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Aramis

Gauchismo paranaense

Um fenômeno a ser estudado em termos sociológicos é o gauchismo da cultura popular no Paraná. A colonização de extensas áreas por colonos do Rio Grande do Sul, que chegaram no Oeste Sudoeste e Norte do estado há 20 ou 10 anos, com suas famílias, trazendo apenas a disposição de trabalhar e progredir, trouxe também, obviamente, também o espírito dos pampas, a cultura nativa daquela região do Brasil, tão rica em seus folclores, em sua música, em seus costumes. Isso em termos musicais, significa que as gravadoras tem no Interior do Paraná, em especial no Sudoeste, um imenso mercado para artistas regionais, ocorrendo então o fenômeno curioso: se a chamada música caipira, no eixo Piraciba-Botucatu, de São Paulo, atinge mais o Sul do Paraná, no Oeste e Sudoeste, principalmente, o que agrada (e, em conseqüência), e vende é o gauchismo. E com um detalhe: não apenas os artistas do Rio Grande do Sul, que são muitos, mas também gaúchos daquilo que se poderia chamar de "segunda geração", nascidos no Paraná e que desenvolvem um trabalho voltado principalmente em nosso Estado. xxx Os Maragatos formado por Ivan Taborda e Benone Botega, é um exemplo de dupla que fala uma linguagem de amplo entendimento junto as camadas mais simples da população. Ivan Taborda, gaúcho de São Gabriel, 44 anos, começou sua carreira por volta de 1958/59, cantando sozinho e já fazendo humorismo em shows. Já Benone, 39 gaúcho de Tupãciretan, começou cantando músicas mexicanas ao lado de um irmão. Conheceram-se em 1974 e nesse mesmo ano formaram, com sucesso, a dupla Os maragatos. Em apenas três anos, obtiveram tanta popularidade e repercussão de vendas após o seu primeiro elepê, "O baile do seu Amaranto", que o seu lançador, Alfredo Skroch, representante da Chantecler no Paraná, e Santa Catarina, produziu mais quatro elepês, número bastante significativo e que poucos artistas conseguiram fazer em tão pouco espaço de tempo. A fórmula dos Maragatos é simples: humor e música gauchesca, o chamado gênero "varandão". Ao primeiro disco, seguiu-se "Show de Imitações" e "Campeadas" e, do material que já deixaram pronto na Chantecler, em São Paulo, sai agora "As Gauchadas do Seu Amaranto", esta ocupando toda a primeira face do disco. São estórias humorísticas baseadas no dia-a-dia do homem rural, criadas geralmente por Ivan Taborda, que para isso se utiliza bastante dos chamados "dizeres de galpão, a maneira comum de contar coisas do pessoal do campo". É importante entender na simplicidade (e que até pode ser entendida como "grossura") das estórias dos Maragatos, uma visão sociológica e crítica da realidade de milhões de brasileiros, transmitindo inclusive o conflito homem rural - homem urbano. Taborda e Benone procuram também homenagear os grandes nomes da música sertaneja, entre eles Raul Torres e Pedro Raimundo, ambos já falecidos e cuja importância dentro de uma faixa específica de trabalho e de público necessita ser estudada. xxx Os Maragatos percorrem o Interior do Rio Grande do Sul, Goiás, Mato Grosso e principalmente Paraná, sediando-se no eixo Guarapuava - Cascavel. Já chegaram inclusive a apresentarem-se perante o Presidente Geisel, durante um almoço numa cidade interiorana, onde, segundo relato de Alfredo Skoroch, mereceram elogios do Presidente, que fez questão que estendessem o show, inicialmente previsto para apenas 15 minutos. Não se pode esquecer que a música não é apenas a sofisticada produção destinada as elites urbanas, mas que os cantos e humor de duplas como a dos Maragatos, tem, em nosso entender, maior importância do que todo o country americano, que às multinacionais despejam sobre os ouvidos alienados da juventude das grandes cidades.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
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29/01/1977
Onde posso encontrar o Disco ou CD que tenha "As gauchadas do seu Amarando". A uns 10 anos que procuro. david@sanesul.ms.gov.br
Muito bom o artigo sob o grandes musicos Ivan Taborda e Benone Botega, eu nao tinha cunhecida a historia deles, eu so conhecia o personagem Amaranto. Disculpen mi escritura en portugues, es que soy argentino, pero no todos los argentinos entienden y escriben portugués, me viene de familia. Un abrazo desde Oberá Misiones Argentina Tomás

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