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Aramis

Festival Soviético

A boa iniciativa da Fundação Cultural em patrocinar a vinda a Curitiba na Semana do Cinema Soviético - terceira que a Embaixada da URSS e a Sovexport Film promovem no Brasil, mas primeira vez que vem ao Paraná - e oferece, esta semana, oportunidade ao público conhecer o novo cinema russo. Apesar da tradição de alguns clássicos - como os filmes de Eiseistein, o cinema soviético é pouquíssimo conhecido no Brasil. Só duas ou três fitas conseguiram fazer razoável carreira ("A Balada do Soldado", "Quando Voam as Cegonhas") de forma que há muitos anos nenhum distribuidor se anima a apresentar qualquer produção da URSS - o que faz com que praticamente desconheçamos completamente este vigoroso cinema. Abrindo com "A Estréia" (Narchalo), de Gleb Panfilov, o festival (sessões no auditório do Clube Curitibano 20h30min) vai mostrar produções dos últimos anos, em vários gêneros. O filme de abertura, por exemplo, foi uma agradável comédia sobre os problemas de uma operária que se transforma em atriz, interpretando o papel numa proletária versão da história da Santa Joana D'Arc. Mesclando o próprio filme em realização, com o cotidiano na solitária vida de Pascha Stroganova (sensível interpretação da Inna Tchorikova), "Natchalo" é uma espécie de "A Noite Americana" (73, de Froçois Truffaut) visto na ingênua ótima socialista. Independente das falhas técnicas, o filme foi visto com agrado pelo (infelizmente) reduzido público que compareceu. Em complemento, um interessante cartoon de Vladimir Dakhno intitulado "Como os Cossacos Jogavam Futebol", que provocou do pintor João Osorio Brzezinski, um oportuno comentário: "é curioso que o Brasil, com toda sua tradição esportiva, não tenha, até hoje, realizado um único desenho animado sobre o futebol". Ontem, foi exibido "Lika, O Amor de Tchéko", 1969l, de Serguei Yutkévitch. Para hoje, um filme que recebeu a Medalha de Ouro no IV Festival de Moscou, em 1969: "Segunda-feira Nós Veremos" (Dojivem Do Pniedelnika), de Stanislav Rostotski. A ação decorre em três dias na vida de um professor, seus problemas, seus amores e conflitos com os estudantes. Sexta-feira, haverá a projeção de uma superprodução de características épicas: "O Príncipe Igor", baseado na ópera de Alexander Borodin e que tem inclusive a participação da orquestral e corpo de baile do Teatro Kirov, de Leningrado. Amanhã, talvez o filme mais atraente desta mostra: "A Gaivota", de Yuli Karassik, inspirado na peça de Anton Tchekov. Pela oportunidade que oferece ao público interessado em conhecer a moderna cinematografia russa, este Festival merece ser prestigiado. E dificilmente estes filmes - todos com legendas em português e cópias novas - serão apresentados em circuitos comerciais. Em tempo: a entrada é gratuita.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
4
16/04/1975

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