Login do usuário

Aramis

Geléia Geral

Nelson Gonçalves (Santana do Livramento, RS, 21/6/1919), em 45 anos de carreira, nunca saiu da RCA e se orgulha de ser um dos artistas a ter maior númeor de gravações em catálogo. Des seus 105 elepês e mais de 500 gravações avulsas (78 rpm/compactos), pelo menos a metade continua a vender como pão quente, enquanto que ele, em plena forma, não pára de cantar. Nos últimos anos, afinal, nelson passou a se preocupar em melhorar o repertório e sofisticar as produções. Assim é que em 1984 fez "Eles & Elas", dividindo faixas com vocalistas como Nubia Lafayete, alcione, Fafá de Belém, angela maria, Beth Carvalho e Joanna. A fórmula funcionou e agora, em "Ele & Ela - volume II", a produção é ainda mais esmerada. Do time anterior, só ficou Joanna (em "alguém Me Disse", Evaldo Gouveia/jair Amorim). As outras cinco convidadas são excelentes e valorizam demais este disco, produção competente de Guti e ótimos arranjos divididos entre Dori Caymmi, Ivan Paulo e Eduardo Lages, com Gal Costa, "Dos Meus Braços Tu Não Sairás" (Roberto Roberti); com Tetê Espíndola, "Saia do Meu Caminho" (Custódio de Mesquita/Evaldo Rui); com Elizeth Cardoso ("As Rosas Não Falam, Cartola); com Maria Bethania ("Caminhemos", Herivelto Martins) e com Elza Soares, a esplêndida "Se Acaso Você Chegasse" (Lupicínio rodrigues/Felisberto martins), por coincidência, o primeiro grande êxito de Elza. Sozinho, Nelson interpreta o belíssimo fox "Mulher" (Custódio Mesquita/Sady Cabral), "abaré" (Ivor Lancelotti/Paulo César Pinheiro), "Você e Eu" (Michael Sullivan/Paulo Massadas), "Minha Rainha" (Rita Ribeiro/Lourenço) e, para variar, não iria esquecer Sdelino Moreira ("Palavra Que Faltou"), além de sua própria parceria com Arlindo Cruz e Sombrinha ("Vejam Só"). O disco é bom e agrada até quem não gosta do "Metralha". xxx Gravado ao vivo no estádio Vélez Sarsfield, em buenos Aires, em 21/12/1984, "Corazón Americano" (Philips, julho/86) é daqueles discos que devem ser apreciados como documento sonoro de um evento. mas no caso, há um interesse especial, pois traz ao lado de Milton Nascimento - acompanhado de Wagner Tiso (teclados), Nico Assumpção (baixo), Robertinho Silva (bateria) e Ricardo Silveira (guitarra), dois ídolos latino-americanos: a consagrada Mercedes Sosa e leon Gieco, este ainda pouco conhecido no Brasil. O espetáculo foi, naturalmente, político, com momentos fortes, casando vozes de Gieco, Mercedes e Gustavo Santaolalla (ao lado de Antonio Tarragó Ros e Peteco Carabajal, convidados também para o espetáculo) como no belo "Rio de Las Penas", de Santaolalla, que abre o lado um. Leon Gieco interpreta sua "Cancion para Carito", dividindo com Mercedes Sosa o "Solo Le Pido a Dios" e com Milton o "Casamento de Negros" (de Violetta Parra). O repertório de Mercedes é mais conhecido, naturalmente: "Cio da Terra" (em versão com Milton e em versão solo, falada); "Sueno Com Serpentes" (Silvio Rodrigues), "San Vicante", "Corazon de Estudantie" e, "Quando Tenga La Tierra" (A. Petrocelliu/D. Toro). Vibrante, com aplausos entusiásticos da platéia, "Corazón Americano" é um álbum de público seguro e que vale especialmente por trazer presenças ainda pouco divulgadas entre nós, como Tarragó Ros, Carabajal e o p'roprio Leon Gieco. xxx Envolvidos recentemente em problemas de tóxicos - inclusive com a condenação de dois de seus integrantes - o grupo Titãs aproveita a onda e procura capitalizar promoção de seu novo lp ("Cabeça Dinossauro", WEZ, junho/86). Rock da pesada, composições próprias, para o consumo imediato. O próprio release da gravadora, ao explicar uma das faixas ("Polícia", de Toni Belloto) sintetiza tudo: "Quase todas as músicas do disco são gritadas. Essa é uma das mais berradas". Sem comentários, nada mais precisa ser acrescentado. xxx LUIZ VIERIA (Caruaru, PE, 12/10/1928) é um daqueles talentos imensos da MPB que, meio voluntariamente, meio oprimido pelas regras injustas de um mercado cada vez mais subordinado a tirania do mau gosto e das regras do marketing descartável, ficou esquecido. Autor de pelo menos um clássico, seguramente entre as 10 músicas da preferência nacional ("Menino de BRaçanã", toada, 1953, parceria com Arnaldo Passos), Luiz Vieira tem uma obra marcante, espalhada em poucos elepês. Voltando agora a televisão, veículo no qual foi um dos pioneiros apresentadores, comunicativo e simpático, Vieira também retorna num elepê ("40 anos de música", continental), que se constitui, de certa forma, numa espécie de introdução aos que não conhecem sua obra. Produção cuidadosa de Oséas Lopes, com arranjo de Chiquinho do Acordeon/Moacyr Portes, são quase 30 músicas divididas em blocos de xotes, corridinhos, guarânias e toadas de sua autoria. Além da beleza das músicas de Vieira - poucas vezes tendo parceiros ("Na Asa do Vento" e"Maria Filó", com João do Vale), houve a participação simpática de nomes famosos que aprenderam a admirar ao mestre peranambucano, como Alceu Valença, Fagner, Benito Di Paula, Carlos José, Sérgio Reis e Amelinha - afora o Coral Transbrasil, pois afinal, Vieira também fez com que o superempresário Omar Fontana, dono da Transbrasil, aparecesse como compositor há alguns anos. Um bonito disco, valorizando um compositor e intérprete que merece respeito. xxx NEIL DIAMOND (Brooklin, Nova Iorque, 1942) é um compositor e intérprete que consegue manter seu espaço num competitivo mercado. Em "Headed For The Future"(CBS, junho/86), seu 40° elepê em 20 anos de carreira, foi acompanhado de uma superpromoção nos EUA, incluindo um especial na televisão que reuniu Stevie Wonder, Lionel Richie e Carol Burnett (participantes do disco). Bonitas canções neste disco, especialmente "It Should Have Beenx Me", "Love Doesn't Live Here Anymore" e "The Story Of My Life", uma das mais densas do álbum.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
4
27/07/1986

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br