É, Gonzaguinha, a gente quer viver com respeito
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 01 de maio de 1991
"É a gente quer viver pleno direito
a gente quer viver todo respeito
a gente quer viver uma nação
a gente quer ser um cidadão"
("É", 1988)
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Coração sangrando, chorando e emocionado ao saber, na manhã de segunda-feira, 29, da morte do amigo Luiz Gonzaga Júnior - com quem estivera ainda na madrugada de sábado, o compositor Roberto Nascimento, 50 anos, carioca residindo há seis meses em Curitiba, deu o seu testemunho de dor e saudade da forma com que sua sensibilidade e talento lhe permite: criando, instantaneamente, uma música para o amigo que nos deixou, a partir de seu próprio hino de resistência, a antológica "'É", uma das melhores canções surgidas há três anos passados, incluído no lp "Corações Marginais"(Moleque/WEA, agosto/88)
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É
Cada um tem que seguir a sua
sina
Você foi se encontrar com a Dona Dina(*)
Na dança-vida se foi outro véu
É
Passaram a mão na gente direitinho
E a gente ficou sem seu carinho
A gente ficou sem ter você
Como panaca, a gente é babaca
É
A vida passa e a gente na janela
A gente esperando um golpe dela
Te já moleque que foi lá do morro
de São Carlos
É hoje está no Céu
É você agora está lá na lonjura
Melhor que aqui, que a vida é muito dura
Um dia a gente vai pro beleléu
É
Você que nos deixou muitos conselhos
O mundo é um moinho, é um espelho
Cartola te espera lá no Céu
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Nota - Dona Dina, esposa do violonista Xavier Pinheiro, padrinho de Gonzaguinha, residindo no morro de São Carlos, Rio de Janeiro, era por ele considerada sua mãe - pois viveu sua infância e juventude com o casal.
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