Geléia Geral
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 13 de julho de 1986
Há quase um mês que os jornais ingleses vem mancheteando a tragédia de Boy George: 25 quilos mais magro, olheiras, está suicidando-se com o consumo de oito a nove gramas diárias de heroína (ou seja, gastando 800 libras ou 1.300 dólares por dia com a droga). Bilionário - em menos de três anos fez 20 milhões de dólares - o andrógeno cantor e líder do Culture Club é viciado há anos, mas agora desiludido amorosamente (foi abandonado por seu amante) decidiu suicidar-se aspirando grande quantidade de heroína. Aos 26 anos, George Odowd - o Boy George - é mais uma vítima das drogas no universo pop. Por coincidência, enquanto Boy George praticamente morre em Londres, os discos do Culture Club continuam a vender em todo o mundo - e o quarto álbum deste conjunto - intitulado "From Luxury To Heartache" - é lançado no Brasil (Virgin Records/RCA). Gravado em Montreaux, no ano passado, o álbum traz dez composições dos próprios integrantes do Culture Club, com títulos que parecem irônicos, considerando a tragédia que marca estes trágicos dias de Boy George: "Too Bad", "Come Clean", "Sexuality" e "Heaven's Children".
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Outro grupo pop que a Polygram traz ao Brasil: Level 42. Em "World Machine", este quarteto formado por Mark King (baixo/vocais), Phil Gould (bateria), Mile Lindup (teclados/vocais) e Wally Badarou (vocais/synclavier) traz músicas próprias e uma suavidade nas interpretações. Há momentos ternos, como "I Sleep On My Heart" e outros interessantes como construção melódica, como "Coup D'Etat". Letras bem desenvolvidas - o que não é comum entre os grupos jovens.
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Nem só de Nina Hagen vive a moderna música pop alemã. A prova disto está numa surpreendente e estimulante dupla - Humpe Humpe, que a WEA acaba de lançar no Brasil. As irmãs Anete (28/10/1950) e Inga Humpe (13/1/1956), nascidas (cooincidência?) numa cidade chamada Hagen, mudaram-se para Berlim em 1974 e nestes 12 anos já fizeram muitas coisas. foram vocalistas do grupo Neonbabies (com quem fizeram muitas gravações), juntaram-se aos australianos do DOF, tiveram atuações em teatro e até produziram elepês de outros artistas. Em abril de 1984 foram para Los Angeles, onde conheceram Roma Baran, produtor de Laurie Anderson - que se impressionou pelas propostas vocais das irmãs. Entretanto, voltaram a Europa, gravando novamente em Berlim faixas do álbum "Humpe Humpe" que, finalmente ficou pronto em fevereiro do ano passado. Agora, um ano e 5 meses depois, o som moderno, harmônico e inventivo das irmãs Anete e Inga Humpe pode ser curtido também no Brasil. Não chegam a volteios estratosféricos-vocais como de Nina Hagen ou mesmo experimentalismos como Laurie Anderson, mas nas faixas deste álbum "Humpe Humpe" mostram originalidade e muita capacidade de improvisação. Para ser ouvido atentamente e sem preconceitos.
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Fundador do grupo Roxy Music em 1970, Bryan Ferry, 41 anos, fez daquela banda (após a saída de Brian Eno) um veículo de sua visão criativa e influente sobre o que deveria ser um grupo de rock nos anos 70. Paralelamente, Bryan Ferry desenvolveu também uma carreira solo como cantor e compositor. Depois da extinção da banda, lançou-se em trabalhos com dois outros ex-Roxy, Phil Manzaners e Paul Thompson. Há quem considere que o Roxy Music foi o grupo mais inteligente que surgiu na Inglaterra na década de 70, com um trabalho difícil de classificar mas que influenciou muitos outros conjuntos.
Uma excelente oportunidade para os mais jovens conhecerem o som do Roxy Music e a presença de Bryan Ferry é oferecida agora no álbum duplo "O Great Hits" (Polygram), montagem com faixas de 16 álbuns do Roxy entre 1972/1985, incluindo desde o primeiro grande sucesso - "Virgin Plain" (1972) até os trabalhos mais recentes de Bryan Ferry, como "Slave To Love" (1985). Um disco-monumento importante para a garotada que não acompanhou a carreira do Roxy - e de Bryan - ter uma síntese de sua presença no universo pop.
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