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Aramis

Geléia Geral

Houve o título mas faltou o texto na matéria de domingo sobre o disco do saxofonista Sadao Watanabe (Tochigi, Japão, 1°/2/1933): "Charlie's Mood" (WEA), gravado ao vivo no Bravas Clube, em Tóquio, há um ano exatamente (13/7/85) é, sem favor, o melhor disco de jazz editado até agora, neste ano, no Brasil. Sadao, saxofonista de intensa criatividade e muita suavidade em seu sopro, está se tornando cada vez mais admirado no Brasil. Depois de "Rendez Vous" (1984) e "Meisha" (1985), o temos agora neste "Parker's Mood", com a participação de James Williams (piano), Charnett Moffet (baixo) e Jeff Watts (bateria), todos ganhando excelentes solos. São clássicos como "Stella By Starlight", "Everything Happness To Me", "Lament", "Billy's Bounce" e "I Thought About You" - sem falar na faixa-título em homenagem a Charlie Parker (1920-1955). Uma homenagem ao Byrd que, no original, pode ser ouvido também numa gravação ao vivo, feita em Storvylle, há 30 anos passados - e que a EMI/Odeon lançou já há dois meses. xxx Ótimos lançamentos jazzísticos se sucedem. Afora o "Closer to the Source" com Dizzy Gillespie - trazendo em participação especial Stevie Wonder - e amparado em músicos como Marcus Miller (baixo, sintetizador), Brandford Marsalis (sax tenor) e Kenny Kirkland (keyboards), a WEA faz outras explêndidas edições: o saxofonista David Sanborn em dois momentos de sua carreira. Em "Hideaway", com diferentes formações instrumentais, trazendo temas novos como "Carly's Song", "Anything You Want" e o já conhecido "The Seduction" (Giorgio Moroder) do filme "Gigolo Americano". Em "Double Vision", o sax de Sanborn devide-se com os teclados de Bob James, para uma harmoniosa seleção que inclui "Maputo", "More Than Friends", "Moon Tune", "Since I Feel For You" e "It's You", entre outros momentos inspirados. David Sanborn é um dos ases convidados para o II Free Jazz Festival (agosto/setembro, São Paulo/Rio), o que significa que outros de seus discos também devem sair no Brasil. xxx A CBS tem um imenso catálogo jazzístico que está sendo acionado com vigor. Afora uma coleção especial, inicialmente em tiragem para a cadeia Breno Rossi, a série Collector Jazz Series traz três produções do jazz contemporâneo: o excelente flautista Hubert Laws ("Romeo and Juliet"), Joe Zawinul, do Weather Reporter, num álbum-solo ("Di-a Lects"), com as participações especiais do vocalista Bob McFerrin (de quem a WEA acaba de lançar o álbum "The Voice") e Cat Anderson e "Explosion", com todo jazz latino de Paquito D'Rivera. São três álbuns excelentes, mostrando diferentes leituras jazzísticas: ao estilo das big-bands, Laws vai dos temas clássicos (Tchaikowsky, Ravel) a composições própras. Paquito D'Rivera, com apoio de instrumentistas brasileiros (trompetista Claudio Roditi, baixista Sergio Brandão, percussionista Portinho) traz novas e inflamadas composições. Mas em termos de inovação, as propostas mais interessantes são as que faz o tecladista e compositor vienense Zawinul neste seu "Di-a-Lectus", fusão perfeita do instrumental e vocal - especcialmente valorizado pela presença deste extraordinário homem-orquestra que é McFerrin, finalmente começando a ter seus discos editados no Brasil. xxx Divergências entre roqueiros é coisa comum. Muitas vezes o grupo acaba - como aconteceu com os Beatles - noutras sobrevive - como ocorre com os Rolling Stones. Assim a saída do vocalista David Lee Roth do grupo Van Halen (partindo para sua carreira solo com o mini-lp "Crazy From The Heat") não acabou com o Van Halen. Eddie e Alex Van Halen mais Michel Anthony convidaram o guitarrista-vocalista Sammy Hagar para a vaga e com esta nova formação o grupo já se apresentou na Farm Aid Festival no ano passado e gravou seu sétimo lp pela WEA ("5150"). O estilo continua o mesmo: rock pauleira como se observa em faixas como "Good Enough", "Get Up" e "Summer Night". Um pouco mais tranquilas, "Why Can't This Be Love" (muito programada nas FMs), "Dreams" e "Love Walkis In". xxx A indústria menudo continua a faturar bem. Este grupo formado por cinco jovens que são substituídos ao atingirem 16 anos é uma das mais incríveis bolações do marketing musical-comercial. Atualmente, o grupo é formado por Charles Rivera, 16; Robby Rosa, 15; Rocky Martin, 13; Ray (mond) Acevedo, 13 e Sergio Gonzales, 13. E no novo disco (RCA, junho/86) eles cantam em português, destacando-se faixas-consumo como "Cara ou Coroa", "Alegria" e "Diga Sim", versões ou originais de Carlos Colla e Sullivan. O esquema é o de linha destinada ao seu público infantil-juvenil ("Tudo é alegria/tudo é fantasia /quem entrar nesta dança/ vai fazer lambança/vai ser sempre criança..."). xxx O nome do grupo é interessante - Honeymoon Suite - vem do Canadá e aparentemente faz um som atraente. Entretanto ouvindo-se "The Big Prize" (WEA) sente-se que também prefere a trilha barulhenta e de alta voltagem em decibéis, suficientes para lhe darem uma popularidade que os fez abrir os shows de Billy Idol e Jethro Tull quando estes artistas se apresentaram num excursão há 3 anos passados. O primeiro lp do Honeymoon Suite conseguiu o disco de ouro e o grupo foi escolhido como um dos cinco mais promissores dos EUA e, logo depois, o de platina. No ano passado o grupo começou a gravar "The Big Prize", com o qual chegam ao Brasil. mais um para disputar o mercado... xxx Outra cara nova que chega ao Brasil: Colonel Abrame. Com sua música de estréia fonográfica ("Trapped") chegou ao primeiro lugar na parada "Dance" americana e no segundo lugar na parada pop na Inglaterra. Portanto não demorou a ganhar o seu elepê. Apesar do nome Colonel Abrame nada tem a ver com o exército - e o nome é verdadeiro, uma excentricidade de sua família (é o quarto a carregar este nome). Americano de Detroit, mora desde os 10 anos em Nova Iorque e crescendo no Bronx começou a compor ainda menino. Nos anos 70 foi vocalista de uma banda chamada "94 East", na qual o guitarrista era um garoto chamado Prince. Apesar desta importante amizade, a carreira de Colonel foi feita sem padrinhos maiores. Foi com "Trapped", parceria com um amigo de 15 anos, Mareton Freeman, que conquistou os espaços e o lançou no mercado musical, chegando agora ao seu primeiro lp, no qual é co-autor de nove faixas. os temas são variados - vão desde o amor e as paixões juvenis até a descrição de uma garotinha em "Magraux". xxx Nem só do pop internacional vive a WEA. Ao menos, uma boa notícia: depois dos lps do grupo High Life (aqui já comentado há um mês) e do guitarrista Rique Pantoja, sairão com o selo Elektra Musician os lps de Ricardo Silveira (que anteriormente fez um belo disco na Polygram), e João Donato. As capas tem uma produção econômica e diferencial, bolada por uma empresa intitulada SubDistrito, que, entusismados, assim definem a colaboração no projeto: "trabalhamos com as cores, com os volumes, com as formas...".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
3
20/07/1986

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