Gramado terá 72 curtas e médias mas o Paraná estará sem competir
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 27 de junho de 1992
Encerradas as inscrições para filmes brasileiros, curtas e médias-metragens, que participarão da seleção para o XX Festival de Gramado (15 a 22 de agosto) confirmam-se uma triste realidade, sobre a qual temos denunciado, inutilmente, em nossos espaços: a inexpressividade da produção cinematográfica no Paraná, entre outras razões pela falta de uma política séria, sem ser paternalismo mas que com objetividade poderia ser desenvolvida. Apesar dos esforços que a secretária Gilda Poli, da Cultura, vem fazendo para sensibilizar o governador Roberto Requião para ampliar à área áudio-visual o mesmo (ou parte) do auxílio que o Programa de Incentivo a Produção Artística trouxe para o teatro, só para 1993, há possibilidades de um programa efetivo. A Prefeitura de Curitiba, apesar dos desperdícios na área cultural - especialmente no setor de cinema e a existência de uma lei (originária de projeto de ex-vereador José Maria Corrêa, ainda na saudosa e eficiente gestão de Requião) continua a ser um caso digno de merecer, na futura administração (caso a oposição vença) no mínimo uma comissão de inquérito.
Assim, o Paraná brilhará pela ausência em Gramado. A única relação de um cineasta nascido no Paraná, Eduardo Paredes - irmão caçula de Berenice Mendes, também cineasta, deve-se exclusivamente a ajuda do governo de Santa Catarina. Seu curta de fundo histórico, que teve produção de Lu Rufalco e fotografia de Cido Marques da Cinemateca do Museu Guido Viaro (em cuja paleolítica moviola, houve a pré-montagem, finalizada pelo curitibano Mauro Alice em São Paulo), "Memórias do Desterro", com Gracindo Jr; e o paranaense Luís Mello, na cabeça do elenco, foi pré-selecionado. Com bonita fotografia - a julgar pelo compião, um roteiro sério, teve um produção demorada, que se estendeu por quase três anos - e que só foi concluído porque em Santa Catarina, felizmente, se desenvolve um programa mínimo de estímulo a produção áudio-visual. Nos últimos anos, jovens realizadores Barriga-verdes tem mostrado em festivais os seus curtas, alguns dos quais, aliás, com bastante atraso, finalmente a Cinemateca do Museu Guido Viaro, animou-se a exibir na Sala Arnaldo Fontana na semana passada.
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