Gente da terra e as boas (e más) críticas
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 06 de janeiro de 1986
Não é apenas Denise Stocklos que está tendo espaço nacional. Outros paranaenses "adotivos" apareceram, com algum destaque, em páginas da chamada grande imprensa. Valêncio Xavier, paulista de nascimento mas há 30 anos em Curitiba, por seu novo livro - "O Minotauro", ganhou espaço crítico em review assinado por Boris Schnaidermann, na "Folha de São Paulo". Elogiando bastante o seu livro que a exemplo de "O Mês da Gripe", propõe novas formas.
Em compensação o gaúcho Tabajara Ruas, que há 3 anos divide-se entre Porto Alegre e Curitiba - onde é o mais influente "assessor especial" do cada vez mais poderoso presidente da Fundação Cultural, Carlos Marés, vê seu romance "Os Varões Assinalados" (L&PM, 1985, 439 páginas) encontrar diferentes opiniões. Para o book-review da revista "Senhor", o romance que Ruas escreveu sobre a guerra dos Farrapos é um belíssimo livro, destinado a permanecer como obra das mais significativas.
Infelizmente não é esta a opinião de Marcos Vinicios Torres Freire, que em demolidora crítica ("Jornal da Tarde", 3/1/86) - "Verniz moderninho, canastrice à la western, cascata pura", reduz a obra a frangalhos.
xxx
Já no segundo parágrafo, o crítico do "Jornal da Tarde" define como "febril" a criatividade de Ruas, acentuando: "Os capítulos do livro têm em média dez páginas e são divididos em seções. Isso quer dizer que o romance é uma seqüência de cenas mais ou menos rápidas, com intercalações de tempos e espaços diferentes sem aviso prévio. É o verniz do moderninho, usado por vezes até com habilidade carpinteira. Em geral, cada capítulo biografa sumariamente uma personagem, narra uma batalha, mostra uma cena dramática entre os tais varões; estes, cada um por vez têm descritos os seus devaneios que, incrível, revelam a alma sutil de senhores que costumavam estrangular carneiros com as mãos. Para completar o quadro, inevitável, temos a descrição dos elementos da natureza nos pampas".
xxx
Outro paranaense de adoção, o cearense Avelar Amorim - que de modesto empresário de shows de terceira categoria conseguiu se firmar como produtor de espetáculos de superstars - Roberto Carlos e, ultimamente, Elba Ramalho - é citado várias vezes na reportagem de Rosângela Petta sobre Elba Ramalho, publicada na "Playboy", que está nas bancas. Acompanhando uma excursão da "vingança do agreste" por várias cidades do Interior de São Paulo, num roteiro que teve Avelar Amorim como empresário, Rosângela oferece um interessante retrato dos bastidores dos shows de uma cantriz que está hoje no fechado clube das bilionárias superstars. Avelar Amorim - que continua a ter sua sede em Curitiba - está cada vez mais investindo na contratação de pacotes milionários, com grandes nomes do "show biz" que oferecem retorno seguro em termos de público. Explicou a Rosângela Petta - que o define como "o bambambã do showbiz no Sul do País":
- "Um contrato desses sai por mais ou menos 3 bi, e metade eu tenho que pagar adiantado".
O retorno, porém, é mais que satisfatório. Para Avelar - que faz questão de estampar seu nome nos posters promocionais, pois "assim o nome da gente vira marca" e não hesita em gastar perto de 50 bilhões de cruzeiros só em anúncios locais pela televisão - não é difícil arcar com as despesas.
Enviar novo comentário