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Aramis

Faltou um toque de Woody para o Alda

Assistindo-se "Até que a Vida nos Separe" (Lido I, até amanhã, 5 sessões), uma pergunta pode ser feita: qual seria a forma com que Woody Allen trataria este roteiro? Isto porque o ator-roteirista-diretor Alan Alda, 52 anos, como o realizador de "Setembro", tem se mostrado preocupado em discutir os relacionamentos afetivos. Em seu filme de estréia, "As Quatro Estações do Amor" (The Four Seasons, 1981), ao som da música de Vivaldi, mostrava a ciranda de dois casais e seus problemas, com toques de humor. Agora, sete anos depois (e após um filme só possível de ser visto em vídeo, "Doce Liberdade", 1986), Alda retoma também os encontros e desencontros amorosos: "A New Life" trata do reaprendizado afetivo de um casal que se desquita após 23 anos. Steve Giardino (Alda) e Jackie (Ann Margret) separam-se e tentam recompor suas vidas. Ele, inseguro, sofrendo a crise dos cinqüenta se aproximando, encontra na médica Kay Hutton (Veronica Hamel) a chance de uma segunda vida - mas que tem suas imposições, inclusive uma dedicação maior à família do que à Bolsa de Valores - causa do fracasso de seu primeiro matrimônio. A ex-mulher, Jackie, também tem dificuldades de reencontro afetivo e um amante carinhoso, o garçom-escultor Doc (John Shea), em seu excesso de atenção, torna-se opressivo. No final, entretanto, tudo termina bem, como uma lição moral de que a separação não mata ninguém. Ao som de uma esplêndida trilha sonora - aqui com concertos de Bach substituindo a Vivaldi de "The Four Seasons", "Até que a Vida nos Separe" é gracioso, terno e emotivo - mas falta aquele humor profundo que Allen saberia, por certo, dar - pois mesmo nas situações mais provocativas ao riso - como as experiências que Steve e seu companheiro de Bolsa e bares, Mel Arons (Hal Linden), tem com um gay adepto do golpe do suadouro, não conseguem a descontração maior do espectador. Bom ator, cineasta em formação, Alan Alda caminha numa linha intimista e pessoal. Embora com um atraso considerável sobre Allen, um ano mais moço e já com uma dezena de obras-marco, das quais pelo menos 3 obras primas.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
19/10/1988

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