO QUADRIO, diretor de projetos especiais, da CBS, levou para esta multinacional, a mesma coerência que o fez marcar sua passagem pela Polygran e Odeon: lançamentos do que há de melhor no clássico jazz. ROBERTO DE REGINA, médico anestesista que há mais de 30 anos passou a se dedicar à música antiga, é há mais de dez anos o grande responsável pelo que de melhor ocorre na música no Paraná. Através da Camerata Antiqua, por ele fundada, tem feito inúmeros concertos em todo o País, já gravou vários elepes e, em solo, ao cravo, está registrando a obra de bach para este instrumento. Aos 58 anos - carioca de 12 de janeiro de 1927 - Roberto Miguel de Barros Regina há muito merece o respeito e admiração de todos que sabem reconhecer o que de bom acontece em termos culturais no Paraná. ROBSON BORBA, paranaense de Londrina, radicado em São Paulo, foi o produtor do primeiro lp de Arrigo Barnabé ("Clara Crododilo", 81) [Clara Crocodilo] e o grande responsável pelo boom deste explossivo talento. Em 1985, o próprio Robson iniciou sua carreira de cantor e intérprete, com um trabalha vanguardista e dificl ("Rabo de Peixe/Peter Pan...K", produção independente), com o queal [qual] veio ao paiol. Já Arrigo, hoje um nome nacional, se firma agora em outros campos: depois de interpretar a fitura [figura] de Orson Welles em "Nem Tudo é Verdade" de Rogério Sganzerla, é o ator central do novo filme de Chico Botelho em fase de produção. E continua fazendo música. AIRTO MOREIRA, 45 anos, catarinense de taiópolois, há 15 anos nos Estado nidos, voltou a ter um disco editado no Brasil este ano: "Céu & Tierra", (Odeon, 1985) em duo com o guitarrista Al Di Miola, com quem tem feito constantes apresentaçõesnos Estados Unidos ( e um segundo lp acaba de sair). Em visita ao [aos] familiares, em Curitiba, neste final do ano, confirmou a boa notícia: no primeiro semestre de 1986 aqui volta, desta vez com esposa Flora, para apresentações no Rio, São Paulo e Curitiba.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Up-to-date
6
29/12/1985

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br