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Aramis

Focus, Pink, Moody, ELP, Genesis, e Roxy. Os bons.

Ao lado do chamado rock-alemão com grupos da mais alta importância (Nektar., Kanguru, Jane, Cornucopia, etc.), desenvolvendo um trabalho de música pop/contemporânea com muita base e que se pode perceber pelos primeiros álbuns destes conjuntos lançados no Brasil pela Top Tape, já comentados em nossa coluna diária (Jornal do Espetáculo, 2ª página, do 2º caderno), a Holanda também tem alguns grupos de jovens extraordinários. "Focus" foi o primeiro dos conjuntos do País da Rainha Juliana a chegar ao Brasil naturalmente através da Phonogram / Philips que apesar de ser holandesa, - tem sido discretamente econômica da promoção da música daquele país entre nós. O que é lamentável a julgar pelo nível do Focus, cujo álbum "Hamburger Concerto" (Polydor, 2383284, outubro/74), mereceu as citações da crítica internacional como um dos melhores do ano passado. Aliás, o Focus não foi o primeiro grupo de música pop fora do eixo anglo/germânico a alcançar um local de destaque no universo do som jovem nos últimos anos. Como registrou Tárik de Souza (JB-13/5/74), quando os melosos Bee Gees invadiram as paradas de sucessos internacionais, estavam fazendo um percurso então incomum. Apesar de ingleses, eles haviam começado a se projetar através do pouco influente mercado australiano. Cerca de um ano depois, em 1968, um grupo belga, conseguiu também furar o monopólio anglo-americano do rock. Os Wallace Collection chegaram a participar até do Festival de Canção Brasileiro antes de perderem todas as forças. Também em 1968, o grupo grego Aphrodite Child conseguiu internacionalizar seu êxito. Mas apenas nos princípios dos anos 70 o rock distante do eixo Estados Unidos - Inglaterra começou a projetar-se com ímpeto maciço. Até um conjunto italiano - o Premiata Forneria Marconi - passou a ter seus discos comentados pelos jornais "Rolling Stones" (EUA) ou "Melody maker" (Inglaterra). Os holandeses do grupo Focus, porém, foram (ou vieram) mais longe. Com curta promoção e um único êxito no hit-parade americano conseguiram lotar o Central Park de Nova Iorque. Seu guitarra-solo Jan Akkerman, foi eleito pela "Melody maker", como o melhor de 73 e cada novo LP do grupo é coberto de elogios pela imprensa influente do rock. "Movies waves", segundo lp do grupo no Brasil apesar de sair aqui, em 74, com atraso de quase três anos apresentava os traços básicos da música do quarteto. Já "Hamburger concerto", lançado na Europa em maio do ano passado e no Brasil cinco meses depois, foi o resumo de uma temporada alemã, onde a inclusão de um novo baterista Collin Allen (ex-Zoot Money, ex-John Maya, ex-Stone e ex-The Crows) deu mais movimento cenico, além de ampliar o realce do veloz baixista Bert Ruiter. Nas onze faixas deste "Hamburger concerto", sente-se toda a dimensão das propostas instrumentais/vocais dos integrantes do Focus. O uso de cravo, cantos gregorianos, longos solos de flautas e órgãos de igrejas, fazem com que este lp mereça a atenção inclusive dos estudiosos de música religiosa. Aliás, tanto o Focus, como o Mahavishnu Orchestra de John McLaughlin, para só citar dois exemplos, deveriam ser ouvidos com atenção pela garotada que acha que "curtir um som" é fazer barulho. Tijs Van Leer, no órgão, piano, flauta, sintetizador e outros instrumentos, inclusive vibrafone, além de vocais: Bert Ruiter na guitarra, triângulos, cimbalos, swiss bolls, Colin Allen, na percussão e Jan Akkerman nos tímpanos e guitarra, neste "Hamburger concerto", gravado entre janeiro/março de 1974, realizaram um dos melhores lps dos últimos anos. De música contemporânea e não apenas música pop ou jovem. Absolutamente ... PINK FLOYD: REALIDADE E FANTASIA No último fim de semana (auditório Salvador de Ferrante, dias 1º, e 2, 21 horas) um grupo de teatro de bonecos da Guanabara - o fura-Bolo participando do II Festival de Teatro de Bonecos demonstrou plástica e cenicamente, a dimensão que pode atingir a música de um dos mais importantes grupos de nossa década: o Pink Floyd. Utilizando nove temas musicais criados por Roger Water, Richard Wright, Nicholas Mason e David Gilmour, Maria Luiza Lacerda, diretora deste grupo criado há 10 anos, mostrou um espetáculo de rara beleza e encantamento, que, infelizmente foi visto por poucos espectadores. E o aproveitamento da música de Pink Floyd para um espetáculo de fantoches não surpreende quem, há 10 anos, acompanha o trabalho destes jovens ingleses, e ex-estudantes de arquitetura, que, apesar da necessidade da substituição do líder original do conjunto (vítima das drogas, Roger Keith Barret, o "Syd", foi substituído em 1967 por Gilmour), tem mantido um extraordinário equilíbrio em todos os seus trabalhos. Depois de terem criado trilhas sonoras para filmes de Barbet Schroeder ("More", 1969 e "La Valée", 72; inéditos no Brasil); Roy Battensby ("The Body", 70, inédito), e Michelangelo Antonioni ("Zabriskie Point", 1970, inédito), no ano passado fizeram a música para o desenho science-fiction de René Laloux "Fantastic Planet", grande premio do Festival de Cannes - 74, que talvez não tenha o mesmo destino dos outros filmes musicados pelo grupo e chegue ao Brasil. Sabendo usar os recursos eletro-musicais e, sobretudo, com excelentes idéias, o Pink Floyd talvez seja o grupo com o som de imagens mais plásticas, de tudo que existe na música contemporânea (outro filme musicado pelo grupo é "Crystal Voyager", de David Elfick, lançado em dezembro no Odeon St. Martin's Lane, em Londres). Felizmente a aceitação popular de "atom Heart Mother", gravado originalmente em outubro de 1970 e só lançado no Brasil em abril de 72, animou a Odeon a colocar rapidamente no Brasil todos os demais discos do grupo. Além da trilha sonora de "Obscured By Cloyds" (gravado em janeiro-72, aqui lançado em dezembro-72); "Meddle" (gravação inglesa da Harvest em novembro-71, no Brasil agosto-72); "Ummagumma" (álbum duplo, na Inglaterra em novembro-69, aqui em dezembro-73), a Odeon oportunamente editou o maior êxito do grupo - "The Dark Side of The Moon", gravado em março-73, três meses após o seu lançamento na Inglaterra. No ano passado, com intervalos de poucas semanas, apareceram mais quatro [álbuns] de Pink Floyd: a trilha sonora de "More" (88original de julho-69; novembro-74); "The Piper At The Gates of Dawn" (original de setembro-67; novembro-74); "A Saucerful of Secrets" (original de julho-68; aqui setembro-74) e, finalmente, a antologia "Relics" (maio-71; julho-74). Apesar de continuarem a faltar duas outras antologias ("The Best Of Pink Floyd", Pathé, 71; "A Nice Pair", Harvext, dezembro-73), as trilhas-sonoras de "Zabriskie Point" (MGM, março-76), "The Body" Harvest, dezembro-70) e os três lps-solo de Syd Barret, sem falar em oito discos piratas, a fonografia existente já permite aos que se interessam pelo que há de melhor na música pop-contemporânea, em terem alguns realmente primorosos. A música que o Pink Floyd faz tem que ser ouvida, saboreada, pois ela sugere mundos mágicos, cores um universo muito próprio. Não há nada que se compare com ela. E as palavras, perdem o sentido para explicá-la. Ouçam e concordarão conosco, temos certeza! (observação: para compreender melhor o Pink Floyd, sugerimos a leitura do fascículo 3 de "Rock - A História e a Glória", com completo estudo desenvolvido por Ana Maria Bahiana). EMERSON LAKE & PALMER Na mesma linha do Pink Floyd, embora sem a dimensão alcançada pelo quarteto inglês, o Emerson, Lake e Palmer também tem desenvolvido desde sua formação, há quatro anos, um trabalho que se pode enquadrar na categoria do rock-sinfônico. Formando por Keith Emerson, pianista-organista, ex-líder do Nice; Greg Lake, baixista, guitarrista, cantor e produtor, ex-King Crimson e Carl Palmer, baterista, ex-[hunderbir] e ex-Atomic Rooster, e ELP fez sua estréia, discretamente, no Festival da ilha de Wight, em agosto/70. O primeiro disco do grupo, apesar de algumas faixas marcantes (The Tank, Barbarian) passou despercebido; mas o segundo; "Tarkus", já lançou em 1971 o ELP como um dos grandes supergrupos do rock anglo-saxônico. Após aquele álbum, o ELP gravaria "Pictures at na exhibition" sobre a peça clássica do compositor russo Modest Mussorgsky (1839-1881) e "Trilogy". Um dos primeiros conjuntos a saber utilizar com inteligência os recursos eletrônicos, o ELP tem desenvolvido uma música personalíssima, fundindo o rock ao clássico e mesmo as experiências contemporâneas. A Continental, que vem lançando no Brasil todos os álbuns do Emerson, Lake & Palmer editou em fins do ano passado o álbum triplo, gravado ao vivo durante as diversas apresentações feitas em várias partes do mundo pelo trio, entre 1973/74. Embora tecnicamente, inferior aos trabalhos anteriores - produzidos em estúdio - trata-se de um álbum-sintese da notável carreira deste conjunto cuja importância não temos nos cansados de louvar aqui em O ESTADO. O lado um do primeiro disco abre com três arranjos felizes que o ELP fez sobre temas de Aaron Copland ("Hoedown", de "Rodeo"); Parry/Black ("Jerusalem") e Alberto Ginastera ("Atoccata"). No lado dois do primeiro lp, seis movimentos de "Tarkus", uma sinfonia-pop em ritmo de ficção-Científica, já editada no Brasil. A mesma peça ocupa a face um do disco dois. Na segunda face do disco dois, temos "Piano Improvisations" de Emerson, com base na "Fuga" da Fredrich Gulda e "Little Rock Getaway" de Joe Sullivan e mais "Jeremy Bender/The Sheriff". Finalmente, no terceiro lp, "Karn Evil 9", trabalho musical de Emerson, com versos de Lake e Sinfield, divididos em quatro movimentos. Um álbum que apesar de caro (Cr$ 140,00) é fundamental para quem deseja selecionar o trigo que há na música pop. Aquela que vai permanecer. THE MOODY BLUES - Com onze anos de carreira - estrearam em Birminghan, em 1964 - The Moody Blues é outro dos supergrupos que apesar das modificações internas - e da própria música pop - tem permanecido com um trabalho de alto nível. Sua formação original foi de Denny Laine (guitarra e vocais), Graham Edge (ex-Shades, ex-Avengenso, bateria); Clint "Whiskers" Warick (baixo); Mike Pinder (ex-Crew Cats, piano, vocais) e Ray Thomas (ex-Saints and Sinner, ex-El Cats, voz e flauta). Em janeiro de 65 obtinham o primeiro sucesso ("Go Now"). Em 66, Denny Laine deixou o conjunto para tentar uma carreira de vocalista (mas associando-se posteriormente ao Air Force, Balls e Wings) e o grupo ficou desorganizado por três meses. Com a entrada de Justin Haward (guitarra, vocal, compositor, tabla), Mike Pinder (8mellotron, piano, canto, compositor), Ray Thomas (canto, flauta, composição), John Lodge (baixo, canto, composições) e Graham Edge (bateria, piano), iniciava uma nova fase do conjunto. O primeiro sucesso foi "Fly me high" (J. Haward) em 1967. E em março/68, na França, estourava outro sucesso do grupo: "Nights in white satin". "Days of future passed" (maio/68), de cuja trilha parte "Nights...", foi não só o primeiro lp do conjunto, mas uma nova proposta, utilizando a London Festival Orchestra, já então aberta a trabalhos com músicos pop. Em setembro do mesmo ano, o grupo gravava "In Search of the lost chord" e em maio de 1969 aparecia "On The threshold of a dream". Em 1970, gravariam "To Our Childrens Childrens Children", que só agora (Odeon, novembro/74) aparece no Brasil. Posteriormente, Moody blues gravou "Question of Balance" (70). "Every good bou deserves a favour" (71) e "Seventh sojourn" (72), os dois últimos ainda inéditos por aqui. "To Our Childres Childrens Children" é uma bem selecionada antologia do trabalho do Moody Blues entre 67/69, com músicas importantes, valorizadas pela seriedade das interpretações que os seus integrantes procuram dar: "Higher and Higher", "Eyes of a Child, part I", "Floating", "Eyes of a Child, part 2", "I Never Thoungt I'd Live To Be A Hundred", "Beyond" (instrumental), "Out and in", "Gypsy", "Eternity Road", "Candle of life", "Sunis still shining", "I NeverThought I'd Live To Be A Million" e "Watching and waiting". ROXY MUSIC - Fundado em novembro de 1970 por Bryan Ferry e Graham Simpson, o Roxy Music só em julho de 19972 teve sua formação definida: Ferry (canto, piano, mellotron, composições); Phil Manzanera (guitarra), Rick Kenton (baixo), Andy MacKay (sax), Eno (baixo, sintetizador) e Paul Thompson (bateria). Com "R.M.", produzido pelo ex-King Crinson, Pete Sinfield, o Roxy Music foi a revelação daquele ano, onde teria um cs, com "Virginia Plain" nas paradas. Em 1973, fez um novo trabalho importante: "Pyjamarana". Em 73, fizeram ainda uma Tournée nos EUA, quando John Porter, ex-Gas Band, velho amigo de Ferry, substituiu a Rick Kenton. No Brasil, a Phonogram já lançou dois bons lps do Roxy Music, ao qual acrescenta agora "Stranded", terceiro disco do conjunto, gravado em setembro-73, mas sem a participação de Porter. São oito temas de Bryan Ferry, desenvolvidos com a máxima firmeza: "Street Life", "Just Like You", "Amazona", "Psalm" (onde há um espanhol solo de guitarra), "Serenade" "A Song For Europe", "Mother of Pearl" e "Sunset". GENESIS - Ao lado de Roxy Music, Genesis foi a revelação inglesa de 1972. Formada em 1966 por quatro estudantes - Peter Gabriel, Tony Banks, Anthony Philips e Michael Rutherford, em 68 foi que adotaram o nome Genesis, com a inclusão de dois novos músicos: o guitarrista John Silver e o baterista Chris Stewart. Em 69 fizeram 2 álbuns ("Trespass" e "Nursery Crime"), mas só em 72, com o lp "Foxtroit" (Philips 6369302) eles teriam o destaque merecido. Produzindo uma música delicada, caracterizada por sugestões fantásticas, quase numa linguagem mista, de Ficção Científica e Horror o Genesis está realmente entre os mais criativos grupos contemporâneos. Em Nova Iorque, após uma única apresentação em Dezembro-72, foram saudados como "uma das interessantes experiências musicais da Inglaterra no momento". "Selling England By The Pound" (THE Famous Charisma Label-Phonogram, 6369944, junho-74), o mais recente lp do conjunto lançado no Brasil, traz a seguinte formação: Phill Collins na bateria, percussão e vocais; Michael Rutherford, na guitarra, de 12 cordas, baixo e guitarra elétrica; Stephen Huckert, na guitarra elétrica; Tony Banks, no Keyboards e guitarra e Peter Gabriel nos vocais, flauta, oboé e percussão. Como seus trabalhos anteriores - dos quais "Fox Trott" e "Nursery Crime", aqui já editados, um álbum digno da maior atenção.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Música
27
09/02/1975
O Millarch realmente entendia das coisas. Descobriu, daqui de Curitiba, esses maravilhosos grupos de rock progressivo, na época em que estavam se revelando para o mundo. Ele era bem informado e tinha muito bom gosto.
Qual desses grupos terá uma resenha dessas daqui a trinta e cinco anos? Oasis, Rem, Metálica

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