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Aramis

Gramado sem vídeo

Pouco a pouco, a partir de 1984, o vídeo começou a dar sinais de sua presença em Gramado, no mais importante Festival do Cinema Brasileiro. Afinal, com o boom desta nova forma de indústria cultural, é claro que os festivais de cinema não poderiam ser ignorados pelos primeiros a se lançarem num mercado ainda sem regras definidas - mas com imensas potencialidades comerciais (e verniz cultural). Em 1986, Cyro Del Nero, que esteve em Gramado como inenógrafo de "A Marvada Carne", de André Klotzel - o grande premiado daquele ano (14 premiações) ligou suas antenas de executivo na área de organização de feiras, inclusive algumas internacionais, e sentiu que o vídeo comportava um espaço específico. Logo que retornou a São Paulo anunciou o I Vídeo Trade Show, que aconteceu já quatro meses com o maior sucesso comercial - e já está em escalada para a segunda edição, em 1989, num espaço maior. Para evitar o congestionamento do Centro de Convenções Serrano, em Gramado, com os standes de distribuidoras, editoras que vêm publicando revistas e guias, fabricantes de produtos etc., a comissão do Festival de Gramado decidiu que a área de vídeo deveria ocupar um pavilhão da prefeitura - belo edifício, em estilo bávaro, no centro da cidade. Tudo acertado, aconteceu a surpresa: o interesse dos expositores, que anteriormente crescia a proporção que faltavam espaços mais amplos, foi se reduzindo e, no final, apenas alguns fabricantes de aparelhos de vídeos e 4 ou 5 distribuidores haviam assinado contratos. Como a promoção do vídeo nunca foi filosofia dos organizadores do Festival de Gramado - ao contrário, temiam mesmo que o seu gigantismo pudesse vir a prejudicar o produto principal, o filme, o bom senso prevaleceu e, três dias antes da abertura - 19 de junho, o I Vídeo Trade Show de Gramado, coordenado pelo próprio Cyro Del Nero, foi cancelado, dentro de um gentlemen's agreement que não provocou fissuras. Ao contrário, a programação de quase 80 filmes em competição, nas três bitolas (super 8, 16 e 35mm), a excelente organização do evento e a sua consagração como hoje o grande festival do cinema brasileiro, complementam, sem a necessidade do vídeo, a festa de imagens. Rubens Ewald Filho, crítico de cinema e informadíssimo na área do vídeo, autor de uma dezena de guias, comentava: "Foi até bom, pois assim a correria na cobertura é menor". O jornalista Luciano Ramos, editor do "Guia de Vídeos", da editora Azul, lançando já a 2a. edição do primeiro guia (a primeira aconteceu no Vídeo Trade Show, em São Paulo), aproveitou para anunciar as novidades nesta publicação regular - e sobre a qual falaremos, com detalhes, na próxima semana.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Nenhum
8
30/06/1988

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