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Aramis

GENTE

Enquanto grande parte do cinema moderno transforma a audiência em títere da montagem fragmentada, movida pôr cordeis ideológicos que liquidam a percepção natural do espectador, "Playtime - tempo de diversão" (cine Condor) promove uma verdadeira libertação psicológica deste espectador viciado com a rapidez e o poder de sugestão quase subliminar da nova técnica. Jacques Tati convida a sua platéia a interpretar pôr conta própria o grotesco e o absurdo deste universo tão terrivelmente real de computadores, aço, luzes e cores, ruídos, parkings, supermarkets, buldings drugstores, corredores de circulação, teve, portas de vidro, transistores - o mundo da civilazação de hoje a barbárie tecnológica que está a nossa volta, entra conosco dentro do cinema e, como nos sugere a última seqüência do filme, não nos abandona quando a projeção termina e saímos para a rua. Apenas, nas palavras de Henry Rabine (foto): "Tati nos ensina a ver o obvio que, de tão essencial, não estamos acostumados a perceber". Como em "Meu Tio", as maravilhas da arquitetura moderna formam em "Playtime" o decor onde transita Hulot. Nunca uma crítica direta a eficiência planificadora da metrópole - porque Tati não se horroriza e ante a idéia do progresso como sinônimo de conforto ou perfeição, distanciando-se nisso do René Clair de "A Nous la Liberté", "Playtime" se alarma com o perigo da supressão da personalidade, a beira de ser vencida ou mesmo substituída pela máquina (Paulo Perdigão em "Guia de Filmes", n. 17, setembro-outubro de 1968, edição do Instituto Nacional do Cinema.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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07/02/1973

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