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"Gralha Azul" canta terça no Guairinha

Terça-feira, 20, o último lançamento de 1988 patrocinado pela Secretaria da Cultura: com um show em que participarão vários artistas paranaenses, liderados por Alecir de Antonina, estará sendo apresentada a reedição do lp "Gralha Azul - Folclore Paranaense". (Teatro Guaíra, 19h, entrada gratuita). xxx Entre as pessoas que serão homenageadas na ocasião, um destaque maior: Inami Custódio Pinto, 58 anos, professor, folclorista, pesquisador, compositor e que, há 23 anos, idealizou e produziu o álbum que agora a Secretaria da Cultura reedita. Na época, Inami - então profissionalmente escrivão da delegacia de polícia de Rio Branco do Sul, mas que por sua sensibilidade artística já vinha atuando também na área musical-fonográfica, e com apoio de seu amigo Nazareno de Brito (1922-1982) havia produzido, junto com a Chantecler, compactos com o acordeonista João Perussolo, o cantor Paulo Roberto, Robson Gil (de Londrina) e elepês com o quarteto vocal Calouros do Ritmo e "Os Versatis", reunindo a atriz Odelair Rodrigues e o autor-diretor Ary Fontoura, então popular em Curitiba pelo personagem "Dr. Pomposo Ribeiro" que apresentava num programa ao vivo, na TV-Paraná/Canal 6. xxx Estudioso de folclore, Inami mereceu o apoio do professor Fernando Correia Azevedo (1913-1975), que desde a fundação (1948) dirigia a Escola de Música e Belas Artes do Paraná, que lhe cedeu precioso material recolhido durante os anos 50 no Litoral paranaense. Com auxílio de outra apaixonada pela nossa cultura popular a professora Roselys Velloso Roderjan - merecedora também de homenagem na terça-feira - Inami gerenciou o projeto de produção do álbum "Gralha Azul", apoiado pelo então diretor artístico da Chantecler, Braz Baccarim. A cantora goiana Ely Camargo, 58 anos - na época fazendo a série "Canções da Minha Terra", animou-se em gravar os temas do folclore aos quais Inami acrescentou duas composições, ambas inspiradas também em motivos folclóricos: "Barreado" e "Gralha Azul". O húngaro George Kaszás, 73 anos, que desde 1939 residia no Brasil (e que havia morado em Curitiba, professor da EMBAP), fez os arranjos e, com a participação do grupo Titulares do Ritmo em algumas faixas, resultou num dos melhores discos folclóricos já produzidos no Brasil. A primeira edição, em parte financiada pelo Governo Paulo Pimentel, Chantecler relançou o disco, numa linha econômica. Agora, reeditado pela Secretaria da Cultura, numa tiragem de 2 mil exemplares, os didáticos textos da edição original foram recuperados e ampliados, com o máximo de informações possíveis sobre os temas folclóricos, sua importância cultural, mini-biografias dos artistas e realizadores do álbum etc. xxx Quando idealizou o álbum "Gralha Azul", o produtor Inami Custódio Pinto já o fez como uma forma de alcançar o maior número possível de pessoas - e não apenas um grupo de iniciados e estudiosos do folclore. Portanto, este posicionamento ficou claro em 1965 - e é repetido agora. "Gralha Azul", o disco, foi uma forma de divulgar ritmos e temas do folclore como Fandango - característico do Litoral Sul - cirandas, boi-de-mamão, entre outros. O professor Rossini Tavares de Lima (1915-1987), nome dos mais respeitados nos estudos do folclore, num dos textos que ocupava seis páginas do encarte na edição original, frisava que ao apoiar o projeto "Gralha Azul", a Chantecler prosseguia no seu intento de "oferecer ao grande público, na programação de aproveitamento do material folclórico e nas possibilidades de disco comercial, o que existe de mais expressivo no domínio da música espontânea e aceita pelas diferentes coletividades brasileiras". xxx Mesmo antes de ter seu lançamento oficial, os pedidos para esta reedição de "Gralha Azul" vêm se acumulando no gabinete de Sale Wolokita, coordenador de ação cultural e executor do projeto. O álbum, além de novo tratamento gráfico - com capa criada por Jair Mendes - foi também revalorizado pelo reprocessamento e remixagem da fita original, num trabalho primoroso do mais competente produtor fonográfico de nossa MPB de raízes, o incansável Pelão (João Carlos Botezelli), que, pela sua dedicação e entusiasmo neste projeto, também merecerá homenagem especial na terça-feira.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
17/12/1988

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