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Glauce Rocha, uma biografia que demorou 17 anos para ser escrita

Ao lado de Cacilda Becker e Fernanda Montenegro, ela era considerada uma das três melhores atrizes brasileiras. Morena, expressão dramática transmitia uma extraordinária emoção - e ao longo de duas décadas de carreira atuou em 55 montagens teatrais, meia centena de programas de televisão (a maioria, infelizmente, quando ainda inexistia o vídeo-teipe, perdendo-se assim registros) e em 23 filmes - alguns dos quais básicos do Cinema Novo. Ela morreu há 17 anos de um infarto e seu nome hoje está em praças, teatros - inclusive o que pertence à Fundação Nacional das Artes Cênicas e outros locais. Em Curitiba, por iniciativa de Antônio Carlos Guerber, quando diretor artístico da Fundação Teatro Guaíra, deu nome à biblioteca do antigo Curso de Arte Dramática mantido por aquela instituição. Glauce Rocha, mais do que uma atriz, foi um marco no teatro brasileiro dos anos 50 a 60. Atriz maravilhosa, sempre perfeita em todos os papéis, hoje pouco é lembrada. Entretanto, há 17 anos - desde o dia de sua morte, que foi cobrir para uma publicação da cidade de Campo Grande, o advogado e escritor José Octávio Guizzo, 50 anos, vem pesquisando a sua vida. O resultado são 350 páginas sobre a vida e a obra da atriz, num trabalho que, como diz o autor, "visa preservar a imagem de um dos maiores símbolos de um país sem memória". Mais do que brilhante advogado - formado pela Universidade Federal do Paraná há 25 anos e portanto com muitas ligações afetivas com Curitiba (aqui esteve no último fim-de-semana, participando dos festejos comemorativos às bodas de prata de sua turma de direito), José Octávio Guizzo - ou o "Mato Grosso" como era conhecido em seus tempos de estudante - sempre foi um pesquisador (ver box). Assim, sem qualquer ajuda oficial, desde o final de 1971, começou a reunir todas as informações sobre Glauce Rocha, fazendo mais de 150 entrevistas com todas as pessoas que com ela conviveram - artistas, jornalistas, diretores de teatro, dois de seus três ex-maridos (só falta uma entrevista com Milton Moraes, seu primeiro marido e com quem viveu apenas 6 meses), e, sobretudo, pesquisas em arquivos de jornais e revistas, catalogando tudo que se escreveu em relação a Glauce. São mais de 300 recortes, somados a centenas de fichas que possibilitaram a Guizzo desenvolver um livro, que dentro de uma técnica narrativa moderna, "não tem começo, meio, nem fim". Explica: - Não obedece uma ordem cronológica nem linear de narrativa. Ele foi feito em flashes. O primeiro deles começa justamente com o que me motivou a pesquisar a sua vida: a sua morte e o sepultamento em sua cidade natal, ao lado de sua mãe, que havia falecido nove meses antes. As pesquisas começaram em Campo Grande, com colegas, parentes e amigos de infância. Depois Guizzo começou a rastrear a vida de Glauce, buscando especialmente sua fase profissional no Rio de Janeiro. Um trabalho cuidadoso e meticuloso. Conta o autor: - Por exemplo, eu sabia que Glauce havia começado com uma peça infantil, no grupo "Os Fabulosos", do Conservatório Nacional de Teatro do Rio de Janeiro. Tinha o nome de um integrante da peça "Rainha de Mangangá" (1951), o Claudiano Filho. Mas não conseguia localizá-lo. Contratei então a atriz Ruth de Souza, que me informou que o Claudiano estava na Itália. Meio sem esperança, enviei uma carta para ele e, para grande surpresa a resposta veio e com informações a respeito de Glauce em seu início de carreira. Mário Lago lhe prestou uma informação, incompleta, sobre seu segundo trabalho no cinema, apenas como figurante, em 1952. Não lembrava o nome mas Guizzo conseguiu identificar a modesta produção: "Pecadora Imaculada". Antes havia participado de "Aviso aos Navegantes", de 1950, de Watson Macedo (1919-1981), mas sua carreira no cinema teria um destaque quatro anos depois, ao interpretar a namorada grávida do soldado vivido por Roberto Batalim em "Rio, 40 Graus", de Nelson Pereira do Santos - o filme precursor do Cinema Novo, que iria eclodir sete anos depois, e com um outro filme referencial: "Cinco Vezes Favela", produzido pelo CPC-UNE. No episódio dirigido por Leon Hirzman (1938-1987), "Pedreira de São Diogo" - com imagens eisensteineanas - Glauce tinha um papel de importância. Em 1962, no papel de uma prostituta, aparecia logo nas primeiras seqüências de "Os Cafajestes", de Ruy Guerra (Norma Benguel, Daniel Filho, Jece Valadão), outro filme-marco (1). Em 1968, fez "Terra em Transe", de Glauber Rocha. Seu último filme foi "Cassy Jones, O Magnífico Sedutor", de Luis Sérgio Person (1936-1976), que foi realizado poucas semanas antes de sua morte. Em outros filmes - mesmo os mais fracos - a presença de Glauce sempre foi vigorosa, um toque de classe e qualidade, com atuações sempre marcantes. Nota (1) O primeiro filme que Glauce fez e que a citou no créditos foi "Aventura no Rio", co-produção com o México, estrelado por Nino Sevilha. Depois faria "Rua sem Sol", de 53, de Alex Viany - com toques do cinema neo-realista - e que também pode ser citado como precursor do cinema novo. LEGENDA FOTO 1 - Uma expressão dramática, sofrida: ao lado de Cacilda Becker e Fernanda Montenegro, Glauce é reconhecida como uma das três maiores atrizes do teatro brasileiro. LEGENDA FOTO 2 - Do álbum de família: no dia do casamento em 1951, com o jovem ator Milton Moraes.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Nenhum
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25/12/1988
eu acho q finalmente ne que essa biografia saiu também tinha muita gente que estava a espera q isso ajuda muito também nos trabalhos de escola das pessoas... ao fazer uma biografia você ajuda muito as pessoas ficam sabendo dela aprendem mais...ficamos também sabendo dos segredinhos e curiosidades que agora temos oportunidade de saber varias coisas dos atores , atrizes, cantores, cantoras .... afinal ARTISTAS ne .. vou ficando por aqui um grande beijo pra todos
meu nome é glauce por causa dela.Meu pai é fã dela.Sempre tive orgulho do meu nome.Gostaria de saber mais sobre a vida dela.

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