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Aramis

Geléia geral

Em " Araguaia Meu Brasil " o cantor compositor Itamar Correira, de Goiânia, dedica uma das mais belas faixas - " Xambioá " - ao seu amigo de infância Marco Antonio Dias Baptista, assassinado pela repressão em Goiás aos 15 anos de idade. Já o mineiro Rubinho do Vale, em Catrumano" - momento dos mais vigoroso em " Violas e Tambores" ( Bemol, 1984 ) - também homenageia um idealista amigo, Idalisio Aranha, " um jovem que acreditava na liberdade e teve sua vida roubada nas águas da guerrilha de Araguaia ". São dois momentos politicos dentro de projetos independentes de compositores - interpretes de muita garra e sinceridade, que chegam ao disco em produções extremamente pessoais - e trabalhos que dificilmente terão divulgação e distribuição fora de seus circuitos artisticos - que faz com que se dirija diretamente aos próprios artistas para adquirir estes discos. No caso de Rubinho. Bemol ( Rua Antonio Aleixo, 379 - Belo Horizonte ). Itamar Correia esteve em Curitiba há algumas semanas. A convite da Juventude Socialista fez algumas apresentações e lançou seu primeiro elepê - trabalho suado, feito após experiências em dois compactos e um livro de poesias. Trocando um curso de filosofia pela vivência musical, ex-profissional na noite de Goiânia e há alguns anos redicados em São Paulo, participou no ano passado de projeto Pixinguinha na região Centro-Oeste, junto à dupla Sá & Guarabyra, que, aliás, assina o texto de apresentação de Itamar neste disco que pode ser solicitado na Rua Alves Guimarães,170 ( fone 280-8111) CEP 05410 - -Pinheiros- SP ). Itamar conta forte o firme o Brasil. Na música título do elepê, "Araguaia Meu Brasil ", ele fala de seu Estado , da guerrilha do araguaia, volta-se a " Viola Caipira " tema para uma de suas mais belas canções. Trabalhando com amigos músicos a ele identificados, transmite sinceridade e emoção em suas canções. Perante um juizo mais apressado,talvez pareçam músicas panfletarias e apenas politicas,mas conhecendo-se Itamar sente-se a sinceridade de suas palavras, o entusiasmo de uma geração que procura se manter fiel as raizes do Estado e que traz cantos de vigor, de um artista que amadureceu durante os anos amargos da repressão politica, viu companheiros jovens morerem na guerrilha do Araguaia e sentiu a devastação ecológica de uma das mais férteis regiões do Brasil. Isto Itamar traduz com sinceridade e emoção em letras como a de " Viola Caipira ". Se Itamar Correia é cantor do Araguaia, Rubinho do Vale traz no sangue a musicalidade do Jaquetinhonha, como diz o seu amito Tadeu Martins, que informa mais : "desde que se revelou como cantador, em Itaobin, no I Encontro de Compositores do Vale do Jaquetinhonha, com sua vez e violão, se transformaram em duas grandes armas na defesa de sua terra, seu povo e sua cultura ". Este " Viola e tambores " é seu segundo elepê, pois informa Tadeu que anteriormente Rubinho gravou um outro elepê independente " Tropeiro das caatingas ". Rubinho é a exemplo de Itamar, um cantor de sua região, risco na temática, buscando uma história em cada verso : em " Penerei Fubá " registrando o cantor dos congadeiros e tamborzeiros de Minas Novas. Embora autor da maioria das faixas, buscou também a cultura popular - como no "Penerei Fubá" ou a composição de Gonzaga Medeiros " O Rei Fifó ". O único momento dispensável neste elepê é a influência latino- americana em " livro Hermana", parceria de Rubinho com Wesley Prioest.Em compensação, temos um intérprete caustíco e crítico - na melhor linha do também mineiro Zé Geraldo - em "Painel nº 2, como uma longa e reflexiva letra em que faz indagações sobre as injustiças sociais, numa amostragem de verdadeiro cantor mineiro.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
21/04/1985

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