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Aramis

Geléia Geral

Moacir Machado é um dos mais experientes record-men da indústria fonográfica. Depois de ser o poderoso diretor artístico da Odeon durante anos passou pela Continental, estruturou a Pointer e, há 4 meses está formando uma nova etiqueta - a 3M, associada a RCA e com vários selos. Assim, com sua experiência do mercado, Machado procurou formar um elenco diversificado, capaz de apresentar bons resultados comerciais evitando o que aconteceu na Pointer, que apesar de milhões investidos por José Maurício Machline - filho do dono da Sharp, acabou sendo desativada devido aos prejuízos acumulados. Entrando firme no terreno rural e bregue, a 3M também promete lançamentos de categoria - como um elepê com a Sinfônica de Campinas, e outro que marcará o reaparecimento, após quase 15 anos de ausência, do compositor Carlos Lyra - que, se espera, traga músicas novas. xxx Dentro do mercado popular, capaz de obter resultados a curto prazo, a 3M está relançando três cantoras de público seguro, embora um pouco esquecidas nos últimos meses. Claudia Barroso já foi uma das maiores vendedoras de discos nos tempos da Continental, emplacando 350 mil cópias que, na época, era um número difícil de ser atingido por uma cantora romântica. Ex-crooner da orquestra do maestro Copinha, nos tempos do Golden Roon, do Copacabana Palace, Claudia assumiu o brega chique e emplacou êxitos marcantes. Agora, em seu 31º elepê, fez um disco "com todos os ingredientes necessários à sua volta imediata as paradas de sucesso" como diz a própria gravadora. Para tanto, ela gravou "Gavião" (Carlos Santorelli), capaz de ter uma empatia com o público feminino, criticando o machista latino, seguida de "Deixa que eu te Ame", "Minha Prece de Amor", "Tire a Aliança do Dedo", "Jogo Sujo", "Nós Dois", "Salve-me, querido", "Batendo Boca"e "Meu Ídolo", cujos títulos já mostram o conteúdo. xxx Se Claudia Barroso vêm dos tempos do Golden Roon com passagem pelo brega, Martinha (Martha Vieira Figueiredo Cunha), 42 anos, mineira de Belo Horizonte, é uma nostalgia dos anos dourados da Jovem Guarda. O Queijinho de Minas dos programas de Roberto e Erasmo Carlos, compositora de muitos êxitos, tem tentado vários retornos, mas infrutíferos. Agora, entretanto, após ter tido uma de suas composições projetada por Gilliard ("Pouco a Pouco"), busca um espaço, entre o brega e o romântico, juntando temporadas em teatros (em São Paulo, na Sala Funarte), com um novo elepê, com músicas próprias como "Que Homem é esse", "Pouco a Pouco", "Por Mais Ninguém", "Louca", "Confissões", ao lado de canções de outros autores, como "Já Sei" (Renato Teixeira) e "Pouco Demais" (Nando Cordel). xxx Nos anos 60, Os Três Moraes se incluíram entre os melhores grupos vocais do País. Como tudo passa, o trio acabou: Sidney do Espírito Santo, 61 anos, acabou virando o boleirista Santo Morales (que emplacou vários discos de ouro pela Sigla), Roberto abandonou a música e Jane Vicentina, 43 anos, formou uma dupla com o marido Herondi, que com versões de hits franceses como "É um problema" e "Não se Vá" venderam um milhão de cópias nos tempos em que estiveram na RCA. Agora, Jane e Herondi reaparecem pela 3M, com um disco em que misturam músicas de vários estilos - desde a recriação bossanovista de "Mania de Você" (Rita Lee) e uma seleção "Vossa com Amor" (com êxitos dos anos 60) a uma apelação erótica, vetada para divulgação pública, de Wando: "De tentação à cantada". Enfim, tudo vale para reconquistar um espaço que estavam perdendo. Em outubro, a Semana da Criança, motivou o aparecimento de vários discos destinados a faixa infantil - seguramente, das mais estimulantes em termos comerciais. Assim, enquanto a 3M lançava o elepê "Som & Fantasia" com o palhaço Fofão (Orival Pessini), pela RCA saía o disco de outro palhaço de grande popularidade via televisão - Bozo. Numa produção bem cuidada de Reinaldo Brito, com arranjops e regências de Daniel Salinas, Bozo interpreta nada menos que 13 músicas (apresentados pelas TV Iguaçu, Tibagi e Naipi), e sucessos como o antigo "Sabiá Lá na Gaiola" (Herve Cordovil/Mario Vieira) ou "Mexerico da Candinha" (Roberto-Erasmo Carlos). A Barclay/Polygram já produziu, em colaboração com Manoel Barenbein, do Sistema Sílvio Santos, dois volumes da série "Prá Gente Miúda", reunindo canções identificadas ao universo infantil como "O Carimbador Maluco" (Raul Seixas), "O Avião" (Toquinho), "Lindo Balão Azul" (Moraes Moreira), "A Bicicleta" (Simone), "O Circo" (Nara Leão) e Jair Rodrigues ("O filho do "seu Menino"). Pela Nova Copacabana, também associada a TV Sílvio Santos, outro disco na mesma linha: "No Mundo da Criança". Aqui, artistas do elenco da própria Copacabana, como o palhaço Carequinha, Gretchen, Maria Alcina, Ovelha e gente menos famosa - mas igualmente simpática as crianças - Luciana, Paulo Sergio Jr; Kiko e Kika, Carlinhos e Rolinha. xxx Há um ano, o cantor Elymar Santos, 36 anos, deu a grande jogada de sua vida: arriscando o único patrimônio que possuía - um apartamento no subúrbio, decidiu deixar o anonimato das churrascarias e mostrar ao Brasil que sabia cantar. Assim alugou o Canecão e ali se apresentou uma noite. Foi notícia nacional e impressionou pelo seu vozerio. Resultado: um mês depois, voltava a mesma casa, mas já ganhando para cantar e substituindo por uma noite a superstar Maria Bethania. Ganhou também uma contrato com a Arca Discos, que chegou a gravar sua apresentação no Canecão e lança agora num elepê. Produção de Arthur Laranjeiras, gravado ao vivo, traz Elymar com força total, mesclando sucessos de Gonzaguinha ("Começaria Tudo outra Vez", "Sangrando", "Mamão com Mel"), Chico Buarque ("Corsário", e "Mambembe"), Wando ("Gostosa Maluca"), Eduardo Dusek ("Vários Casos"), com suas próprias composições, como "Lucidez e Loucura", "Assim Somos Nós" e "Cachaça". Seria melhor que Elymar fizesse um disco em estúdio, produzido com cuidado - e sem as bobagens que uma gravação ao vivo possibilita. De qualquer forma, tem boa voz e merece deixar as churrascarias cariocas - que frequentou por 12 anos - para ganhar um espaço nacional, neste País carente de bons cantores. xxx Poucas vezes a montagem de um disco com faixas de várias orígens, misturando composições e intérpretes nacionais e estrangeiros, deu um resultado tão agradável como "Boca da Noite" (Estúdio Eldorado). O bom gosto de Aluízio Falcão e a seleção de Edgar Gonçalves garantiram um elepê que se ouve com imensa satisfação e que não poderia ser um melhor fundo para embalos românticos. Por exemplo, o disco abre com o sempre saboroso Nat King Cole ("Unforgettable"), prosseguindo com Beth Carvalho ("As Rosas Não Falam"), Tony Remis ("Te guarderó nel cuore"), Simone ("Outra Vez") e Helen Reddy ("And I Love You So"). Vira-se o disco e temos Toquinho na bela canção que deu título ao elepê, parceria com Paulo Vanzolini, seguido de Shirley Bassey com um clássico dos nos 60 ("The Shadow of Your Smile"). A seguir, Paulinho da Viola em sua obra-prima: "Sinal Fechado". Richard Anthony interpreta, em francês, o belíssimo "Aranjuez, mon amour" e, encerrando, o "Nadia's Theme", com Halley Flamanion. É ouvir e fazer amor... muitas vezes. xxx Um novo selo na praça: a Lup Som, formada por Oswaldo Gurzoni, Afonso Laguna e Wanderley Zan, com distribuição pela RCA. Os lançamentos são diversificados, trazendo, por exemplo, um cantor romântico português que assumiu o pseudônimo de Mike Olivier, mas que no registro civil é Francisco Alexandre, nascido em Portimão, Sul de Portugal, há 43 anos, agora radicado em São Paulo - e que está sendo bem divulgado pelo empresário Carlos Altino. Para a faixa jovem, a Lup Som lança o elepê do grupo paulista punk Garotos Podres ("Mais podres do que nunca"), que numa primeira edição, independente, vendeu mais de 10 mil cópias. As faixas mais tocadas deste elepê são "Anarquia Oi", "Miseráveis Ovelhas" e "Eu Não sei o que Quero". A Lup Som também assume artistas estrangeiros, como a cantora Pricess (quem será? não há a menor informação sobre sua identidade), a qual, dizem, "emplacou rapidamente as paradas da Inglaterra e dos EUA" (sic). Ela chega com o lp "I'll Keep On Loving You", no qual há algumas faixas que vem sendo muito trabalhadas nas FMs, como "In the heat of a passionate moment", "It Makes You Feel Good" e "Tell Me Tomorrow". LEGENDA FOTO - Cláudia Barroso: o bregue feminista.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
4
02/11/1986
Concordo com suas colocações a respeito de cantoras como Jane e Claudia e acho que a musica esta cada vez mais dispersa nos seus objetivos. Hoje não temos mais vozes com a leveza e tessitura como essas, ouvimos muita poluição sonora. Quem bom que ainda temos programas que dão valor a boa musica. Maestro Adelson Spessemilli Bianchi vila velha - ES - Brasil
Já que vcs são entendidos do assunto, gostaria de saber onde encontrar uma música internacional ,chamada lup lup. desde já agradeço...

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