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Aramis

A ferrovia & o tempo

Talvez por julgar que a data não merece comemoração maior ou por falta de condições financeiras e técnicas - não ficando também afastada a hípotese de esquecimento total - até agora a direção da Rede Viação Paraná Santa Catarina não anunciou qualquer programação para marcar uma importante efermeríde ferroviária: a inauguração da estrada Curitiba-Paranaguá, ocorrida há 90 anos: Dia 2 de fevereiro de 1885. xxx Há 10 anos a RVPSC marcou a data com a edição de um bem impresso folheto e uma exposição na Bibliotéca Pública, organizada pelos jornalistas Milton Cavalcanti, Ronald Osti Pereira e Cicero Catani do Amaral, associados ao pintor e programador visual Domício Pedroso, numa firma especializada neste tipo de tarefas que, entretanto, não passou desta primeira realização. Da firma fazia parte também o arquiteto Jehuda Saghy, marido da violinista Carmela Saghy que marcou época na intelegentza tupiniquim na primeira metade dos anos sessenta. Hoje o casal vive num kubutz, em Israel. xxx Para não repetir o que foi feito há 10 anos, a direção da RVPSC caso quisesse que a efemeríde não passasse em brancas nuvens, poderia ter providenciado um levantamento histórico-sociológico em torno das transformações que a construção da grandiosa obra idealizada pelo engenheiro Antonio Rebouças trouxe ao Paraná nos anos oitenta do século XIX. Além dos nove mil homens que trabalharam para a construção dos 110 quilômetros da obra - centenas dos quais morreram em acidentes e vítimas de malária e tifo - a sua construção fez com que viessem para o Brasil muitos técnicos italianos, ingleses e franceses - que por aqui acabaram ficando, troncos, de algumas famílias hoje tradicionais do Estado. xxx Foram muitos os homens que trabalharam para que a estrada de ferro pudesse ser concluida em apenas cinco anos (e quando se pensa que a Central do Paraná, hoje com amplos recursos tecnológicos, se arrasta tartarugamente há quase 40 anos) mas o nome do engenheiro João Teixeira Soares (1848-1928), mineiro de Formiga, falecido em Paris, é lembrado como o grande comandante do empreendimento. A Compagnie General Des Chemins-du-Fer Brasíliene foi a principal empreiteira da obra, cujo primeiro trecho - Paranaguá- Morretes, foi inaugurado em 1883, no Dia do Paraná.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
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18/01/1975

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