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Aramis

Filó, Vergueira e Farney

Há algumas semanas, na Sala Sidney Miller (Funarte, RJ), após a apresentação de Filó, (José Sérgio Machado, Ribeirão Preto, 3/2/1951), aproximou-se um musicólogo do Haiti, que, entusiasmado com o seu ritmo, o convidou para uma temporada naquele País. Foi objetivo: - << De tudo que ouvi agora no Brasil, V. é o mais original >>. Realmente, Filó é um dos compositores-interpretes de maior carga pessoal-artistica que já ouvimos. Comparado, injustamente, a Djavan - de quem é grande amigo, Filó tem uma personalidade muito própria. Há 3 anos, num lp da Continental, já mostrava isto - reafirmado agora em << Origens >>, o explêndido lp que fez na Pointer, a nova etiqueta de José Maurício Machline, distribuída pela WEA. Na faixa-título, há inclusive a participação especial de Djavan, admirador de seu estilo e swing - e que sente em Filó um dos grandes talentos aparecendo nesta década. São 11 faixas, nas quais as parcerias dividem-se entre a esposa Judith de Souza, Ana Terra, Sérgio Natureza, Aldir Blanc, Fátima Guedes, sempre com resultados excelentes. Filó é um novo artista para ser ouvido com a máxima atenção, pois traz, em si, uma criatividade rara na música brasileira de nossos dias. Compositor de grande regularidade, bons amigos a parceiros (Toquinho, Aluizio Falcão, Paulinho Boca de cantor, Danilo Caymmi, Novelli etc.). Carlinhos Vergueiro ainda não encontrou o lugar que, sem favor nenhum, merece. Há 10 anos na estrada, com uma obra romântica, de boas raízes, Carlinhos tem passado por várias gravadoras e agora, em << Felicidade> (CBS/Opus-Columbia) traz uma coleção duversufucada [diversificada] de ritmos e estilos - mas sempre dentro de suas características, dando , assim, um back-ground explêndido. Carlinhos Vergueiro canta suave e bonito, tanto no irônico << A Voz do Brasil >>, no << Sonho de Salsa >> como nos momentos de maior romantismo (<< Ciúme >>, << Tempo Na Mão >>, << Uma Estória de Amor >>), fazendo aqui também um novo registro do belíssimo << O Ilusionista >>, com o qual participou no MPB-Shell 82. Aqui, o arranjo é de Oscar Castro Neves, destacando-se uma grande secção de cordas, duas flautas, oboé e harpa - enfim, um tratamento refinadíssimo a esta suave canção. Dick Farney (farnésio Dutra e Silva), aos 63 anos - a serem completados no próximo dia 14 de novembro -, continua o mesmo requintado, elegante e sofisticado cantor dos anos 40, o primeiro a gravar << Tenderly >> - bom pianista de jazz e, sobretudo, grande segurança vocal. Nos últimos anos, Farney vinha repetindo o repertório de sucesso de décadas passadas, razão que o afastou de um público mais jovem. Felizmente, em seu novo lp - o segundo que faz no Som da Gente (<< Feliz de Amor >>), Dick valoriza com sua belíssima voz, composições novas como << Feliz de Amor >> (Walter Santos/Ghandula), << Caricia >> (Luiz Horta-Zelão), << Noturna em São Paulo >> (Cido bianchi-Sérgio Lima) - e, mesmo em músicas mais antigas e conhecidas, dá um << approach >> todo seu, fazendo este um disco indispensável aos fãs de música suave e bem apresentada. Um belo e enternecedor elepê, que só por uma faixa - << Azul contente >> (Walter Santos/Tereza Souza) já merece ser adquirido. FOTO LEGENDA 1- Carlinhos FOTO LEGENDA 2- Vergueiro Dick: músicas novas. FOTO LEGENDA 3- Filó Origens
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Jornal da Música
1
23/10/1983

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