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Aramis

Gralha Azul, aquele que planta canções

Procissão dos navegantes do Rio Paraná Porto Rico, São José as águas vão contar que o povo espera que a miséria parta e o rio sempre a lhes doar peixe bom pra seus sustento esperança de alimento que não vai faltar Eles cantam juntos já nove anos. A idade varia entre os 25/45 anos e a identificação é o entusiasmo pela música. Alguns são funcionários do Banco do Brasil, outros trabalham no comércio e serviços públicos em Paranavaí. Formam o grupo Gralha Azul, paranistas como a própria ave-símbolo de nosso Estado. Em seus shows, participando em festivais de MPB e, principalmente nos três elepês que gravaram até agora - todos produções independentes "Vendidos de mão-em-mão para recuperar o investimento", como diz Valésio Willemann, 33 anos, violonista e vocalista responsável pelas finanças do grupo, o Gralha Azul procura falar das coisas do Paraná. O mundo vai acabar ano que vem Eu vou, eu vou/eu vou no Paraná buscar o meu bem Bichos do Paraná, identificados temática e geograficamente ao Estado, o Gralha Azul é um grupo afinado, harmonioso e que já mereceria ter um apoio maior. Até hoje, o grupo só fez três anônimas apresentações em Curitiba (1982, na CEU; em 1983, nas comemorações dos cem anos do Guaíra, entre dezenas de outros artistas e, há dois anos um show no Alto do São Francisco). Pelo repertório que reuniram, seriedade musical que apresentam, estão merecendo uma temporada oficial, com toda promoção, no auditório Salvador de Ferrante. Ou no Paiol, se o teatro municipal não tivesse sido totalmente abandonado pela Fundação Cultural. O primeiro disco do Gralha Azul foi gravado na Audisom há cinco anos e praticamente vendido somente em Paranavaí e arredores. O segundo - "Pitanga Madura", já foi gravado no Sir, com a direção artística do maestro Gaya, técnica de Carlos de Freitas e uma bonita capa de Borsalli. Nele, Julio Granato (40 anos, teclado), Mauro de Vitro (34, contrabaixo), Evaldo Burkot (36, craviola e cavaquinho), Genivaldo Nascimento (26, bateria e percussão), Valésio Willemann (violão e voz), Dorival Torrente (28, voz e percussão) e Paulo Batista (24, cavaquinho) trouxeram um repertório dos mais paranistas, falando em flora e fauna, louvando Vila Velha ("é nau do tempo / é natureza calma / é fera esfinge / é lenda / é oração aos deuses"). Sempre composições próprias. Agora, gravado já em São Paulo - no estúdio Dimensão 5 - e com parte da edição distribuída pela Ouro Verde, de Londrina - o Gralha Azul tem um terceiro lp ("Clareira Maior"), na qual se mantém fiéis a linhagem paranista - mas também falando de temas do momento, como o Halley ("lindo cometa / quadro do infinito / na sua cauda / eu quero navegar"), retomando estórias de fantasmas ("A Velha Casa Assombrada"), falando de "Tropeiro Apaixonado", Andorinhas e terminando com uma ecológica canção - o "Verde-Coração", homenageando Garcia Lorca e terminando por dizer que Vai coração cansado/Vai não pode entender Verde quem não quer o verde Nos sonhos há de morrer Como a Gralha Azul planta(va) o Pinheiro, os rapazes do grupo Gralha Azul fazem nascer canções. Música paranaense da melhor qualidade, desenvolvida meio anonimamente e que merece ser mais conhecida. Quem quizer conseguir seus discos deve dirigir-se a Valésio Willemann, caixa postal 211, Paranavaí - Pr.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Nenhum
8
01/06/1986

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