Fora dos circuitos
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 07 de junho de 1979
Um fato curioso com o cinema polonês no Brasil: embora se concentre no Sul a maior colônia deste bravo povo eslavo, seus vigorosos filmes (uma indústria das mais importantes da Europa Central após a II Guerra Mundial) só são vistos em festivais bi-anuais. Organizados pela Embaixada e que apesar de trazerem obras de maior importância cultural raramente conseguem interessar os nossos distribuidores. Aliás, isto não é novidade: se até um filme como "I Clows", que Frederico Fellini realizou em 1972, até hoje permanece inédito em nosso pais, imagine-se quantas fitas importantes ficam sonegadas dos espectadores brasileiros pela falta de uma política mais agressiva na área da distribuição. Por isso, o festival que o Consulado da Polônia trouxe agora para Curitiba, e que está sendo apresentado na sala Arnaldo Fontana do Museu Guido Viaro, com orientação do crítico Francisco Alves dos Santos, merece toda atenção. Os dois primeiros filmes projetados foram "Iluminação" (Iluminacja). 1972, de Krystzof Zanusi, premiado já em 3 festivais internacionais (Locarno. Ravena e Manheim) e "A Terceira Parte da Noite", 1971, de Andrzej Zulawski. Mas se os filmes de longa-metragem da Polônia são admiráveis, ainda fantásticos são os seus desenhos animados - que tal como o cartazismo, encontrou naquele país um campo fértil para desenvolvimento. E dentro deste festival, há 3 sessões especiais de desenhos animados - que além de serem projetados à noite, serão reprisados nos sábados (15 horas), possibilitando que as crianças também se deliciem com o fino e inteligente humor polonês. O programa de hoje à noite intitula-se "Uma Introdução aos Mestres Poloneses" e inclui 10 desenhos. Amanhã, a primeira parte de uma seleção intitulada "Mestres do Humor", com mais de uma dezena de curtos. Como são obras que dificilmente terão outras apresentações, aqui fica a recomendação a todos os que se interessam.
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Aliás, a programação cinematográfica não poderia ter melhorado mais: no Astor, estréia hoje "Uma Mulher Descasada" ( Na Unmarried Woman). 78, de Paul Mazursky, que concorreu ao Oscar de melhor filme (perdendo para "O Franco Atirados/The Deer Hunter.", de Michael Cimino, estréia segunda-feira no Vitória) e depois de ter valido a Jill Clayburhg o troféu de melhor atriz em Cannes - 78, a credenciou a disputar o Oscar nesta categoria, perdendo para Jane Fonda por "Amargo Regresso" ( Coming Home, de Hall Hashby). Por sua importância. "Uma Mulher Descasada" merecerá que se volte a falar a seu respeito. Mais imediato é a recomendação a outro filme fora do circuito comercial: "25", de José Celso Martinez Corrêa e Celso Luccas, documentário sobre a independência de Moçambique e as festas realizadas no dia 25 de julho de 1975. Fundador e cérebro do grupo Oficial. Zé Celso passou alguns anos em Portugal e Moçambique, quando fez este filme, que permaneceu proibido por um ano. Agora, finalmente liberado, está sendo projetado num circuito alternativo, geralmente com patrocínio de entidades estudanis. Em Curitiba, terá apenas 3 sessões amanhã e sábado, às 20hs30min. No auditório do Colégio Estadual do Paraná e domingo, às 16 horas. A promoção é do Grêmio de Arquitetura e Urbanismo, Diretório Acadêmico de Setor Tecnológico e Grupo Experimental de Cinema Primeiro Plano.
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